Vaticano

A Bíblia não é um tratado de astrofísica, mas de sabedoria

Começou nesta quinta-feira, 15, em Roma, o Congresso "Ontogênese e vida humana", no Pontifício Ateneu "Regina Apostolorum", em colaboração com a Pontifícia Academia para a Vida. O objetivo do simpósio é responder à complexa pergunta: "Quem é o homem?"

O presidente do Pontifício Conselho para a Cultura, Dom Gianfranco Ravasi, inaugurou o congresso, com uma palestra intitulada "O espírito de todo homem carnal", extraído do livro de Jó (12, 10). Dom Ravasi afirmou que não é sua intenção acirrar a polêmica entre fé e ciência, mas esclarecer o âmbito específico de cada um.

Dom Ravasi recordou que não cabe à Bíblia responder ao quesito "o que aconteceu na origem do universo e do homem", mas "que sentido tem o homem no mundo e para si mesmo". A Bíblia _ e em especial o Antigo Testamento _ não é um tratado de astrofísica ou de paleontologia ou antropologia, mas de filosofia e de teologia, de "sabedoria". Como dizia João Paulo II, o texto bíblico quer colocar o homem, desde o primeiro momento da sua existência, diante de Deus, na busca da definição de si mesmo, da própria identidade.

É preciso interrogar a Bíblia de modo correto, para não obrigá-la a dar respostas que não quer dar e que, portanto, somente de modo artificial podemos obter. Dom Ravasi lembrou que a verdade que ela nos indica não é de tipo científico, mas teológico, como destacou o Concílio Vaticano II.

Dom Ravasi reconheceu que a tentação de ultrapassar a fronteira é forte, até porque idêntico é o objeto em questão: ou seja, o universo e o humano.

Quem é, portanto, o homem? _ concluiu Dom Ravasi, respondendo: um ser frágil, mas capaz de pensar, de agir livremente, de se alegrar e sofrer, de encontrar e conhecer, desafiar e amar o seu Criador.

O congresso é o segundo realizado pelo Projeto STOQ, "Ciência, Teologia e Pesquisa Ontológica" (Science, Theology and the Ontological Quest). Trata-se um programa de pesquisa para especialização, fundado em colaboração com seis Universidades pontifícias, a fim de contribuir para o diálogo entre ciência, filosofia e teologia.

Evite nomes e testemunhos muito explícitos, pois o seu comentário pode ser visto por pessoas conhecidas.

↑ topo