Três dias após violento terremoto, país soma aproximadamente 1.400 mortos e mais de 6 mil feridos
Vatican News
O governo do Haiti, que declarou estado de emergência por um mês, emitiu na noite desta segunda-feira, 16, um “alerta amarelo” para a iminente passagem do Tufão Grace. O alerta aconteceu após três dias da passagem do violento terremoto de 7,2 graus na escala Richter que, na manhã de sábado, 14, causou pânico, especialmente no sudoeste do país. Já são aproximadamente 1.400 mortos, mais de 6.000 feridos e um número desconhecido de pessoas desaparecidas. Os números deste ano estão atingindo os números do terremoto de onze anos atrás.
Ainda está viva a oração coral e depois o apelo de domingo do Papa, que se uniu à Igreja em todo o continente para pedir solidariedade e compromisso em todos os níveis para “aliviar as consequências desta tragédia”. Por isso, a Cáritas Internacional está iniciando uma enorme campanha de captação de recursos, com um fundo de 50.000 euros, que pode ser acessado em www.caritas.org/donate-now/haiti-earthquake-2021/: alimentos, água, barracas, kits de higiene e primeiros socorros são necessários. A situação no país é “caótica, a extensão do desastre ainda não é previsível”.
Apelo do Papa Francisco
Neste domingo, 15, o Papa afirmou após a oração do Angelus: “Eu gostaria de expressar minha proximidade àquelas queridas populações que foram duramente atingidas pelo terremoto. Ao elevar minhas orações ao Senhor pelas vítimas, dirijo minha palavra de encorajamento aos sobreviventes, fazendo votos de que se mova na direção deles o interesse partícipe da comunidade internacional: a solidariedade de todos pode aliviar as consequências da tragédia. Rezemos juntos a Nossa Senhora pelo Haiti: Ave Maria…”.
Ajuda chega sob ameaça de quadrilhas armadas
A solidariedade começa a se manifestar com a chegada dos primeiros aviões com ajuda humanitária na capital Port-au-Prince. A transferência para a população, no entanto, está se mostrando mais difícil do que o esperado, devido à ação de quadrilhas armadas que controlam a passagem ao longo da única estrada estatal em Martissant.
O Unicef, que está na linha de frente, também está ciente do problema. Em uma declaração delineando a dramática situação no Haiti, a diretora geral Henrietta Fore disse que o UNICEF está fazendo o máximo para ajudar as crianças e as famílias. Kits médicos para apoiar 30.000 pessoas já foram entregues a Les Cayes, com mais ajuda em saúde, água e saneamento que estão chegando. Vamos continuar”, disse ela, “a priorizar a recuperação dos serviços essenciais – incluindo água e saneamento, saúde, nutrição e abrigo – para a população afetada”.
“Entretanto, a insegurança relacionada à violência das gangues na estrada principal que liga a capital ao sudoeste e ao seu redor pode minar a resposta geral. Exortamos os grupos armados nestas áreas a proporcionar acesso irrestrito para que as organizações humanitárias ofereçam aos sobreviventes, com segurança, apoio e serviços que salvam vidas em tempo hábil”, disse Fore.
O terremoto e a tempestade: pessoas aterrorizadas
Enquanto isso, as pessoas estão cavando dia e noite em busca de sobreviventes. Uma tarefa perigosa e delicada porque os tremores secundários continuam se repetindo.
Ainda há uma corrida contra o tempo, com a iminente passagem do Tufão Grace. Ele foi rebaixado para uma tempestade tropical e atualmente está em trânsito sobre Porto Rico. Sua passagem sobre as províncias do norte do Haiti, de acordo com o último boletim dos EUA, ocorrerá no final desta terça-feira, 17. O medo é de rios transbordando, enchentes e deslizamentos de terra.
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As condições no Haiti já são frágeis deste ponto de vista. Padre Massimo Miraglio, um camiliano da região italiana de Cuneo que está em Jeremie há 17 anos, falou sobre isso com Vatican News. Ele e seus irmãos estão envolvidos na construção de um hospital. O local pretende ser um ponto de referência importante na região duramente atingida pelo terremoto.
O terremoto, explica ele, “nos pegou de surpresa e nós não estávamos prontos. As pessoas aqui estão acostumadas a lidar com furacões e enchentes, por isso reagiram com muito pânico”. Segundo o padre, o maior problema está na parte baixa e histórica da cidade. Ela entrou em colapso, especialmente a área montanhosa ao redor de Jeremie.
As pessoas nas montanhas não têm mais nada
“Avisaram-me”, disse Padre Massimo, “que as casas nas montanhas, que já eram precárias, desabaram, deixando muitos feridos e mortos”. A tragédia aconteceu em lugares onde não há acesso aos centros de saúde. Eles carecem de qualquer tipo de material para permitir o resgate. Além disso, o terremoto gerou deslizamentos de terra que derrubaram casas.
A causa, explica ele, é o desmatamento descontrolado. “A situação geral é frágil e a vida das pessoas ainda é precária por causa da pobreza”. O sacerdote sublinhou os danos ambientais devido originados do desmatamento ligado à busca de carvão. As já difíceis vias de comunicação foram ainda mais danificadas pelas avalanches e pelo terremoto. “Temos muitas áreas que estão totalmente isoladas”.
Ajuda imediata necessária
Os poucos hospitais nas regiões afetadas estão lutando para fornecer cuidados de emergência. As salas de emergência estão saturadas e já carecem de muito material. É por isso que padre Massimo lançou um apelo:
“São necessários medicamentos e sobretudo material de primeiros socorros, gaze, curativos e desinfetantes. Deve-se lembrar que este país muito pobre é afligido pela pandemia que criou o caos nas estruturas hospitalares com cerca de 20.000 casos de contágio. Esta catástrofe”, concluiu padre Massimo, “tornará ainda mais incontrolável o afluxo de pessoas doentes, que aqui chegam de toda a província”. Basta pensar que na área de Jeremie existe apenas um hospital para 800.000 pessoas.