No âmbito da comemoração dos 50 anos da independência angolana, Pontífice recebeu medalha a título póstumo por contribuição com a libertação da África
Da Redação, com Vatican News

Papa Paulo VI
Angola condecorou, a título póstumo, São Paulo VI com a Medalha dos 50 Anos da Independência. A cerimônia aconteceu nesta quinta-feira, 6, durante a oitava e última sessão de condecorações atribuídas a cidadãos nacionais e estrangeiros pela sua contribuição à luta de libertação nacional, à construção da paz e ao desenvolvimento do país.
A medalha e o diploma honorífico foram entregues pelo presidente angolano, João Lourenço, ao Núncio Apostólico em Angola e São Tomé, Dom Kryspin Dubiel. O governante recordou a importância do gesto do então Papa Paulo Vi que, em 1º de julho de 1970 recebeu no Vaticano os líderes dos principais movimentos de libertação africanos – Agostinho Neto (Angola), Amílcar Cabral (Guiné-Bissau e Cabo Verde) e Marcelino dos Santos (Moçambique).
Contexto histórico
O encontro, ainda que realizado de forma breve e informal, foi considerado um marco diplomático que deu visibilidade internacional às lutas de libertação no continente africano, apesar do Papa ter apelado ao uso de meios pacíficos para a concretização dos ideais independentistas.
À época, o governo português considerava os líderes independentistas como terroristas e havia emitido mandados de captura contra eles. O encontro com o Papa provocou um incidente diplomático entre Lisboa e a Santa Sé. Como resposta, Portugal chegou a chamar o seu embaixador junto ao Vaticano de volta a Lisboa.
Segundo analistas, essa audiência foi um momento decisivo no reconhecimento internacional das causas de libertação africanas. O gesto de São Paulo VI, embora discreto, reforçou a legitimidade das aspirações à liberdade e independência dos povos colonizados. Cinco anos depois, no dia 11 de novembro de 1975, Agostinho Neto proclamou a independência de Angola.
Relação entre São Paulo VI e a África
Eleito em 1963, o Papa Paulo VI foi o primeiro Pontífice a visitar o continente africano. Em 1969, ele viajou para Uganda apenas sete anos após a independência do país do domínio britânico.
Em março de 1967, atento às transformações políticas e sociais das novas nações africanas e aos desafios do desenvolvimento humano integral, o Santo Padre publicou a Carta Encíclica Populorum Progressio, considerada um dos documentos mais influentes do Magistério social da Igreja.
Ainda no mesmo ano, em outubro, escreveu a Carta Apostólica Africae Terrarum, dirigida aos povos africanos, na qual expressava apreço pela cultura do continente e encorajava o fortalecimento das Igrejas locais.
Demonstrando atenção pastoral a Angola, antes mesmo da independência do país, Paulo VI nomeou vários bispos autóctones, entre os quais Dom Eduardo André Muaca, Dom Armando Amaral dos Santos, Dom Zacarias Kamwenho, Dom Alexandre do Nascimento, Dom Francisco Viti, Dom Manuel Franklin da Costa e Dom Óscar Braga.




