Bento XVI

Aberto ao diálogo, Papa escreve ao Patriarca Ortodoxo russo

Bento XVI escreveu uma carta a Alexis II, Patriarca Ortodoxo de Moscovo, acompanhada por um presente pessoal. A revelação foi feita esta manhã pela sala de imprensa da Santa Sé, em comunicado oficial.

A missiva, uma "mensagem cordial", foi entregue pelo Cardeal Roger Etchegaray, que ao longo dos últimos anos tem sido o homem das "missões difíceis" dos Papas. O presidente emérito do Conselho Pontifício Justiça e Paz esteve na Rússia para assinalar o 10.º aniversário da consagração da Catedral católica da Transfiguração, em Novosibirsk.

Na sua passagem por Moscovo, o Cardeal Etchegaray encontrou com Alexis II, "num clima fraterno". Segundo a Santa Sé, o Patriarca russo "agradeceu particularmente o gesto do Papa e assegurou uma resposta pessoal, por escrito, aos votos do Pontífice".

Ao contrário do que acontecia com João Paulo II, o Patriarca Ortodoxo de Moscovo não coloca completamente de parte uma possível visita de Bento XVI à Rússia, desde que os problemas existentes sejam resolvidos. Entre eles, o que tem maior destaque é o alegado proselitismo da Igreja Católica em territórios da antiga URSS, para além do uniatismo (termo com o qual os ortodoxos se referem aos cristãos de países de tradição ortodoxa em união com o Papa).

Apesar dos avanços verificados desde a eleição papal de Bento XVI, o acordo sobre estas matérias não se afigura fácil, dado que o Vaticano nega qualquer intenção proselitista e defende o direito de cada pessoa a tomar a sua própria decisão confessional. O mais provável é que o encontro entre os dois líderes cristãos tenha lugar num terreno "neutro".

Uma das hipóteses aventadas para 2007 foi deixada de lado, quando Bento XVI decidiu não inaugurar os trabalhos da próxima reunião da Comissão mista internacional para o diálogo teológico católico-ortodoxo, na localidade italiana de Ravenna.

Apesar da importância que poderia ter uma plataforma de entendimento com a Rússia, parece claro que o Papa já identificou qual o principal tema em que se deve concentrar o diálogo católico-ortodoxo: a questão da autoridade da Igreja, sobretudo o que diz respeito ao papel do próprio Bispo de Roma na comunidade eclesial universal, tendo consciência da tradição de sinodalidade nas Igrejas Ortodoxas.

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