Não o é nem mesmo o nosso planeta, sobre o qual desde o tempo de Adão e Eva transcorre a existência do gênero humano, enquanto a história geológica atesta que, no lugar dos atuais desertos e altas montanhas, já correram as águas do oceano, e mesmo os pólos magnéticos da Terra mudam periodicamente de local. Também não o são as leis da natureza, que somente à primeira vista parecem estabelecidas de uma vez por todas, imutáveis e intocáveis, porque, pela vontade do Criador do Céu e da terra, em caso de necessidade, graças aos Seus grandes milagres, facilmente "vence a ordem natural".
Enfim, também não o nem mesmo o próprio aspecto do homo sapiens, a cuja imagem e semelhança divina já começa a sofrer de graves deformações, por exemplo, após as operações, tornadas bastante comuns, de mudança de sexo. E quem sabe o que não nos espera no futuro das profundas mutações biológicas do gênero humano, que sempre mais insistentemente é preconizado, gerado a partir da ação venosa das tecnologia pós-industriais sobre organismos vivos, desde o desenvolvimento descontrolado da engenharia genética até os problemas da clonagem. Não falo, pois, do triunfo anunciado pelos futuristas da cibercultura, que promete a inevitável integração em um único organismo do intelecto humanado e daquele cibernético, e a radical desumanização do mundo futuro.
E, portanto, é possível que não exista nada no ser espiritual e material que possa ser considerado uma constante incondicional, como o alfa e o ômega da existência, como princíprio e medida de todas as coisas? Obviamente que não. Estou convencido de que se uma situação semelhante fosse verificada em nossas vidas, não haveria um ser mais infeliz que o homem em todo o universo.
Ao contrário, este princípio absoluto está presente no nosso mundo, e é acessível a todas as pessoas, sem nenhuma exclusão. De que princípio se trata? Segundo a doutrina dos Padres da Igreja, é o da eternidade, sem início, não criado, sem fim, imutável, inalterável, indivisível, livre da materialidade, inatingível. Além disso, este princípio compreende em si também toda a plenitude da santidade, do bem e da energia vital, com as quais nos alimenta durante toda a vida. Porque o princípio de todo o princípio é o nosso Criador, o nosso Senhor e Deus, o qual é "ontem, hoje e sempre o mesmo" (Carta aos Hebreus, 13, 8). Ele é a pedra angular do ser, o único critério infalível da verdade de tudo o que existe, o ponto de partida e de destino da nossa peregrinação terrena.
Então, a chegada neste mundo do Deus Todo-Poderoso, que se dignou a se encarnar na frágil, impotente e sofredora natureza humana, até ao final dos tempos permanecerá, ao mesmo tempo, o principal evento da história universal e da biografia espiritual de cada pessoa em todas as gerações humanas que se sucederão. Porque nós o sabemos: Deus se fez homem a fim de que o homem se tornasse Deus, adquirindo a imortalidade.
E eis que agora nós, cristãos, da a plenitude dos nossos corações crentes na salvação, agradecemos ao Senhor por nos fazer dignos novamente de entrar em comunhão com o seu sacrifício de amor, de mergulharmos novamente nesta inefável alegria da sua Santa Ressurreição, da sua luminosa vitória sobre a escuridão da morte, da sua filial obediência ao Pai celeste.
O beato abade Doroteo de Gaza, um eremita cristão canonizado pela Igreja antiga, que se distinguiu no século VI, na Palestina, e cuja memória honramos tanto os ortodoxos quanto os católicos, a fim de conseguir a mais precisa evidência matemática comparou Deus ao centro da circunferência, e os homens aos pontos da sua superfície. Dali resulta que quanto mais esses pontos se aproximam do centro do círculo, tão menor, ao mesmo tempo, torna-se a distância entre eles, e tanto mais ordinariamente se aproximam um do outro.
"Esta é a propriedade do amor", conclui o sábio abade: "Quanto mais nos encontramos no exterior, sem amar a Deus, tanto mais cada um se afasta de seu próximo. Se, ao contrário, amamos a Deus, então tanto mais o amor nos aproxima do próprio Deus, tanto mais nos unimos no amor pelo próximo; e quanto mais nos unimos ao próximo, tanto mais nos unimos também a Deus". Porque a autêntica objeção ao ser do homem é a sua pecaminosidade, que fecha ao agir da graça divina as portas do nosso coração, que acaba por não querer ou não saber responder com amor ao amor.
Nos dias do tempo da Páscoa luminosa do Senhor, todos os cristãos, novamente, se no essencial, na experiência comum de seu futuro glorioso. E, ouvindo o anúncio a nós destinado: "Cristo ressuscitou!", testemunhamos, em resposta: "Verdadeiramente ressuscitou!"
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