Doutor da Igreja viveu uma vida de pecado, mas se converteu graças às orações de sua mãe, Santa Mônica; confira outros relatos da intercessão de pais por seus filhos
Laura Lo Monaco
Da Redação
Santo Agostinho é recordado pela Igreja nesta quarta-feira, 28, um dia após a memória de sua mãe e intercessora, Santa Mônica. A vida do santo nascido no século IV em Tagaste, na Argélia, pode ser dividida em dois grandes momentos: o antes e o depois de sua conversão.
Agostinho foi um exímio estudante e teve uma carreira de destaque, mas vivia uma vida longe da Igreja, mergulhado na luxúria e nos prazeres do mundo. O coração de sua mãe se entristecia ao ver o filho vivendo uma vida de pecado e, ano após ano, ela rezava para que ele tivesse um bom matrimônio.
A exemplo de Santa Mônica, muitas mães e pais testemunham verdadeiros milagres e conversões dos filhos após confiante oração. Em Cachoeira Paulista (SP), Valdir Rodrigues e sua esposa, Jaqueline Rodrigues, viram sua filha Maria Vitória ser curada de um aneurisma com a ajuda de suas orações. Também na região do Vale do Paraíba paulista, Pedro Gonçalves viu sua vida ser transformada após seguir os passos de fé de sua mãe.
As lágrimas que semearam o amor pela Verdade
Por volta dos 30 anos, Santo Agostinho começou a encontrar nas pregações do bispo de Milão, Santo Ambrósio, a Verdade que sempre procurou nos prazeres do mundo. As orações de Santa Mônica e o anúncio do Evangelho feito por Santo Ambrósio foram decisivos para Agostinho se render ao Amor de Deus.
No livro autobiográfico As Confissões, ele narra a sua vida antes e após a conversão, transbordando em palavras a alegria e as graças que inundaram sua vida após ter encontrado a Verdade: Jesus Cristo. Entre seus escritos, a intercessão de Santa Mônica é relatada no capítulo oitavo: “De tal forma me convertestes a vós [Deus] que eu já não procurava esposa, nem esperança alguma no mundo, mas permanecia firme naquela regra da fé que em tantos anos antes me tinha mostrado minha mãe. Transformastes a sua tristeza [de Mônica] em uma alegria muito mais profunda do que ela desejava e muito mais querida e casta do que a que podia esperar dos netos nascidos de minha carne”.
O milagre da cura
O planejador de produção Valdir compartilha o início da história de cura de sua filha, neste ano de 2024. “Eu e minha esposa Jaqueline estávamos buscando tratamento para uma constante dor de cabeça que assolava nossa filha Maria Vitória, de 8 anos. O neuropediatra solicitou um exame chamado angioressonância e, no dia 30 de julho, recebemos o resultado: aneurisma sacular da artéria basilar”, relata.
Valdir e sua esposa ficaram preocupados por saberem da gravidade da doença e, uma vez que o diagnóstico é raro em crianças, o neuropediatra solicitou com urgência a repetição do exame em outro laboratório, em São Paulo (SP). Após a confirmação do diagnóstico de aneurisma sacular, Maria Vitória foi internada e iria realizar uma angiografia no dia 5 de agosto, para mapear com mais detalhes o encaminhamento para a cirurgia.
“Minha esposa e eu já estávamos rezando o terço juntos todos os dias, onde sempre colocávamos em intenção a saúde de nossos filhos. Pedíamos, mesmo não sendo merecedores, que Deus curasse a Maria Vitória sem a necessidade de intervenção cirúrgica. Rezávamos constantemente a oração do Pai-Nosso e da Ave-Maria, pedindo pela intercessão de Nossa Senhora de Aparecida e de Nossa Senhora da Santa Cabeça”, narra.
Sinais de Deus
Na capital paulista, no dia 4 de agosto, Valdir participou da Santa Missa na Paróquia de Santo Agostinho, no mesmo bairro onde ficava o hospital. Ele se ajoelhou para rezar antes do início da Missa, pedindo a intervenção de Deus no caso de sua filha, para que Ele tocasse a artéria com o aneurisma em seu cérebro e a curasse, e pediu também sinais da realização desta cura.
“Ao me sentar para o início da Missa, uma das ministras da Eucaristia pediu para eu entrar com a Cruz, à frente da equipe litúrgica. Entendi isso como um primeiro sinal de meu pedido a Deus. O frei que celebrou a Missa, ao se apresentar, informou que era pároco de uma igreja em Campinas (SP), de Nossa Senhora da Cabeça – entendi isso como um segundo sinal ao meu pedido e já estava com grande alegria”, relata.
O pai de Maria Vitória conta que, após receber a hóstia consagrada, já em comunhão com Deus, ajoelhou-se para rezar e agradeceu por tudo que sua família estava passando. Ele deu graças pelos sinais durante a Missa e continuava pedindo para que Ele tocasse em sua filha onde precisava ser curado. Confiante, pedia de todo o coração pela intercessão de Nossa Senhora de Santa Cabeça e Nossa Senhora de Aparecida.
“Eu repetia várias vezes a passagem do Evangelho de Mateus: “Senhor, sei que não sou digno de que entres em minha casa, mas apenas manda com uma palavra, e minha filha será curada” (Mt 8,8). Então veio pra mim a visão da mão de Deus tocando, ajustando a artéria na cabeça de minha filha, uma visão muito nítida, clara e fora do comum. Nesse momento, eu tive a confirmação da cura”, expressa.
“Podemos sempre contar com a intercessão de Nossa Senhora”
No dia seguinte, após a Maria Vitória realizar o exame da angioressonância, o neurocirurgião constatou que se tratava de uma formação diferente da artéria basilar, com mais curvas que o comum, e que possivelmente por isso nos demais exames formava-se a imagem de um aneurisma. Valdir conta que o médico não conseguiu explicar porque todos os exames anteriores indicavam o aneurisma enquanto a angioressonância, o exame mais importante antes da cirurgia, constatou-se que não se tratava de um aneurisma.
“Isso, a nosso ver, foi na verdade um milagre de Deus, foi realmente a mão de Deus consertando essa artéria, tirando esse mal, esse aneurisma de nossa filha. Inclusive após nosso retorno, ela não sentiu mais as dores de cabeça cuja frequência era de aproximadamente duas vezes por semana. Após tudo isso, fortalecemo-nos ainda mais na fé e na certeza de que Deus está sempre conosco e que podemos sempre contar com a intercessão de Nossa Senhora, mãe de Deus, por todos nós”, conclui Valdir.
Abandono a uma vida de pecado
A empresária Cristina Gonçalves, 56, também viveu a alegria de ver seu filho mudar de vida após anos de oração. Cristina compartilha que educou seus três filhos na fé católica e que, após cada nascimento, ao sair do hospital, teve a graça de levar cada um deles para apresentar e consagrar a Nossa Senhora Aparecida, já que morava perto do Santuário Nacional de Aparecida, localizado em Aparecida (SP).
Entretanto, Cristina começou a perceber mudança no comportamento de seu filho mais novo, Pedro Gonçalves, durante a adolescência. Ela compartilha suas práticas oracionais neste período: “Me apeguei ao terço, a visitas ao sacrário e a grupos de oração. A Canção Nova sempre foi para mim um suporte espiritual, me fortalecendo e orientando. Padre Pio é meu santo de devoção, como aprendi com ele, sempre solicitava e enviava o anjo da guarda para cuidar, proteger e intervir para que as portas certas fossem abertas e as erradas fossem fechadas na vida e na carreira do meu filho”, explica.
Ao recordar este período, Pedro conta que as bebidas, as drogas e as festas faziam parte da sua rotina. “Eu vivia uma vida toda longe da Igreja: não ia à Missa, não rezava, vivia uma vida de pecado e de desordem sexual. E depois de um tempo, eu comecei a sentir uma tristeza, um vazio… Minha mãe sempre chorava muito quando se deparava com a minha realidade, e isso foi me deixando muito triste”, declara.
Determinada decisão
O jovem relata que, diante desse vazio interior que o inquietava, concluiu que sua alegria não poderia deixar sua mãe triste. A partir disso, passou ler a Bíblia, e pediu para sua mãe o livro A Bíblia no meu dia a dia, do Padre Jonas Abib.
Assim, Pedro iniciou uma mudança de vida. O comerciante de Lorena (SP) recorda a perseverança de sua mãe: “Uma vez, ela chegou a fazer três mil Ave-Marias para mim, sempre intercedendo. Ela chegou a esperar em torno de sete anos até a minha transformação”. “Aos poucos, fui deixando a vida de pecado”, prossegue, “um de cada vez, até o ponto de eu ter que romper com amizades para ter que parar de fumar, de beber e tudo mais. E aí comecei a frequentar mais a Missa, a confissão, a Eucaristia e a minha vida se encheu de sentido”.
Sonho de construir uma família
O filho de Cristina narra que descobriu sua vocação ao matrimônio e fez uma promessa a Deus de ficar um ano sem se relacionar com ninguém, para que Ele pudesse apresentar a mulher que seria sua esposa. Após esse período, a fé de Pedro não esfriou, e ele renovou a promessa. “Pela graça, eu fiz um retiro do Cursilho, e lá eu conheci a minha esposa. Tudo aconteceu rápido, em seis meses eu estava noivo e, depois de mais seis meses, eu estava casado já”, partilha.
Voltando aos dias atuais, Pedro declara: “Minha rotina mudou toda, mudei de emprego e hoje minha vida é toda voltada para minha família, entendo que meu primeiro serviço é a minha casa. Minha rotina é de oração com minha esposa, estamos construindo uma família linda e confiamos que, no tempo certo, Ele nos dará a graça de um filho. Sou muito grato a Deus e a Nossa Senhora por terem me resgatado do mundo”.
Com alegria, Cristina compartilha que, após a conversão de seu filho, sua fé se fortaleceu: “Hoje, meu filho é exemplo até mesmo para mim: exemplo de retidão e observância no comportamento de um verdadeiro cristão. Aprendi que, quando consagramos nossos filhos a Nossa Senhora e verdadeiramente confiamos, ela não nos deixa sozinha nessa missão”.