"A Igreja está nas mãos do Espírito Santo", exclamou o arcebispo de Managua, na Nicarágua, Dom Leopoldo José Brenes Solórzano, na missa desta terça-feira, dia 22, na Conferência de Aparecida (SP).
No momento em que os 262 delegados discutem os rumos da Igreja na América Latina e no Caribe, Dom Solórzano disse ter convicção sobre os frutos que podem acontecer na Igreja, com a condição de os conferencistas serem abertos à inspiração divina. "Eu não duvido que se somos dóceis instrumentos do Espírito Santo, esta Igreja, que peregrina em nosso 'Continente da esperança e do amor', chegará feliz à meta traçada por seu Fundador", indicou.
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Com a proximidade da Festa de Pentecostes, a ser celebrada em toda a Igreja no próximo domingo, aumenta a cada dia o fervor na invocação ao Espírito Santo pelos trabalhos na V Conferência.
Na missa de abertura do encontro, no dia 13 deste mês, o Papa Bento XVI evocou mais de 20 vezes o Espírito Santo e afirmou que faz parte da natureza da Igreja não tomar decisões de modo simplesmente humano.
Leia homilia na íntegra (transcrição: Michele Mimoso):
"Meus bons irmãos do episcopado, sacerdotes e leigos, presentes neste santuário, como também todos aqueles que tanto em Aparecida como fora do país estão compartilhando este belo ato litúrgico através da televisão e da rádio. Todos nós, membros desta Igreja Católica que peregrina pelo mundo, gozamos de algo especial da parte de Deus: somos chamados. O próprio Senhor se encarrega de dizer-nos: 'Não foram vocês que me escolheram, fui Eu quem escolhi vocês'. Esta é a pedagogia do Senhor: é Ele quem nos chama; por isso que hoje estamos reunidos para celebrar esta V Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e do Caribe. Não é fruto do discernimento e decisão nossa, bispos, senão o desejo do mesmo Cristo, que assim como Pedro, São Tiago e João, os chamou porque Ele quis.
Que lindo, meus bons irmãos, que sintamos a alegria de termos sido convocados por Ele e muito mais lindo poder estar com Ele. Nos momentos de oração que durante o dia realizamos; as celebrações eucarísticas que a cada manhã celebramos e nossas convivências durante o dia é parte desse estar com Ele. Acaso isso não é atitude de ser discípulos de Cristo?
O texto da primeira leitura nos recorda o gesto de Paulo, que convocou os presbíteros da Igreja de Éfeso, compartilhou a alegria de seu trabalho e o gosto de cumprir a missão que recebeu do mesmo Jesus: dar testemunho da Boa Nova da graça de Deus. E eis que não há dúvida de que o Senhor nos chama a estar com Ele e envia-nos a compartilhar com os outros a sua mensagem e a sua Pessoa.
A celebração da Festa da Ascensão do Senhor ao céu é muito clara, assim como nos narra o evangelista São Marcos: 'Ide pois, a todas as gentes, ensinando-lhes a observar tudo o que eu vos tenho dito'. Estar com Ele nos compromete a não ficarmos calados, senão a ir pelo mundo e compartilhar as maravilhas que Ele está fazendo e quer fazer conosco, com nossas vidas e com o mundo. Mas também, meus bons irmãos, nesta obra não estamos sozinhos. Sua companhia nos foi prometida: "Eu estarei com vocês sempre, até a consumação do mundo". Sim. Ele e o Espírito Santo são nossas permanentes companhias. Não estamos sozinhos, não caminhamos sozinhos. Quem sabe nos pode suceder alguns momentos, mas, às vezes, como aos discípulos de Emaús que se sentiram abandonados, mas estava Ele caminhando ao lado deles em silêncio. Aí está Ele também caminhando conosco naqueles momentos de solidão.
'Eu rogo por eles. Pai Santo, guarda em teu nome aqueles que me deste para que sejam um como nós'.
O Papa Paulo VI, em uma ocasião disse: 'Depois de Pentecostes, a Igreja está nas mãos do Espírito Santo'. Eu não duvido que – se somos dóceis instrumentos do Espírito Santo –, esta Igreja, que peregrina em nosso 'Continente da esperança e do amor', chegará feliz à meta traçada por seu Fundador.
Que nossa Mãe, a Santíssima Virgem, que hoje honramos pela invocação de Aparecida, interceda por todos nós, por nossas Igrejas particulares, para que igual a Ela, escutemos o que Ele nos diz, mesmo que algumas vezes não O compreendamos, mas corramos pressurosos levando alegria aos irmãos, aos quais o seu Filho nos tem enviado. Que o Senhor derrame graças e bênçãos sobre todos nós. Amém".