ABERTURA

“Acolher o novo que está chegando neste Sínodo”, aponta Dom Cipollini

Bispo de Santo André (SP) participou da coletiva de imprensa do Sínodo dos Bispos nesta quinta-feira, 17, e sinalizou necessidade de mudança e conversão

Da Redação, com Vatican News

Foto: Alessia Giuliani/IPA/Sipa USA via Reuters Connect

Nesta quinta-feira, 17, a coletiva de imprensa da segunda sessão da Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos repercutiu as reflexões sobre o terceiro módulo do Instrumentum laboris, sobre lugares.

A secretária da Comissão de Comunicação do Sínodo dos Bispos, Sheila Pires, destacou duas questões: como configurar a participação numa chave missionária num contexto de tempos de mudança face aos fenômenos da mobilidade humana na cultura do ambiente digital e o papel da Cúria Romana à luz da Praedicate Evangelium, o Sínodo universal, as assembleias eclesiais e continentais, assim como os sínodos e os concílios particulares.

Durante a coletiva também se falou sobre as dificuldades e o drama dos migrantes, e a criação de uma Assembleia Eclesial Mediterrânea. Também foi abordada a questão de novas propostas para o atendimento aos jovens, a reconfiguração das paróquias em redes de pequenas comunidades, como caminho para agilizar a sinodalidade.

Por sua vez, o prefeito do Dicastério para a Comunicação, Paolo Ruffini, destacou o serviço da Vida Religiosa, a importância da relação entre sinodalidade e primazia, com a contribuição das igrejas orientais, as contribuições dos fóruns teológicos, o papel das conferências episcopais, como responder às perguntas da cultura e do contexto. Além disso, lembrou que nesta sexta-feira, 18, haverá um encontro dos membros da Assembleia Sinodal com mais de 150 jovens na Sala Sinodal.

Chamados à conversão

Entre os convidados para a coletiva de imprensa esteve o bispo de Santo André (SP), Dom Pedro Cipollini. Ele destacou a questão das mudanças como tema transversal, frisando que o processo sinodal deve levar algo a mudar – na linguagem bíblica, essas mudanças são chamadas de “conversão”.

Neste contexto, o bispo falou sobre três conversões: pastoral, que tem a ver com o modo de exercer a missão, também na mídia, alargar os lugares de evangelização; conversão estrutural, mais desafiadora, tendo como horizonte o Reino de Deus; e conversão espiritual, a partir do encontro com a pessoa de Jesus, que é a referência, ponto de partida e de chegada, insistindo na importância da Palavra de Deus e do testemunho pessoal de vida.

“As palavras podem convencer, mas é o testemunho que arrasta”, enfatizou Dom Cipollini. Ele defendeu a necessidade de uma mudança racional e emocional, e para isso se faz necessário “aprender a dar adeus a coisas antigas que já cumpriram sua missão e acolher o novo que está chegando neste Sínodo”.

Acolher a todos

Também presente na coletiva, a Superiora Geral das Irmãs de Nossa Senhora das Dores, Irmã Samuela Maria Rígon, afirmou que o processo sinodal que está sendo vivido é uma oportunidade de entrar em contato com realidades das quais ninguém fala, com diferentes vocações e papéis, dada a diversidade da Assembleia Sinodal. No caminho de renovação da Igreja, é necessário ler os acontecimentos à luz do sopro do Espírito Santo e seguir o exemplo de Jesus para encontrar as pessoas onde elas vivem e sofrem, acrescentou.

O presidente da Federação das Conferências dos Bispos Asiáticos, Cardeal Charles Bo, explicitou a conexão entre o caminho sinodal e seu efeito na Ásia. No processo sinodal, ele enfatizou a importância da conversa espiritual, do reconhecimento da importância do batismo e da participação de todos na tomada de decisões, incluindo os jovens, para os quais ele pediu que levassem em conta a importância da evangelização virtual.

Ele também se referiu ao desafio de confrontar o clericalismo por meio da prestação de contas, ainda mais quando há membros do clero que se sentem ameaçados pela sinodalidade. Da mesma forma, em meio a sociedades patriarcais, ele refletiu sobre as dificuldades para as mulheres assumirem papéis de liderança. “A Igreja Asiática, apesar dos desafios, quer ser uma Igreja sinodal, escutando a todos e acolhendo a todos”, concluiu.

“Precisamos escutar”

Por fim, o Cardeal Gérard Lacroix afirmou que “essa experiência sinodal é muito importante porque precisamos escutar”, acrescentando que “estamos nos preparando para sermos homens e mulheres que escutam os outros, mesmo aqueles que pensam de forma diferente” – um testemunho para o mundo de que é possível escutar uns aos outros e fazer um bom discernimento.

Trata-se de fazer isso por meio da sinodalidade, sentando-se juntos como uma comunidade de discípulos de Jesus para escutar juntos o que Deus está nos dizendo. “Não estamos buscando resultados, estamos buscando a santidade, os frutos do Reino de Deus”, enfatizou. Para isso, “precisamos continuar discernindo e lidando com essas questões, ouvindo o Deus fiel que está sempre ao lado das pessoas no caminho”, finalizou.

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