Padre comenta semana dedicada à família, que começa neste domingo, 10; tema da iniciativa deste ano está em sintonia com o Jubileu da Esperança
Julia Beck
Da Reação

Foto: Canva
Que todas as famílias vivam júbilo e alegria ao caminhar com esperança diante dos desafios. É o desejo da Igreja para a Semana Nacional da Família 2025 – que será iniciada neste domingo, 10. Neste ano, a iniciativa, que está em sintonia com o Ano Jubilar, tem como tema: “É tempo de Júbilo em nossa vida”, e lema: “Ora a esperança não decepciona, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado (Rm 5,5)”.

Padre Rodolfo Chagas / Foto: Arquivo Pessoal
O assessor da Comissão Episcopal para a Vida e a Família da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), padre Rodolfo Chagas Pinho, reflete que o Jubileu da Esperança não é um tempo apenas de “recolhimento de indulgências”, mas um momento de reconciliação, perdão e superação de crises dentro das famílias.
“O Ano Santo deve ser esse momento de perdão (…) na vida comunitária, perdão para si próprio, reconciliação com os outros, vivência da fraternidade e amor”, disse o sacerdote. Ao tirar a tristeza e o pessimismo do coração, ele explica que muitos poderão viver a esperança e a coragem, transformar as muitas realidades que vivem e a sociedade onde estão inseridos.
Família
É senso comum no Brasil, independente da religião, que a família é a base, a célula mãe da sociedade, sublinha padre Rodolfo. Ele reforça que a harmonia da sociedade depende da harmonia da família.
“A Semana Nacional da Família impele católicos e não católicos a um momento de diálogo e reflexão. Nós queremos, (…) como Igreja, exercer esse diálogo, construir pontes para que, de fato, a família continue sendo a base de uma sociedade”, afirma.
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O sacerdote pontua também que a Semana Nacional da Família acontece no mês vocacional e celebra as muitas vocações que nascem a partir de uma família. O assessor da Comissão Episcopal para a Vida e a Família da CNBB esclarece que todas as vocações vêm do Batismo, e a família, como uma comunidade de discípulos, uma comunidade de batizados, ajuda seus membros no cultivo, promoção e discernimento desse processo.
“Todo ser humano precisa dar uma resposta a Deus. Nós somos criados por Deus e Deus espera uma resposta. Deus espera um ‘sim’ ou ‘não’ e (…) a família é a grande protagonista do discernimento e do seguimento vocacional dos seus filhos. Por isso a importância dos pais formarem, desde o ventre materno, esta caminhada, esta catequese, esse itinerário (…) do conhecimento de Jesus Cristo”, acrescentou.
Desafios
São muitos os desafios enfrentados pelas famílias. Padre Rodolfo aponta alguns: uso excessivo de tecnologias, desumanização nos relacionamentos familiares, falta de atenção e de escuta entre marido, mulher, pais e filhos; falta de tempo e dedicação, relacionamentos familiares machucados, falta de convivência e perdão, e ausência de comunicação entre os esposos. “Os pais precisam ter consciência de que o tempo passa, o afeto não”, indica.
O sacerdote sublinha também os desafios externos: questões financeiras – pobreza, políticas públicas, educação, segurança, saúde. Segundo o presbítero, mesmo com as inúmeras situações capazes de desestabilizar as famílias, se houver amor, afeto e carinho, é possível dar passos diante das dificuldades, semeando generosamente a esperança.
Olhar da Igreja
“A Igreja como mãe, cuidadora e educadora – como dizia o Papa Francisco – deve ser como um hospital em tempo de guerra, que acolhe os feridos e cura os machucados”, enfatiza o sacerdote. Para isso, ele explica a necessidade de voltar o olhar para Jesus Cristo, que é a referência, princípio e fim de todas as coisas.
Atualmente, a Igreja oferece pastorais que apoiam as famílias. São elas a Pastoral da Esperança (para cuidar de quem enfrenta o luto), a Pastoral Familiar (que ajuda as famílias em suas dificuldades), a Pastoral da Criança (que apoia crianças mais necessitadas e suas famílias), entre outras. Estes meios, reforça padre Rodolfo, são formas de pastorear o “rebanho de Jesus Cristo”.
No entanto, o sacerdote afirma que os católicos, além de ajudarem nestas pastorais, devem apoiar o direito à vida, à educação, à moradia, ao trabalho, à saúde e à segurança, pois assim, estarão apoiando também as famílias.
“Jesus nos pediu no seu Evangelho: amai-vos uns aos outros. É o Evangelho na prática, é viver o amor na prática, a caridade na prática. E, dentro disso, claro, aquilo que a Igreja nos propõe na sua doutrina social, que não é ideologia partidária política, é o ‘Evangelho prático’”, indica. Defender a dignidade humana, reitera o assessor da Comissão Episcopal para a Vida e a Família da CNBB, é defender a vida integralmente e promover a família.