Na madrugada de segunda-feira, 17, sacerdote foi raptado após ataque violento em Kaduna; caso volta a chamar a atenção para violência contra cristãos no país
Da Redação, com ACN Brasil
Foto: ACN
Mais um caso de violação da liberdade religiosa na Nigéria. A Arquidiocese de Kaduna relatou um ataque violento à comunidade de Kushe Gugdu, no qual homens armados invadiram a residência do pároco da Paróquia de Santo Estêvão, padre Bobbo Paschal, e o sequestraram.
No mesmo ataque, militantes assassinaram o irmão de outro sacerdote, o padre Anthony Yero, e raptaram diversas outras pessoas, o que demonstra o nível de violência enfrentado no país. Segundo o comunicado, o ataque chamou a atenção de organizações internacionais devido ao aumento da violência religiosa na Nigéria, reforçando a gravidade do cenário atual vivido pelas comunidades cristãs.
Padre Bobbo Paschal, sequestrado nesta segunda-feira, 17 / Foto: Arquidiocese de Kaduna
Diante do ocorrido, as autoridades eclesiásticas pedem que pessoas de boa vontade se unam em oração pela segurança e rápida libertação do padre Bobbo Paschal e dos demais sequestrados. Além disso, solicitam orações pelo descanso da vítima morta no ataque.
O Papa Leão XIV também citou a Nigéria em seus apelos após a oração do Angelus neste domingo, 16. O Pontífice dirigiu seu pensamento aos países de onde se ouve falar frequentemente de ataques a comunidades e locais de culto, mencionando ainda Bangladesh, Moçambique e o Sudão. “Deus é um Pai misericordioso que deseja a paz entre todos os seus filhos”, expressou.
Comunidade apreensiva
Até o momento, a Arquidiocese de Kaduna não registrou informações sobre outras vítimas fatais. Contudo, o clima de tensão permanece elevado: a comunidade local está apreensiva, pois ataques como esse têm se tornado mais recorrentes em áreas onde a presença de grupos extremistas é significativa.
A Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN) declarou profunda preocupação com mais esse episódio de violência contra cristãos e membros do clero. Dessa forma, a organização segue em contato direto com a Arquidiocese de Kaduna para acompanhar o desenrolar dos acontecimentos.
Perseguição continua
No último Relatório de Liberdade Religiosa, publicado pela ACN em outubro deste ano, a Nigéria foi oficialmente classificada como “sob perseguição”, o que indica violações graves e contínuas. A falta de segurança resulta de uma combinação de criminalidade, violência intercomunitária, terrorismo organizado e discriminação direcionada especialmente às comunidades cristãs.
No dia 31 de outubro, o governo dos Estados Unidos anunciou a redesignação da Nigéria como País de Preocupação Particular (CPC) sob a Lei de Liberdade Religiosa Internacional. Esse status reforça a gravidade da crise, já que é aplicado apenas a países com violações extremas da liberdade de crença.
A decisão ocorre em meio ao aumento dos ataques e à incapacidade do governo nigeriano de proteger minorias religiosas, especialmente comunidades cristãs. Grupos extremistas como Boko Haram e Estado Islâmico na Província da África Ocidental (ISWAP) seguem atuando em algumas regiões. Diante disso, cresce a pressão internacional por medidas concretas de proteção e resposta às perseguições no país.
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