Sínodo da África

África é pulmão espiritual para a humanidade, diz Papa

O Papa Bento XVI presidiu hoje, 4, à celebração de abertura do II Sínodo especial para a África.

Na homilia proferida durante a Missa, na Basílica de São Pedro, o Papa falou da África como um "imenso pulmão espiritual para toda a humanidade", mas alertou para as "patologias" que o ameaçam, o materialismo e o fundamentalismo religioso.

"A África representa um imenso pulmão espiritual para uma humanidade que parece estar em crise de fé e de esperança. Mas também este pulmão pode adoecer. E neste momento há pelo menos duas patologias que o afetam, uma doença já difusa no mundo ocidental, isto é, o materialismo prático, combinado com o pensamento relativista e niilista", apontou.

Bento XVI considerou "indiscutível o fato de o chamado primeiro mundo ter exportado, e continuar a exportar resíduos tóxicos espirituais, que contagiam as populações de outros continentes, em especial as populações africanas".

"Neste sentido, o colonialismo, terminado no plano político, nunca se concluiu completamente. Mas, precisamente nesta perspectiva, há que assinalar um outro vírus que poderia atingir também a África, ou seja, o fundamentalismo religioso, misturado com interesses políticos e económicos".

O Papa alertou ainda para a difusão de "grupos ligados a diferentes pertenças religiosas" que se baseiam na "intolerância e a violência".

A II Assembleia especial do Sínodo dos Bispos para África acontece 15 anos depois da primeira, convocada por João Paulo II. O encontro vai até o próximo dia 25 e debaterá o tema "A Igreja na África ao serviço da reconciliação, da justiça e da paz. Vós sois o sal da terra. Vós sois a luz do mundo".

Bento XVI destacou os esforços da Igreja Católica na "evangelização e promoção humana" das populações africanas, assegurando que pode dar "um grande contributo a toda a sociedade", promovendo a reconciliação entre grupos étnicos, linguísticos e religiosos. O Papa falou de vários dramas que atinges diversos países em África, como a "“pobreza, injustiças, violência e guerras".

"Quando se fala de tesouros da África, pensa-se logo nos recursos de que é rico este território e que infelizmente se tornaram e continuam a ser motivo de exploração, de conflitos e de corrupção. Ora, a Palavra de Deus faz-nos encarar um outro património: o património espiritual e cultural, de que a humanidade tem necessidade, ainda mais do que das matérias-primas", destacou.

Neste contexto, Bento XVI afirmou que "o reconhecimento do domínio absoluto de Deus é sem dúvida um dos traços salientes e unificadores da cultura africana. Naturalmente, na África existem múltiplas e diferentes culturas, mas parecem concordar todas neste ponto: Deus é Criador e fonte da vida".

Para concluir o Papa deixou, votos de que a Igreja em África possa "ser sempre uma família de autênticos discípulos de Cristo, onde a diferença entre etnias se torne motivo e estímulo para um recíproco enriquecimento humano e espiritual".

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