Em relatório, Comissão Episcopal Justiça e Paz faz apelo por ajuda a crianças marginalizadas
Da redação, com Vatican News
Crianças que sofrem o “abandono, a aflição emocional, a discriminação, o estigma e o isolamento social”. É o drama das crianças na África do Sul que são forçadas a tornarem-se “chefes de família” ou porque são órfãs ou porque deixadas sozinhas por ambos os pais ou porque são filhos de mães-solteiras. É o que afirma nas suas 18 páginas, o Relatório da Comissão dos Bispos Justiça e Paz (Jpc) da Igreja Católica da África do Sul.
“O nosso pai só volta para casa no Natal. Ele compra-nos comida suficiente para duas semanas, depois deixa-nos novamente. E morremos de fome durante o resto do ano”, é um dos testemunhos.
Marginalizados pela sociedade, que não os consideram “produtivos”, estes menores – continua o documento -, são frequentemente “depredados pelos seus próprios familiares que, após a morte dos seus pais, lhes tirem a herança”.
A Comissão Justiça e Paz salienta como as crianças chefe de família apresentam “sintomas de autocomiseração e baixa autoestima, tanto que estão convencidas de que merecem a indiferença da sociedade”.
Resposta da sociedade
Por esta razão, a Igreja sul-africana propõe o lançamento de programas especiais, em colaboração com o governo e as organizações da sociedade civil, a fim de atuar uma verdadeira “regeneração moral que estimulará novamente o sentido de responsabilidade da sociedade e a vontade das famílias alargadas de cuidar dos filhos dos seus familiares falecidos ou ausentes”.
“É necessário evitar a existência de famílias lideradas por crianças – reafirma a Comissão -, porque as crianças devem crescer em famílias normais”. Ao mesmo tempo, os bispos sul-africanos pedem para promover e reforçar a proteção dos menores contra a exploração sexual, o que, nestes casos, constitui um risco real. Por fim, há o apelo a “serviços de qualidade para a cura de dores e traumas sofridos por crianças que ficaram órfãs ou particularmente vulneráveis”.