Cerca de 200 milhões de pessoas entre os 15 e os 64 anos consomem drogas ilícitas em todo o mundo. Um número que revela que a luta contra a droga não está ganha, mas que acompanha alguns sinais animadores. O relatório de 2007 da Agência das Nações Unidas contra a Droga e o Crime (ONUDC), apresentado esta terça feira, no Dia Mundial de Luta Contra a Droga, refere que há indícios da estabilização do cultivo, produção e consumo de todas as substâncias ilegais.
No que diz respeito à cocaína, o relatório faz referência a uma descida na superfície de cultivo, sobretudo na Colômbia, que o reduziu a 52% nos últimos seis anos. Mas, foram registados aumentos de produção no Peru e na Bolívia.
Estima-se que esta droga tenha cerca de 14,3 milhões de consumidores em todo o mundo. O documento da ONU revela ainda que a cocaína, que é traficada na Europa, vem essencialmente da África e tem como principais portas de entrada a Espanha, Portugal e a Holanda.
A produção de heroína continua sendo um dos maiores problemas identificados pela agência da ONU, alertando que no Afeganistão, de onde provém 92% da heroína consumida no mundo aumentou sua produção, só em 2006, em 50%. O documento refere que a cultura da papoula aumentou fortemente nesse país e que os mercados mundiais desta droga "são determinados, pelo menos a curto prazo, pelo que se passa no sul do Afeganistão".
O relatório da ONUDC alerta para o surgimento de novas rotas de tráfico de droga, que passam cada vez mais por África, tanto os traficantes de cocaína, vindos da Colômbia, como o de heroína vindos do Afeganistão. Os responsáveis referem que estas novas rotas podem "causar estragos num continente já arrasado por outras tragédias".
Os dados do relatório da ONUDC são essencialmente preocupantes para Espanha, cujo consumo de cocaína per capita ultrapassou pela primeira vez os EUA. Vinte em cada cem consumidores de cocaína europeus vivem na Espanha.|