SÍNODO

Participantes de coletiva enfatizam aplicação do processo sinodal na Igreja

Participação de mais pessoas nos processos decisórios foi assunto em destaque durante entrevista concedida à imprensa nesta segunda-feira, 14

Da Redação, com Vatican News

Foto: Vatican Media/IPA/Sipa USA via Reuters Connect

Nesta segunda-feira, 14, a segunda sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos deu início à terceira de suas quatro semanas de trabalho, chegando à metade de sua duração. Na coletiva de imprensa do dia, o assunto em destaque foi justamente o percurso que está sendo trilhado durante este período em Roma.

A secretária da Comissão para a Comunicação do Sínodo dos Bispos, Sheila Pires, destacou que o módulo discutido atualmente trata exatamente do tema dos percursos, relacionando-se aos processos de tomada de decisão, transparência, responsabilização e avaliação.

Segundo Pires, foram relatadas experiências relativas a essas temáticas chegadas de diversos lugares, dentre elas da Amazônia, sublinhando “a dificuldade de encontrar a harmonia entre as tradições cristãs e os ritos locais”. Neste contexto, citou as falas sobre envolver as crianças na vida da Igreja, valorizar os catequistas, escutar os jovens, incluir as escolas católicas nos processos de evangelização e formação.

Além disso, a secretária abordou a experiência da violência sofrida pelas religiosas – não só abusos sexuais, mas abusos de poder e de consciência, assim como abuso espiritual. Situações que, muitas vezes, ficam ocultas e demandam introduzir procedimentos e sistemas nas dioceses e nas conferências episcopais para encarar esses problemas.

Conselhos com leigos e especialistas

Na sequência, o prefeito do Dicastério para a Comunicação, Paolo Ruffini, destacou a reflexão sobre os processos decisórios e a necessidade de criar conselhos com a presença de leigos e especialistas. Ele abordou novamente a questão dos abusos e da transparência nesse campo e nas finanças como um elemento fundamental em uma Igreja sinodal, uma transparência que deve ser equilibrada com a confidencialidade.

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Ruffini também falou sobre questões relacionadas ao Código de Direito Canônico, insistindo que ele não deve ser uma ferramenta restritiva, mas sim para a defesa dos mais pobres. Como antídoto para o clericalismo, propôs relações dinâmicas, envolvendo mais pessoas na tomada de decisões.

Formação e discernimento

Entre os convidados presentes na Sala de Imprensa vaticana, a primeira a se dirigir aos jornalistas foi a presidente da Confederação de Religiosos e Religiosas da América Latina e do Caribe, Liliana Franco. No módulo de percursos, que foi estudado em profundidade nos últimos dias, ela destacou quatro grandes temas: formação, discernimento, participação e responsabilidade, que “nos colocam mais radicalmente no caminho de Jesus”, no estilo do Evangelho, “o estilo que deve permear tudo o que é sinodal”.

Para Liliana, “a formação só faz sentido se nos torna melhores testemunhas”, que deve ser integral, humana, inclusiva, contextualizada, atenta à realidade. Sobre o discernimento, ela o vê como “o caminho para descobrir o que o Espírito quer da Igreja”, discernimento pessoal e comunitário para buscar juntos na diversidade “a direção de nossa vida em missão”, com estruturas e instâncias mais participativas.

Objetivo do Sínodo é a missão

Em seguida, o bispo de Cyangugu (Ruanda), Dom Edouard Sinayobye, afirmou que o processo sinodal é uma oportunidade de unidade e reconciliação para o seu país após 30 anos de genocídio.

O bispo vê a possibilidade de aprofundar os fundamentos teológicos e bíblicos que “nos mostram que somos um”, visto que, depois do que aconteceu, não é fácil voltar a caminhar como irmãos, assumir um estilo de vida fraterno e espiritual, sair ao encontro de todos, aprender a ser missionários e ser formados na práxis missionária.

Por fim, o arcebispo de Riga (Letônia), Dom Zbigņevs Stankevičs, vê este Sínodo como uma resposta ao desejo de envolver cada pessoa batizada na missão da Igreja de evangelizar o mundo, algo que ele disse estar muito presente em seu ministério desde que foi ordenado bispo. É uma questão de liberar os dons e carismas de todos os batizados, sinalizou, enfatizando a importância da corresponsabilidade e da descentralização como expressão da comunhão eclesial.

O arcebispo enfatizou que o objetivo final do Sínodo é a missão, e por isso é necessário que as estruturas da Igreja sejam mais missionárias. Para isso, pediu um aprofundamento das experiências das conferências episcopais, nas escolas de evangelização, buscando uma formação missionária, algo que já está sendo realizado por meio de experiências concretas.

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