VOCAÇÕES CANÇÃO NOVA

Vivência no carisma: como é ser solteiro na Comunidade Canção Nova

Missionários relatam experiência de ser solteiro na Canção Nova, um tempo de dedicação integral à missão e de discernimento do estado de vida

Huanna Cruz
Da Redação

Mulher de braços abertos / Foto: freepik

Na conclusão deste mês vocacional, a série Vocações Canção Nova mostra a vivência dos missionários solteiros da comunidade. Após o ingresso no núcleo da Comunidade Canção Nova, os jovens vivem a dedicação integral à missão, alguns até discernir seu estado de vida (casado, sacerdote ou celibatário), outros permanecem nesta condição.

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O fundador da Canção Nova, Padre Jonas Abib, afirmava: “Essa condição de solteiro (a) continua a ser uma condição de abertura em relação à concretização do estado de vida, isso em nada impede uma dedicação plena à missão. E digo mais, cada um, em sua entrega sincera a Deus, com seu empenho e dedicação, pode encontrar na missão um sentido de realização especial.”

Uma vivência integral para a missão

Segundo o missionário Emanuel França Silva, ser solteiro na Canção Nova é ter a possibilidade de empenhar a vida totalmente, com total dedicação, na vivência do carisma, seja na realização da missão, na vida fraterna ou em qualquer outra realidade.

Emanuel França Silva / Foto: Arquivo Pessoal

“É claro que cada estado de vida tem o seu modo próprio de viver a entrega total na vocação dentro de sua realidade específica, e isso é também a grande beleza dos estados de vida. Mas o solteiro tem a providência desta liberdade de entrega total”, enfatiza.

Emanuel recorda que, desde que ingressou na comunidade, em 2020, passou por duas realidades do ser solteiro: “No ano de 2022, estando à Frente de Missão de Cachoeira Paulista, a casa masculina de solteiros que morava era composta por rapazes de diversos estados de vida. Alguns estavam namorando, outros noivando, outros já estavam com casamento marcado e eu me sentia chamado ao sacerdócio. Esta primeira experiência me levou a tocar na graça da disponibilidade própria do solteiro na Canção Nova para viver abertamente as necessidades da missão. No ano de 2023, ingressei no Seminário Canção Nova. Toco, agora, em outra dimensão do ser solteiro na Canção Nova, passando por esta mesma disponibilidade do estado de vida, mas sabendo das realidades específicas deste processo formativo que vivo atualmente: a faculdade, os estudos, a missão própria com a liturgia, entre outros. Em ambos os casos, consigo compreender que a grande graça do ser solteiro é saber viver a liberdade e a disponibilidade permitida pelo próprio estado de vida”, conta.

Viver a simplicidade

Jéssica Virgínia dos Santos Silva / Foto: Arquivo Pessoal

A missionária Elisandra Maria de Araújo, que ingressou na comunidade em 2013, afirma que ser solteira na Canção Nova é viver o ordinário do dia a dia. “Buscar viver, em primeiro lugar, o chamado à santidade e não desperdiçar as oportunidades que Deus me dá, sendo inteira na missão, na vivência comunitária e cuidando de mim e dos irmãos. Graças a Deus, hoje, na comunidade, temos um grande aparato para cuidar da nossa alma, mas também do nosso corpo, que é templo e moradia do Espírito Santo”, afirma.

Para Jéssica Virgínia dos Santos, estar solteira “é investir tempo, dons, cuidados com a missão e deixar que Deus cuide de mim pelos irmãos e do povo de Deus. E encontrando o sentido nesta doação, nesse ardor pela evangelização, posso dizer que embora ‘solteira’, é possível ser feliz”.

“A beleza de ser solteira na comunidade é que posso ser tudo para todos. Posso me gastar, posso me consumir com muita liberdade para a Obra de Deus. Toda oferta tem sua beleza, e a de ‘estar solteira’ não é diferente, existe beleza sim a partir do momento em que eu encontro o sentido, ou que não deixo que ele se perca, que é: ser santa e fazer com que mais e mais pessoas tenham uma experiência profunda com Deus”, frisa Jéssica, que ingressou na comunidade em 2019.

Alice Pacheco Campos / Foto: Arquivo Pessoal

A missionária Alice Pacheco Campos, que chegou à comunidade em 2018, atualmente está noiva. Para ela, “ser solteira na Canção Nova é viver esse período de discernimento do estado de vida e preparação para realizá-lo de uma forma sadia e equilibrada, vivendo o meu chamado e vocação. Deus me fez Canção Nova e chamou a buscá-lo, e no mais tudo seria dado por acréscimo”.

Para Alice, a beleza de ser solteira na Canção Nova é dar-se à missão de forma mais livre, à vida comunitária de forma mais intensa, na alegria e beleza de viver a dinâmica que é própria das casas comunitárias. “Eu, particularmente, amo a casa comunitária, várias pessoas, ficamos à mesa conversando, preparamos o almoço juntos, por exempla”, explica.

Concretizar o estado de vida

Emanuel lembra que sentiu o desejo pelo sacerdócio desde sua infância, mas passou por crises próprias, até mesmo não querendo assumir este chamado de Deus, mas dentro da Canção Nova pôde redescobrir essa vocação. “No meu primeiro ano na Comunidade, no pré-discipulado, enquanto passava pelo processo de escrita da história de salvação, foi a grande descoberta para mim com relação ao estado de vida. Ao olhar os fatos da minha vida e a minha história com Deus, ali ficou claro que era este o chamado de Deus para mim”, lembra.

Elisandra Maria de Araújo / Foto: Arquivo pessoal

Alice, noiva há oito meses, percebe que Deus a tem conduzido neste tempo de preparação para o matrimônio dentro da comunidade. “É um tempo de maior maturidade e aprofundamento, conhecendo a realidade que assumirei. Posso dizer que, nesse tempo, Deus me convida a amar e escolher a minha escolha todos os dias, consciente das belezas e dos desafios do Matrimônio, e assim me preparar para viver bem. Como Santa Tereza d’Ávila ensina é a ‘determinada decisão’. Deus já falou e instruiu, eu acolhi e busco corresponder e seguir, vivendo de uma forma santa e digna a vocação e o chamado que Ele me fez”, relata Alice.

A pertença à Canção Nova independe da concretização de um estado de vida e isso é algo claro para cada membro da comunidade. “Penso que, antes de qualquer discernimento em relação ao estado de vida, eu devo ter isso muito encarnado em mim: sou pertença do Senhor e de um Carisma. E isso está acima da concretização desse estado. Saber disso tira um fardo em relação à permanência na comunidade e nos faz caminhar com mais generosidade”, afirma Jéssica.

A missionária Elisandra complementa que é preciso viver a missão sem tirar os olhos de Jesus e colocar todos os sonhos nas mãos de Deus.

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