Israel disse nesta quinta-feira, 28, que um acordo de união palestino sabotaria as perspectivas de paz e seria um resultado do pânico do Hamas e do presidente Mahmoud Abbas pelas revoltas populares na Síria e no Egito.
A reconciliação surpresa entre o grupo islâmico que controla a Faixa de Gaza, o Fatah, de Abbas, que tem um controle limitado da Cisjordânia, apresentou um novo desafio para Israel, no momento em que o país prepara uma ofensiva diplomática contra uma campanha palestina para ganhar o reconhecimento da ONU de seu Estado, em setembro.
"O acordo entre o Fatah e a organização terrorista Hamas é um erro fatal que irá impedir o estabelecimento de um Estado palestino e sabotar as chances de paz e estabilidade na região", disse o presidente israelense, Shimon Peres.
Peres, um estadista respeitado, disse em nota que temia que o Hamas acabaria por assumir a Cisjordânia após as eleições palestinas previstas pelo acordo de reconciliação e que a influência do Hamas, um aliado do Irã, aumentaria.
As negociações de paz entre Israel e o governo de Abbas foram retomadas em setembro, em Washington, mas rapidamente se dissiparam depois que o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, se recusou a prorrogar a interrupção parcial de construção de assentamentos judaicos na Cisjordânia ocupada.
Falando publicamente pela primeira vez desde que o pacto de reconciliação foi revelado na quarta-feira, Abbas indicou que as negociações com Israel ainda seriam possíveis durante a vigência de um novo governo interino formado no âmbito do acordo.
Ele disse que a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), que ele dirige e que não inclui o Hamas, ainda seria responsável por "cuidar da política e das negociações".
Mas Abbas disse que a unidade palestina é essencial.
"Desgoste, concorde ou discorde (com o Hamas) – eles são o nosso povo. Você, Netanyahu, é o nosso parceiro", afirmou Abbas, falando em inglês a um grupo de pacifistas israelenses.
Os líderes israelenses disseram que não podem conversar com o Hamas, que rejeitou os pedidos do Ocidente para renunciar à violência, reconhecer Israel e aceitar os acordos de paz interinos.
"Este acordo (de reconciliação) deriva do pânico – um pânico enorme", disse à Rádio do Exército o chanceler Avigdor Lieberman.
A mesma posição foi defendida pelo ministro da Defesa, Ehud Barak, em outra entrevista.
"(O líder do Hamas) Khaled Meshaal, sentado em Damasco, vê seu patrão, o presidente (Bashar) al-Assad atirando em mesquita, tanques disparando deliberadamente (em civis), e entende que o chão está queimando embaixo dele", disse Barak, numa referência à repressão contra manifestações pró-democracia na Síria.