A gratuidade no despacho de bagagens, aprovada na Câmara dos Deputados e que agora segue para análise no Senado, gerou reação das companhias aéreas, que alegam: a medida pode elevar o preço das passagens.
Reportagem de Francisco Coelho e Alberes Cruz
A Associação Brasileira das Empresas Aéreas, ABEAR, criticou o projeto de lei das bagagens aprovado na Câmara dos Deputados. Para a entidade, a mudança limita o poder de atuação das empresas, impede a competitividade e limita as faixas de tarifas.
O presidente da ABEAR afirma que a alteração vai elevar os preços das passagens e elitizar o setor. “Só se vende passagem no Brasil e para o Brasil se tiver todos os produtos agregados. Qual a consequência básica? Ruim pro consumidor que tem menos opção e imediatamente ruim pra competição também”, declarou o presidente da ABEAR, Juliano Noman.
No primeiro trimestre do ano, as empresas aéreas arrecadaram cerca de 18 bilhões de reais. A venda de passagens representa 88% das receitas e a cobrança por bagagens 1,7%. Os dados são da Agência Nacional de Aviação Civil, a ANAC. Apesar dos números, o setor enfrenta uma crise financeira com o encerramento de rotas e a abertura de processos de recuperação judicial.
Por reivindicação do setor, a cobrança pelo despacho de bagagens foi autorizada pela ANAC em 2017. A contrapartida das empresas era a redução das passagens, mas em 8 anos o valor sofreu um aumento superior a 75%. “Eu prefiro a passagem mais barata”, disse a cidadã. “A bagagem faz parte. Ninguém vai viajar sem bagagem”, falou o passageiro.
A gratuidade nas passagens voltou ao debate após empresas aéreas anunciarem a criação da tarifa básica, sem direito à bagagem de mão em voos internacionais. O texto aprovado, que ainda será votado no Senado, assegura o transporte gratuito de uma mala de mão de até 12 kg, um item pessoal, o despacho de bagagens de até 13 kg e a escolha sem cobrança do assento.