Catequese

"A plenitude do homem consiste na santidade", afirmou Bento XVI

Caríssimos irmãos e irmãs!

Na última catequese falei de dois grandes doutores da Igreja do século IV, Basílio e Gregório Nazianzeno, bispo em Capadócia, na atual Turquia. Hoje reunimos um terceiro, o irmão de Basílio, São Gregório de Nissa, que se mostrou um homem de um caráter meditativo, com grande capacidade de reflexão, e de uma vivaz inteligência, aberta a cultura de seu tempo. Se revelou assim um pensador original e profundo na história do cristianismo.

Nasceu em torno do ano 335; a sua formação cristã foi cuidada particularmente pelo irmão Basílio – Que ele definiu “Pai e Mestre” – e pela irmã Macrina. Completou os estudos, aprendendo particularmente a filosofia e a retórica. Em um primeiro tempo se dedicou ao ensinamento da vida ascética. Mais tarde é eleito bispo de Nissa, e se demonstrou um pastor zeloso, assim atraiu a estima da comunidade. Acusado de ser um mal administrador dá-lhe detestar os heréticos, e teve que, por um breve tempo, abandonar a sua sede episcopal, mas depois retornou triunfante, e continuou a empenhar-se na luta para defender a verdadeira fé.

Sobre tudo depois da morte de Basílio, quase recolhendo-se a herança espiritual, cooperou ao triunfo da ortodoxia. Participou de vários sínodos; procurou dizer os contrastes no meio da Igreja; Capturou a parte ativa da reorganização eclesiástica e, como “coluna da ortodoxia”, foi um protagonista do Concílio de Constantinopla de 381, que definiu a divindade do Espírito Santo. Então vários encarregados oficiais da parte do imperador Teodósio, pronunciou importantes homilias e discursos fúnebres, se dedicou a compor varias operas teológicas. No ano 394 participou ainda de um sínodo ocorrido em Constantinopla. Não é conhecida a data da sua morte.

Gregório exprime com clareza a finalidade de seus estudos, o propósito supremo a qual mira o seu trabalho de teólogo: Não empenhar a vida em coisas vãs, mas procurar a luz que dá o discernimento aquilo que é verdadeiramente útil.

Procuro este bem supremo, no cristianismo, graças a qual é possível "A imitação da natureza divina". Com a sua astuta inteligência e o seu vasto conhecimento filosófico e teológico, ele defende a fé cristã contra os heréticos, que negavam a divindade do Filho e do Espírito Santo, comprometendo a perfeita humanidade de Cristo.

Comentou a sagrada escritura, afirmando sobre a criação do homem. Este era para ele um tema central: A criação. Ele via na criatura o reflexo do Criador e procurava aqui a estrada em direção a Deus.

Mas ele escreveu também um importante livro sobre a vida de Moisés, que apresenta como um homem em caminho a Deus: Esta subida ao monte Sinai, parece pra ele uma imagem da nossa subida na vida humana verso a verdadeira vida, verso o encontro com Deus. Ele interpretou também a oração do Senhor, o Pai Nosso, e a Santificação. No seu grande discurso catequético, expôs a linha fundamental da teologia, não para uma teologia acadêmica fechada em si mesma, mas para oferecer a catequese um sistema de referência para ter presente neles as instruções, quase o quadro no qual se move a interpretação pedagógica da fé.

Gregório, é também, insigne pela doutrina espiritual. Toda sua teologia não era uma reflexão acadêmica, mas expressão de uma vida espiritual, de uma fé vivida. Como grande “pai da mística” destacou em vários tratados – como o De professione christiana e o De perfectione christiana – o caminho que os cristãos devem seguir para chegar a verdadeira vida, a perfeição. Exaltou a virgindade consagrada (De virginitate), e desta propôs um modelo admirável na vida de irmã Macrina que, para ele, foi sempre uma guia, um exemplo.

Fez vários discursos e homilias, escreveu numerosas cartas. Comentando a criação do homem, Gregório colocou em evidência que Deus, “o melhor dos artistas, forja nossa natureza de maneira que possa torná-la apta ao exercício da realeza. Através da superioridade estabelecida pela alma, e por meio da mesma conformação do corpo, ele dispõe as coisas de modo que o homem seja realmente idôneo ao poder real”.

Mas vejamos como o homem, na rede dos pecados, freqüentemente abusa da criação, não exercita uma verdadeira realeza. Por isso, para realizar, de fato, uma verdadeira responsabilidade para com as criaturas, deve ser penetrado por Deus e viver na sua luz. O homem, de fato, é um reflexo daquela beleza originária que é Deus: “tudo o que Deus criou era ótimo”, escreve o santo Bispo. E acrescenta: “dá testemunho disso o relato da criação. Entre as coisas ótimas estava também o homem, ornado de uma beleza de grande superioridade a todas as coisas belas. O que mais, de fato, podia ser belo, conforme quem era semelhante à beleza pura e incorruptível?… Reflexo e imagem da vida eterna, ele era belo verdadeiramente, antes, belíssimo, com o sinal radiante da vida em sua face”.

O homem foi honrado por Deus e colocado acima de qualquer outra criatura: “não o céu foi feito à imagem de Deus, não a lua, não o sol, não a beleza das estrelas, nenhuma outra das coisas que aparecem na criação. Somente tu, (alma humana) tornaste imagem da natureza que ultrapassa todo intelecto, semelhança da beleza incorruptível, marca da verdadeira divindade, receptáculo da vida bem aventurada, imagem da verdadeira luz, olhando para a qual tu te tornas aquilo que Ele é, porque por meio do raio reflexo proveniente da tua pureza tu imites Aquele que brilha em ti. Nenhuma coisa que existe é tão grande para ser comparada à tua grande”. Meditemos este elogio do homem.
Vejamos também como o homem seja degradado pelo pecado. E busquemos retornar à grandeza originária: somente se Deus é presente, o homem chega a esta sua verdadeira grandeza.

O homem, portanto, reconhece dentre de si o reflexo da luz divina: purificando o seu coração, ele volta a ser, como era no princípio, uma límpida imagem de Deus, beleza exemplar. Assim o homem, purificando-se, pode ver Deus, como os puros de coração: “Se, com um teor de vida diligente e atento, lavarás as feiúras que se depositaram sobre teu coração, resplandecerá em ti a divina beleza… Contemplando a ti mesmo, verás em ti aquele que é o desejo de teu coração, e serás bem-aventurado”. Portanto, lavarás as feiúras que se depositaram sobre nosso coração e reencontrarás em nós mesmos a luz de Deus.

O homem, portanto, tem como fim a contemplação de Deus. Somente nela poderá encontrar o seu sentido. Para antecipar de algum modo tal objetivo já nesta vida, ele deve progredir incessantemente rumo a uma vida espiritual, uma vida em diálogo com Deus. Em outras palavras – e é esta a lição mais importante que São Gregório Nisseno nos ensina – a plena realização do homem consiste na santidade, em uma vida vivida no encontro com Deus, que assim se torna luminosa também para os outros, também para o mundo.

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