Celebrado nesta sexta-feira, 13, santo franciscano de grande devoção popular é reconhecido como Doutor da Igreja e famoso por seus sermões
Gabriel Fontana
Da Redação

Foto: Roberto A. Sanchez de Getty Images
Querido por muitos fiéis ao redor do mundo, Santo Antônio é celebrado pela Igreja nesta sexta-feira, 13. Além da devoção popular, existem diversos aspectos que podem ser destacados em seu testemunho de santidade.
Nascido em Lisboa no ano de 1195, seu nome de batismo é Fernando. Aos 15 anos, ingressou na Ordem dos Cônegos Regulares de Santo Agostinho, sendo posteriormente ordenado sacerdote. Contudo, atraído pela vivência radical do Evangelho proposta por São Francisco de Assis, decidiu entrar na Ordem dos Frades Menores em 1220.

Frei Fidêncio Vanboemmel, OFM / Foto: Arquivo pessoal
Frei Fidêncio Vanboemmel, OFM, observa que Santo Antônio foi canonizado rapidamente – apenas 11 meses após sua morte em 1231. Tal reconhecimento se deu por sua fama de santidade, que fez crescer ainda mais a piedade popular que já existia devido aos seus milagres e à sua profunda espiritualidade.
Diante disso, o religioso sugere que as devoções atribuídas ao franciscano, como a fama de “santo casamenteiro” e “restaurador das coisas perdidas”, devem conduzir os fiéis a um aprofundamento sólido de sua doutrina.
“Creio que na vida de Santo Antônio, assim como na de São Francisco de Assis, a piedade popular e a doutrina mais douta encontram sua convergência no Evangelho de Jesus Cristo. E a partir do Evangelho tudo se torna mais compreensível”, expressa.
Dom da pregação
Entre alguns fatos marcantes da vida do santo franciscano, frei Fidêncio aponta a inteligência ligada ao profundo conhecimento das Sagradas Escrituras. “Podemos dizer que Santo Antônio ‘navegava’ com muita liberdade através dos textos da Bíblia”, expressa o religioso, recordando que ele foi reconhecido como Doutor da Igreja pelo Papa Pio XII, em 1946.
O dom do frei Antônio foi “descoberto” em 1222, quando foi chamado para substituir um pregador em uma Missa de ordenação sacerdotal. “Antônio falou tão profundamente da Palavra de Deus que o bispo chamou-o de ‘Arca do Evangelho’. A profundidade da devoção à Palavra de Deus e sua capacidade de pregar, afervorada na oração, o tornaram o grande pregador que foi na Igreja do seu tempo”, comenta frei Fidêncio.
O exemplo de Santo Antônio deve inspirar-nos a viver de forma simples e contemplativa o Evangelho.
– Frei Fidêncio Vanboemmel, OFM
As pregações de Santo Antônio foram fundamentais, inclusive, para combater duas heresias da época: os cátaros e os albigenses. Em suma, estes grupos divulgavam uma visão dualista do mundo, segundo a qual o mundo material era mau, e o mundo espiritual, bom.
Neste contexto, frei Fidêncio enfatiza a capacidade de refutar as heresias não provocando confrontos, mas permanecendo fiel à prescrição de São Francisco de Assis de permanecerem fiéis à Igreja. “A palavra de Deus é fecunda em si mesma. Ao pregador cabe a tarefa de aquecer-se interiormente pela palavra para jamais proferir palavras frias, sem espírito e sem vida”, observa o religioso.
Pregação aos peixes
Um episódio que ilustra este fervor testemunhado por Santo Antônio foi a pregação aos peixes. Conta-se que, após ser rejeitado por hereges em Rimini, o franciscano começou a pregar às margens de um rio. Milagrosamente, os peixes na água se reuniram para escutar as palavras do franciscano.
A Palavra de Deus é viva e imperecível, ela é eterna e permanece e para sempre.
– Frei Fidêncio Vanboemmel, OFM
“Ao se dirigir aos peixes, Santo Antônio simbolicamente nos faz lembrar que a Palavra de Deus pode ser acolhida até mesmo por aqueles mais distantes, isto é, a todas as pessoas que estivessem abertas para ouvi-la. Portanto, a grandeza e a transcendência da fé podem atingir até mesmo as criaturas mais simples e humildes”, explica frei Fidêncio.
Além disso, este episódio traz à tona a busca incessante de Santo Antônio, no sentido de jamais desistir diante da rejeição ou da dureza de coração. Diante de seu anseio por evangelizar, o franciscano foi “recompensado” e pôde pregar a Palavra de Deus. “Afinal, as infinitas graças que Deus oferece podem se manifestar em fenômenos que ultrapassam a lógica humana”, sublinha o religioso.
O ordinário pela óptica de Deus

Sandro Arquejada / Foto: Arquivo Pessoal
Missionário da Comunidade Canção Nova, Sandro Arquejada enfatiza o exemplo deixado por Santo Antônio. O pregador reconhece no franciscano um homem que via a vida pela óptica de Deus, independentemente da situação em que se encontrava.
“O leitor, tendo meditado alguns dos Sermões, terá a impressão que Santo Antônio não fazia nada sem se lembrar da Palavra do Senhor e associar o fato ordinário de sua vida com alguma passagem da Sagrada Escritura. Não era o transitório que determinava a vivência de Antônio; era a Palavra que definia seus atos, a mentalidade, a inspiração de suas decisões”, declara Arquejada.
Diante disso, o missionário reconhece o testemunho de vida e de busca de santidade do franciscano. “Ele era um homem com seus sonhos, suas aspirações, que tinha vários dons e que poderia ter alcançado tudo o que almejava, vivendo um função de uma felicidade terrena, mas, foi dócil ao chamado de Deus e reverteu tudo o que ele era e tinha em si, para se dedicar em amor por Deus e àquilo que é eterno”, conclui.