Terra Santa

Após renúncia, Patriarca de Jerusalém encoraja novo administrador

“Ao novo Administrador gostaria de lhe dizer que é preciso ter sempre a coragem de falar, de dizer a verdade, nem mais, nem menos”.

André Cunha
Da redação, com Patriarcado Latino de Jerusalém

Após o Papa Francisco ter aceitado sua renúncia em 24 de junho de 2016, o Patriarca Latino de Jerusalém, Dom Fouad Twal, afirmou que, embora tenha terminado sua missão como patriarca, continua sua missão como padre, cidadão e amigo.

Monsenhor-Fouad-Twal

Monsenhor Fouad Twal / Foto: Arquivo

Revelou que sentiu-se só muitas vezes, tendo que tomar decisões sozinho, apesar “tanta gente” à volta. “Às vezes percebemos que temos menos amigos do que pensávamos, ou passar do papel de ator principal ao de espectador que olha os acontecimentos sem poder nem fazer a história. Será este, daqui em diante o meu papel, agora que me retiro”, disse. Dom Twal atingiu a idade limite de 75 anos em outubro do ano passado.

Novo administrador

Para o patriarca, o novo administrador apostólico nomeado pelo Papa, padre Pierbattista Pizzaballa conhece bem todos os desafios e problemas da Igreja da Terra Santa. Ele destacou que entre as vantagens de padre Pizzaballa estão as experiências de 12 anos como Custódio da Terra Santa e o serviço como Vigário do Patriarca Latina na comunidade cristã de expressão hebraica.

“A estas vantagens junta-se, no entanto, o problema da língua árabe da mentalidade oriental e de toda a atividade pastoral. Compreendo assim a sua preocupação e a de alguns religiosos franciscanos. Estamos todos cheios e boa vontade para o ajudarmos nesta tarefa”, afirmou.

A força do novo administrador, segundo Dom Fouad, será a de ganhar a total confiança dos padres, de começar a reforma com convicção e sem hesitações, “lembrando-se sempre que o papel de administrador nem sempre rima com popularidade”. “Será preciso também manter este frágil equilíbrio entre as relações com as autoridades israelitas, palestinas e jordanas”.

O patriarca destacou ainda a pouca atenção que o mundo deu aos massacres na Terra Santa, mantendo o olhar somente na Síria e no Iraque. Lembrou os que foram mortos, massacrados, mas que só obtiveram um visto para voltarem para casa do Pai Eterno.

Nesse sentido, disse ao novo administrador que é preciso ter sempre a coragem de falar, de dizer a verdade, nem mais, nem menos. “São numerosos os que prefeririam o nosso silêncio, pois o nosso discurso incomoda. É preciso falar com prudência e respeito, mas falar…”.

Por fim, Dom Fouad disse que, após sua renúncia, se coloca à inteira disposição dos  bispos e padres para os ajudar, na atividade pastoral. “Gostaria também de estar junto das famílias e dos fiéis. Viajarei seguramente menos para o estrangeiro onde habitualmente participava em muitas conferência”, finalizou. 

 

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