Participantes da coletiva de imprensa desta segunda-feira, 21, apresentaram mais detalhes da reta final do Sínodo sobre a Sinodalidade
Da Redação, com Vatican News
A segunda sessão do Sínodo sobre a Sinodalidade entrou em sua última semana. Na coletiva de imprensa desta segunda-feira, o principal assunto foi a elaboração do Documento Final, cuja primeira versão já foi entregue aos participantes da Assembleia Sinodal que se encerrará no domingo, 27.
A secretária da Comissão de Comunicação do Sínodo dos Bispos, Sheila Pires, explicou que os membros da Assembleia terão até a quarta-feira, 23, para dar suas contribuições, a fim de que na quinta e sexta-feira, 24 e 25, a comissão redatora possa preparar o Documento Final.
Em relação ao rascunho do Documento Final que foi entregue aos participantes, um texto provisório e confidencial, Pires observou que foram consideradas as contribuições dos círculos menores e dos teólogos, colocando o foco na ressurreição de Jesus. O próximo passo será uma troca de dons, para partilhar desafios, sonhos, dinâmicas e novas motivações que surgem do texto.
Confira
.: Cobertura do Sínodo sobre a Sinodalidade
O prefeito do Dicastério para a Comunicação, Paolo Ruffini, sublinhou que a Assembleia está em um momento crucial, destacando os encontros da sexta-feira, 18, com os grupos de estudo. Além disso, citou as canonizações deste domingo, 20, a oração de encerramento do Sínodo Digital e o Sínodo do Esporte, que será realizado na sexta-feira, 25.
Diálogo, fundamento da Igreja
Entre os convidados da coletiva de imprensa, o padre Radcliffe ressaltou que há uma tentação de ler o Documento Final (por enquanto o esboço) procurando decisões e manchetes, quando “o Sínodo trata de uma profunda renovação da Igreja em novas situações”, que é chamada a assumir o papel de ser um sinal de paz e de comunhão com Cristo.
Para o dominicano, a importância do documento está em descobrir como podemos estar juntos de uma maneira diferente. A partir da imagem do “pastor com cheiro de ovelha”, pontuou que esta é a abordagem que deve ser adotada na leitura do documento, que “não evoca decisões dramáticas e radicais, mas novas formas de ser Igreja que nos permitem estar em comunhão uns com os outros de maneira mais profunda em Cristo e para Cristo”.
O Cardeal Zuppi, por sua vez, afirmou que “o diálogo é o fundamento da Igreja”, referindo-se às mesas da Sala Sinodal como espaços onde todos podem falar juntos e ouvir uns aos outros a partir de uma dimensão espiritual. Neste contexto, pediu para não ceder à polarização, não querer apagar a voz do outro, buscar o que une a todos, lembrando as palavras do Papa João XXIII, o que não significa fingir que não há elementos que não possam causar divisões.
O arcebispo definiu o atual processo sinodal como um grande sinal de comunhão em um mundo no qual às vezes é difícil chegar a um acordo. Nesse sentido, ele vê o Documento Final como uma boa indicação do método e pede que todos continuem avançando, que olhem além, que não fiquem onde estão.
Papel das mulheres e diálogo ecumênico
Irmã Nathalie Becquart destacou, entre os frutos do Sínodo, a promoção do ecumenismo, abrindo uma nova fase e trazendo uma nova forma de ver e articular o Primado do Papa. Na segunda sessão, sinalizou, a qualidade da escuta mútua é muito alta, levando a uma promoção da fraternidade.
Ela também salientou o papel das mulheres na Assembleia, indicando que o envolvimento das mulheres no Sínodo se deu em todos os níveis, afirmando que as coisas mudam com a experiência. Nesse sentido, vê que o Sínodo ajuda homens e mulheres a interagir, destacando a riqueza da diversidade, e que foi vivido em pé de igualdade, com as mulheres fazendo contribuições essenciais.
Por fim, Dom Manuel Nin Güell contou o trabalho de sua Eparquia na Grécia, com fiéis de diversas origens. Para os católicos de rito bizantino, apontou, o Sínodo ajudou a lançar luz sobre a realidade dessas igrejas, que ele define como uma ponte para o diálogo ecumênico com as igrejas ortodoxas.
Gradualmente, houve um progresso no conhecimento e no respeito por parte da igreja latina, observou o Eparca dos Católicos de Rito Bizantino, destacando a riqueza para toda a Igreja da comunhão com a Igreja de Roma e salientando o fato de serem igrejas, e não apenas “variantes folclóricas”.