Mistério pascal é o ápice do ano litúrgico e a religiosidade popular envolve os fiéis nesta Semana Maior
Nathalia Cassiano
Da redação
Em várias regiões do Brasil, as celebrações da Semana Santa são marcadas pelas tradições populares e pela fé no Cristo Ressuscitado. Desde o Domingo de Ramos, com a tradicional procissão dos Ramos, até a celebração da Páscoa, diversas são as manifestações da religiosidade popular que ajudam a vivenciar o mistério da Paixão, Morte e Ressurreição.
A piedade popular é algo que surge a partir da experiência de fé de pessoas ou grupos e se torna um meio de encontro com Deus. Trata-se de práticas enraizadas na experiência que os fiéis fazem no dia a dia.
Segundo o membro da Comissão para Animação Bíblico-Catequética da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Armando Bucciol, a partir desta proposta litúrgica, ao longo da história, as comunidades cristãs criaram muitas e significativas expressões de piedade popular.
“Essas piedades visam tornar mais popular e emocional o que a liturgia faz muitas vezes de maneira sóbria”, pontuou Dom Armando, que é bispo da Diocese de Livramento de Nossa Senhora (BA).
Nem todas as celebrações da Semana Santa são universais. Algumas iniciativas são mais conhecidas e tradicionais em algumas paróquias, como a Procissão do Fogaréu, a Procissão do Encontro e a Malhação de Judas, no Sábado de Aleluia.
Procissão do Encontro
A Procissão do Encontro é um momento para meditar o encontro da Virgem Maria com seu Filho Jesus, carregando a cruz no caminho do Calvário após ser flagelado, coroado de espinhos e condenado à morte.
De acordo com Dom Armando, alguns momentos dessa procissão merecem destaque. Um exemplo é o encontro de Jesus com Verônica e as mulheres que choram em Jerusalém.
Procissão do Fogaréu
Esta procissão teve início na cidade de Goiás. Surgiu no ano de 1745 e ficou reconhecida no estado como Patrimônio Cultural Imaterial. Ela é realizada na Quinta-feira Santa e recorda a prisão do Senhor.
Ao som de tambores e à luz de tochas, tem início a procissão, que simboliza a procura e a prisão de Cristo. Cerca de quarenta homens encapuzados representam os soldados romanos, com tochas nas mãos. O evento também conta com a presença de um coral que entoa cantos durante a dramatização, que representa a perseguição e a prisão de Jesus pelos soldados romanos.
Tríduo Pascal
O Tríduo Pascal tem início na Quinta-feira Santa, com a chamada “Missa de Lava-Pés”, gesto que recorda o que Jesus fez no início da sua última ceia.
A Sexta-feira Santa é o dia do Crucificado. O ponto alto é a celebração das 15h, horário em que acontece a meditação da Paixão. A celebração, austera e tocante, é dividida em três partes: liturgia da Palavra, adoração da cruz e comunhão eucarística.
No período da noite, uma tradição é a recordação da Via-Sacra. No Vaticano, por exemplo, o Papa preside a celebração tradicionalmente no Coliseu, com meditações para cada estação. Nas igrejas locais, outras tradições populares são a encenação da Paixão de Cristo e a Procissão do Enterro ou do Senhor Morto, momento único de unir o coração aos sofrimentos do Senhor.
Neste dia, a Igreja pede aos fiéis que vivam a abstinência de carne e o jejum até a Vigília Pascal.
No Sábado Santo é o momento oportuno que a comunidade se reúne para a celebração da Oração da Manhã (laudes), em profunda contemplação Daquele que morreu pela humanidade. Dom Armando explica que a malhação do Judas neste Sábado de Aleluia é uma tradição que se perde no tempo e tem um caráter simbólico de expiação dos males e de purificação por meio do fogo.
E o Domingo de Páscoa é o momento de celebrar a vitória sobre a morte.