Igreja Católica celebra, nesta quinta-feira, 11, a vida de São Bento – considerado o pai dos monges e conhecido pelo lema “Ora et Labora”
Thiago Coutinho
Da redação
Viver o equilíbrio entre oração e trabalho. Neste 11 de julho, a Igreja Católica celebra a vida de São Bento, considerado o pai dos monges e padroeiro do continente europeu. A tradição monástica costuma se resumir no conceito Ora et Labora, “reza e trabalha”. É importante, porém, atentar-se para um equilíbrio.
“Não se sabe a origem desse lema [Ora et Labora]”, explica Dom Gregório de Oliveira Ferreira, do Mosteiro de São Bento de São Paulo. “Em toda regra de São Bento, o livro que seguimos nos mosteiros, ele nos fala da oração, da oração coral, que hoje chamamos de Liturgia das Horas. E distribui os trabalhos no mosteiro, como deve ser a vida do monge. Ele diz que o verdadeiro monge vive do trabalho de suas mãos”.
A oração, segundo as instruções de São Bento, devem ser descomplicadas, simples. “Durante o nosso dia, sobretudo ao acordar, agradecer a Deus. Antes de dormir, ao final do dia. Mas, antes de tudo, ter uma conexão com Deus”, ressalta o religioso. “Precisamos de momentos em que nos dedicamos a Ele, estarmos conectados a Ele, é esta a questão principal”.
Conciliar as atividades
Dom Gregório detalha ainda uma maneira de conciliar preces e trabalho. Deus está em todas as partes — especialmente em nossos ofícios. O ideal é canalizar nossos pensamentos a Deus a todo instante. “São Bento diz que o monge deve viver sempre na presença de Deus. Viver na presença de Deus é estar com Ele em nosso trabalho, no trânsito, com os filhos, no escritório. Estar com o coração voltado a Deus, isso é o mais importante”, pondera.
A jornada de trabalho no mundo todo é longa e árdua — estimativas apontam que o brasileiro trabalha mais do que a média mundial. No entanto, um tempo de encontro com Deus é defendido pelos beneditinos como essencial para que a vida espiritual possa seguir adiante e ajudar nos percalços enfrentados diariamente.
“Devemos ter um tempo de encontro com Deus todos os dias”, adverte Dom Gregório. “Há algo na espiritualidade monástica que chamamos de Lectio Divina, a leitura da Palavra da Deus contida na Escritura. Temos este hábito de lê-la. Seja uma leitura do dia ou contínua, uma leitura ininterrupta da Bíblia. Dedicar um tempo para ler a Bíblia diariamente, que consiga perceber as nuances do texto. Ali, vou, aos poucos, purificando meu pensamento e tentando pensar como Cristo pensa. Quando me abro para a Lectio Divina, abro-me para conhecer o próprio Cristo por meio da sua palavra”.
Ao menos 15 minutos diários de leitura da Palavra podem ajudar a criar essa intimidade com Deus. “É conhecer melhor o Cristo por meio da Palavra”, afirma.
Disciplina e diálogo
A leitura da Palavra, para Dom Gregório, exige observância e disciplina. Mesmo que haja pouco tempo disponível para absorver o que Deus tem a dizer por meio da Bíblia, é necessário que este exíguo intervalo seja dedicado à leitura de maneira satisfatória.
“Que sejam 15 ou 20 minutos do meu dia, mas assim conhecerei melhor a Cristo”, aconselha Dom Gregório. “E, muitas vezes, nossas orações são feitas daquilo que queremos e precisamos. Mas também é necessário ouvir o que Ele tem a dizer e quer de nós. É necessário ter essa constância de, todos os dias, ter um tempo para Deus”, adverte.