Relator-geral, Cardeal Hummes apresentou projeto do documento final do Sínodo
Da Redação, com Vatican News
O Sínodo para a Amazônia entra na última semana de trabalhos. Na manhã desta segunda-feira, 21, foi realizada, na presença do Papa Francisco, a 14ª Congregação Geral, durante a qual o Relator-geral, Cardeal Cláudio Hummes, apresentou o Projeto do Documento final do Sínodo. Na segunda parte da manhã e no período da tarde, novamente os Círculos Menores.
Os trabalhos de hoje começaram, como de costume, com a oração da Hora Média. A reflexão foi feita pelo arcebispo de Trujillo, Peru, Dom Héctor Miguel Cabrejos Vidarte.
O arcebispo peruano iniciou a sua meditação propondo o Salmo 110,22: “Bendigam ao Senhor todas as suas obras”. O Papa Francisco escolheu como início de sua Encíclica Laudato Si a poesia do Cântico do Irmão Sol. O Papa também confiou a São Francisco este Sínodo, nos jardins do Vaticano, no dia 4 de outubro. É por isso que convido vocês a percorrer uma parte do caminho espiritual de São Francisco, disse Dom Vidarte.
Francisco substitui a beleza medieval, reservada apenas aos poderosos, com a beleza destes últimos, no tocar e beijar o leproso. Essa oração, composta no Monte Averna, nos diz que o Deus de Francisco não é mais um Deus guerreiro, mas o Deus sofredor, o Deus que padece e compadece a dor do ser humano, ferido pela mortalidade. Embriagado pelo encontro com o Deus da ternura, Francisco está sempre pronto a louvar o Senhor.
Não há nuvens que possam obscurecer a dignidade da pessoa, prodígio de Deus; não há nuvens que obscureçam o valor da vida, maravilha de Deus; nem nuvens que ameacem o dom dos irmãos, que o perdão pode fazer brilhar. Sim, porque para Francisco a beleza não é uma questão de estética, mas de amor, de fraternidade a todo custo, de graças a todo custo. Louvado sejas, meu Senhor, pelo irmão vento, pelo ar e pelas nuvens, pelo sereno e todo tempo… Tu és beleza! Conhecer o Sumo Bem, reconhecer seus benefícios e devolver ao Sumo Bem o louvor (conhecer, reconhecer e retribuir) são os verbos que marcam o ritmo do caminho espiritual de São Francisco de Assis. O Deus conhecido por Francisco é o todo: meu Deus e meu tudo. Deus et Omnia é repetido por Francisco no seu louvor ao Deus Altíssimo, Deus todo em todos (1º Cor 15,28).
Francisco se refere ao Salmo 110,22: “Bendizei ao Senhor por todas as suas obras”, e ao Salmo 18,2: “Os céus narram a glória de Deus. Também os qualificadores: belo, radiante, claro, precioso, expressam as qualidades divinas que tornam as criaturas aptas a ajudar o homem que, tendo pecado, é incapaz de um louvor digno.
Os louvores do Senhor feitos por São Francisco e que começam: “Altíssimo, Todo-Poderoso, Bom Senhor”; o título: Cântico do Irmão Sol, que é a criatura mais bela. Pela manhã, quando o sol nasce, todo homem deveria louvar a Deus, que criou aquela estrela, pela qual nossos olhos são iluminados durante o dia. E à tarde, ao cair da noite, todo homem deveria louvar a Deus por aquela outra criatura: o irmão Fogo, por quem os nossos olhos são iluminados durante a noite”.
Ele ainda diz: “Somos todos como cegos, e o Senhor ilumina os nossos olhos por meio dessas duas criaturas. Por elas e pelas outras criaturas, que usamos todos os dias, devemos sempre louvar o Criador glorioso”. São Francisco descobre em Deus o lugar da Criação, devolve a Criação a Deus, vê Deus em todas as coisas e ousa chamá-las irmãs. Ele é o irmão universal (cf. LS 11), porque vê em Deus não só o Pai de todos, mas o Pai de todas as coisas.