Bento XVI

A vida humana e seus valores devem ser objetivos da economia

O lucro não pode ser o critério exclusivo a nortear as escolhas de uma empresa: foi a advertência de Bento XVI que, na audiência que concedeu, esta manhã, aos jovens empresários da Confindustria (Confederação da Indústria italiana, ndr), ressaltou que a dignidade dos trabalhadores é o patrimônio mais precioso de uma empresa.

Em sua saudação ao pontífice, o presidente do organismo de empresários italianos, Matteo Colaninno, assegurou o compromisso dos jovens empresários de "realizar os princípios de responsabilidade social da empresa".

"O nível de bem-estar social de que goza a Itália hoje, não seria pensável sem a contribuição dos empresários" _ reconheceu Bento XVI que, encontrando os jovens empresários da Confindustria, reiterou que "toda empresa deve ser considerada, em primeiro lugar, um conjunto de pessoas a serem respeitadas em seus direitos e em sua dignidade".

O Papa convidou o mundo empresarial italiano a enfatizar a "centralidade do homem no campo da economia". "É indispensável que a referência última de toda tentativa econômica seja o bem comum e a satisfação das legítimas aspirações do ser humano. Em outros termos, a vida humana e seus valores devem ser sempre, o princípio e o fim da economia."

Bento XVI se deteve, a seguir, sobre o papel do lucro nas empresas: "O magistério social da Igreja _ recordou _ reconhece sua importância, ressaltando, ao mesmo tempo, a necessidade de tutelar a dignidade das pessoas" envolvidas nas empresas.

Também nos momentos de maior crise _ advertiu o Santo Padre _ "o critério que governa as escolhas de empreendimento não pode ser a mera promoção de maior lucro".

"Nas grandes decisões estratégicas e financeiras, de compra ou de venda, de redimensionamento ou de fechamento de instalações, e na política das fusões não se pode limitar exclusivamente a critérios de natureza financeira ou comercial. É necessário que a atividade do trabalho torne a ser o âmbito no qual o homem possa realizar suas potencialidades, usufruindo a capacidade e talento pessoal; e depende em grande parte dos senhores, empresários, criar condições mais favoráveis para que isso ocorra."

Concluindo seu discurso, Bento XVI não deixou de refletir sobre o fenômeno da globalização. Fenômeno _ afirmou _ que, se de um lado alimenta a esperança de uma mais geral participação ao desenvolvimento, de outro, "apresenta diversos riscos ligados às novas dimensões das relações comerciais e financeiras, que seguem na direção de um incremento do abismo entre a riqueza econômica de poucos e o crescimento da pobreza de muitos".

O pontífice renovou o apelo _ já lançado por João Paulo II _ a fim de que seja assegurada uma "globalização na solidariedade" e "sem marginalização". (RL)

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