No dia em que Monsenhor Jonas Abib completaria 86 anos de vida, missionários falam da saudade e de como o pai fundador marcou suas vidas
Julia Beck
Da redação
Nestes quase 45 anos de Comunidade Canção Nova, esta é a primeira vez em que o dia 21 de dezembro é marcado pela saudade e pelas boas lembranças. Nesta mesma data, em 1936, nascia o fundador da comunidade, Monsenhor Jonas Abib. O sacerdote, falecido na semana passada (no dia 12 de dezembro), completaria 86 anos.
Autor da popular música “Saudade”, que tem como uma de suas famosas estrofes “só se tem saudade do que é bom, se chorei de saudade não foi por fraqueza, foi porque eu amei”, Diácono Nelsinho Corrêa conviveu com Monsenhor Jonas por 47 anos.
Nelsinho faz questão de frisar que o fundador da Canção Nova nasceu no Advento, foi ordenado no Advento e faleceu no Advento. “Sua vida foi um vento, um vento do Espírito Santo”, disse.
“Sua vida foi um vento, um vento do Espírito Santo” – Diácono Nelsinho Corrêa
Segundo o missionário, o Advento fez parte da vida do Monsenhor Jonas, porque ele é um anunciador do Senhor. Diácono Nelsinho recorda que, ainda no ventre de sua mãe, o fundador da Canção Nova foi consagrado a Dom Bosco.
“Padre Jonas não foi sepultado, ele foi semeado, plantado e realmente isso é uma grande verdade. Um homem coerente, um homem do amor. Louvado seja Deus pela vida desse homem”, afirma.
Profecia que mudou vidas
Padre Bruno Costa é consagrado da Comunidade Canção Nova há 23 anos, e completou, recentemente, 15 anos de sacerdócio. Natural de João Pessoa, na Paraíba, o presbítero relata que, em 1998, conheceu a Canção Nova através de pregações do Monsenhor Jonas Abib.
“Sempre fui católico, mas não tão praticante. Participava das missas dominicais e conheci um grupo de oração (Sagrado Coração de Jesus). Lá, tinham alguns amigos que participavam da Canção Nova. Neste mesmo ano, eu comecei a me envolver na política e sempre com um sentimento no coração de buscar fazer a vontade de Deus”, lembra.
No ano de 2000, padre Bruno conta que foi convidado a celebrar os cinco anos de aniversário da missão da Canção Nova em Gravatá (PE); e já conhecendo um pouco do padre Jonas e suas pregações, da sua força, foi para o evento rezar para as eleições que disputaria.
“O padre Jonas mudou minha vida, foi voz de Deus na minha vida” – Padre Bruno Costa
“Ali, no meio daquela multidão, padre Jonas profetizou que um jovem sentia um grande chamado, uma mudança total em sua vida. Foi no dia 1º de maio de 2000. Naquele momento, eu me levantei com a certeza de que Deus me chamava pelo nome e com o sentimento da vocação sacerdotal”, revela.
Logo depois, padre Bruno comenta que falou com o Monsenhor Jonas e, no ano seguinte, começou o caminho vocacional e entrou para a Canção Nova. “O padre Jonas mudou minha vida, foi voz de Deus na minha vida, porque, no meio daquela multidão de pessoas, ele ousou tocar naquilo que o Espírito Santo tocava no seu coração, profetizou e eu disse o meu sim”.
Humildade
Assim como padre Bruno, padre Márcio Prado é missionário da Comunidade Canção Nova. Enquanto padre Bruno define Monsenhor Jonas como o “responsável pelo seu sacerdócio”, padre Márcio o define como uma inspiração para o seu.
“Ele representa um homem realmente de Deus, que buscava a santidade e apontava para as coisas do alto com muita humildade”, indica o sacerdote.
O presbítero recorda que, quando Monsenhor Jonas completou 40 anos de sacerdócio, ele dizia que ainda sentia o frio na barriga quando estava para pregar o Evangelho, para celebrar uma Santa Missa.
“Isso diz da humildade, um homem que buscava viver com humildade seu ministério e sabia que não era ele, mas Deus que realizava através dele. Não se sentir preparado ou sentir o frio na barriga era um bom sinal, sinal de que ele estava realmente abandonado em Deus, que ele queria fazer a vontade de Deus, ou melhor, ele fez a vontade de Deus”.
“Um homem que buscava viver com humildade seu ministério e sabia que não era ele, mas Deus que realizava através dele” – Padre Márcio Prado
Padre Márcio reafirma que o fundador da Canção Nova é um exemplo de humildade. “Na humildade dele a eficácia, a graça sobrenatural de Deus pôde se realizar. Quando olhamos para as Sagradas Escrituras é isso que nós constatamos, o Senhor escolheu os humildes, os pequenos, para confundir os fortes. Nos pequenos e humildes, o Senhor fez maravilhas, fez grandes obras. (…) Quero viver essa santidade para alcançar o céu”, disse.
Caminho de santidade
A missionária e gerente do Jornalismo Canção Nova Adriana Pereira destaca que Monsenhor Jonas foi uma pessoa que a colocou no caminho da santidade. Ela recorda a famosa frase do sacerdote: “ou santos ou nada”. “Eu tinha essa sede de viver uma vida diferente do que o mundo oferecia, mas eu não tinha força para viver isso sozinha no meu dia a dia”, conta.
Antes de tornar-se membro da comunidade, Adriana revela que conheceu o estudo da bíblia montado pelo Monsenhor Jonas. “Eu acompanhei aquela forma de fazer estudo bíblico e isso mudou minha vida”. Depois, ela comenta que fez estágio na Canção Nova e começou a trabalhar no mesmo local.
“Em 1991, fui vendo que havia aqui um caminho firme e seguro de fazer o bem a todos, de querer bem a todos, viver em um ambiente saudável, um ambiente amoroso, carinhoso e fraterno. Isso era maravilhoso, era o que eu queria.”
“Se não fosse o Monsenhor Jonas, eu não seria uma pessoa feliz e realizada em tudo que faço” – Adriana Pereira
Adriana destaca que era isso que ela queria: falar de Deus, falar das coisas boas, do que era bom, o verdadeiro amor, o verdadeiro sentido da vida.
“Fui me identificando com esse caminho que o padre Jonas traçou pra gente através da vivência do Evangelho. Viver o Evangelho em comunidade, através dos ensinamentos da Palavra de Deus, através de exercícios espirituais e atividades comunitárias era a força que eu precisava para chegar até onde cheguei neste momento”, revela.
A jornalista conclui reforçando que se não fosse o seu encontro pessoal com a Canção Nova, com esse projeto do Monsenhor Jonas, hoje ela não estaria na comunidade. “Eu não seria uma pessoa feliz e realizada em tudo que faço”.