Convidados para entrevista com a imprensa enfatizaram atividades realizadas durante o Sínodo para ajudar a Igreja a seguir a Tradição em meio ao processo sinodal
Da Redação, com Vatican News
O papel dos teólogos na XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos foi o destaque na coletiva de imprensa desta quarta-feira, 16. Entre os convidados esteve o coordenador do grupo, Dario Vitali.
No início da entrevista, o prefeito do Dicastério para a Comunicação, Paolo Ruffini, destacou que na Igreja, desde o início, sempre houve uma relação estreita com o território. Diante da vocação das paróquias a serem lugares de encontro, a necessidade de ser criativo para fortalecer a presença da Igreja em mais áreas foi abordada, além de algumas questões relacionadas às conferências episcopais, o compromisso de preservar a unidade da Igreja, o ministério do Papa a serviço da unidade e a descoberta do interior do coração humano como o primeiro lugar.
Confira
.: Cobertura do Sínodo sobre a Sinodalidade
A secretária da Comissão de Comunicação do Sínodo dos Bispos, Sheila Pires, relatou que, ao falar sobre a unidade da Igreja, a assembleia discutiu a atribuição de competências doutrinárias às conferências episcopais e o perigo de fragmentação da Igreja. Da mesma forma, a necessidade de a Igreja ser um testemunho de evangelização para a cultura, refletindo sobre a diferença entre o depósito e a formulação da fé, também foi citada. Neste contexto, a Assembleia Sinodal falou sobre a possibilidade de substituir as conferências episcopais por outras estruturas sinodais.
Consenso no Espírito
Na sequência, Vitali indicou que o trabalho dos teólogos no atual Sínodo é diferente do de outros Sínodos, destacando o envolvimento dos estudiosos em todas as fases do processo e a importância dos grupos linguísticos, onde são captadas as orientações e os consensos para discernir, buscando convergências e pontos que geram mais debate.
Para o teólogo italiano, o elemento decisivo é o consenso, que é alcançado ouvindo o Espírito depois de ouvir os outros. A partir daí, se buscará um texto coerente que ajude a vislumbrar o caminho a ser seguido pela Igreja.
O canonista espanhol José San José Prisco salientou o trabalho conjunto entre canonistas e teólogos, algo que não era normal há muito tempo. Além disso, apontou a necessidade mútua, pois “os canonistas se dedicam a compreender melhor a norma canônica e sua possível aplicação ou mudança para o momento atual”. Desta forma, sua tarefa é acompanhar os pedidos do Sínodo para possíveis mudanças em relação à legislação, uma função complementar à dos teólogos.
Interpretar e aplicar o Evangelho
A teóloga romena Klára Antonia Csiszar reconheceu que um espaço para a teologia foi aberto no Sínodo, no qual querem contribuir no estilo sinodal. Ela também refletiu sobre o papel dos bispos na Igreja sinodal e na primazia papal, bem como sobre o desafio de fazer da sinodalidade uma prática cotidiana. Para esse fim, Csiszar fez o convite a “colocar novos óculos para pedir um vislumbre do que Deus está pedindo de nós”. Junto com isso, o papel dos teólogos é “fazer a nossa parte para ajudar o nascimento de uma Igreja sinodal”.
Por fim, o teólogo australiano Ormond Rush pontuou que o papel do teólogo é ajudar as comunidades cristãs a interpretar e aplicar o Evangelho no tempo e no espaço, para levar o Evangelho a todos. Com esse objetivo, a teologia constrói pontes, a exemplo do Concílio Vaticano II, considerado um instrumento para ver a história de uma maneira diferente.
Novas respostas são necessárias, prosseguiu, porque as respostas antigas impedem a Igreja de proclamar de uma forma que a mensagem possa ser compreendida, de uma forma que seja empática e misericordiosa. Nesse caminho, os teólogos são chamados a ajudar a Igreja a seguir a Tradição, um papel que estão desempenhando no atual processo sinodal, concluiu.