Superintendente das Obras Sociais e gestor do Santuário comentam legado deixado pelo “Anjo Bom da Bahia”, no dia que a Igreja celebra sua memória
Gabriel Fontana
Da Redação
Neste dia 13 de agosto, a Igreja celebra a memória de Santa Dulce dos Pobres. Conhecida como “Anjo Bom da Bahia”, ela se tornou a primeira santa nascida no Brasil, após ser canonizada pelo Papa Francisco em 2019.
A história de Maria Rita de Sousa Brito Lopes Pontes, contudo, vai muito além desse marco histórico para os católicos brasileiros. A baiana de Salvador encontrou na vida religiosa o cumprimento de sua vocação, e no cuidado com os pobres, a sua missão. Após uma vida inteira dedicada a eles, Santa Dulce deixou um enorme legado espiritual e social para o país baseado na caridade.
Ainda jovem, Maria Rita acolhia pobres na casa de sua família para cuidar deles – o local recebia tantos necessitados que passou a ser conhecido como “portaria de São Francisco”. Após ingressar na vida religiosa e assumir o nome de Irmã Dulce, ela seguiu com a sua missão de cuidar dos mais pobres, chegando a ocupar – e ser expulsa – de cinco diferentes casas.
Alguns anos depois, em 1949, solicitou à Superiora do Convento Santo Antônio (inaugurado dois anos antes) que pudesse ocupar uma das instalações do prédio. Dessa forma, ela começou pelo galinheiro do convento, do qual surgiu, em 1960, o Hospital Santo Antônio. Atualmente, é a maior unidade de saúde da Bahia.
Legado social de Santa Dulce dos Pobres
Aproximadamente nesta mesma época surgiram as Obras Sociais Irmã Dulce, que seguem em atividade até hoje para cuidar do legado social do Anjo Bom da Bahia, que faleceu em 1992. Hoje em dia, uma das pessoas à frente deste conjunto é a sobrinha de Santa Dulce dos Pobres, Maria Rita Pontes.
A superintendente das Obras Sociais Irmã Dulce destaca as lições de amor ao próximo, humildade, simplicidade e empatia deixadas pela tia. “Ela nunca desistiu dos seus sonhos por maiores que fossem os obstáculos e os desafios. Sempre lutou até o fim pelos seus pobres, e sempre teve uma fé absoluta em Deus: em nenhum momento ela vacilou”, partilha Maria Rita.
“Santa Dulce sempre fez tudo pelos seus pobres, mesmo com todas as adversidades.”
– Maria Rita Pontes, sobrinha de Santa Dulce dos Pobres
Ela destaca ainda que o legado deixado por Santa Dulce continua a se ampliar. Atualmente, a obra na Bahia corresponde a um dos maiores complexos de saúde com atendimento exclusivo pelo SUS, recebendo mais de 3 milhões de pessoas por ano. Segundo Maria Rita, anualmente são realizados mais de 6 milhões de procedimentos ambulatoriais, mais de 63 mil internamentos e 46 mil cirurgias.
Além disso, é realizado um trabalho especial com os idosos, através do Centro Geriátrico, que atende desde o ambulatório até o cuidado paliativo. As Obras Sociais Irmã Dulce adentram também o campo da educação. Em Simões Filho (BA), há o Centro Educacional Santo Antônio, onde são atendidas 950 crianças e adolescentes em uma escola de tempo integral.
“Santa Dulce dizia ‘essa obra não é minha, é de Deus, e o que é de Deus permanece para sempre’. É o que a gente vê: a obra crescendo a cada ano, salvando vidas, transformando vidas. Esse é o caminho: que a obra continue sempre mantendo o legado de Santa Dulce vivo na memória e também no dia a dia das pessoas que precisam”, expressa a sobrinha da santa.
Sonhos para o futuro
Maria Rita partilha ainda alguns dos sonhos que as Obras Sociais têm. Entre eles, está a ampliação da quantidade de leitos de UTI no Hospital Santo Antônio. Outro objetivo que já está se concretizando é a oferta de serviços da hemodinâmica em parceria com a Prefeitura de Salvador, que permitirão a realização de cirurgias vasculares, cardiológicas e também neurológicas.
“Esse é um sonho que está muito próximo de se realizar, por isso a gente conta com apoio de toda a sociedade, das empresas e do governo para que a qualidade de atendimento do hospital de Santa Dulce dos Pobres possa ser cada vez melhor e mais voltado para a qualidade de atendimento às pessoas mais pobres”, explica a superintendente. Ela observa que, para mais informações sobre como contribuir com as Obras Sociais, basta acessar o site da obra.
Ser instrumento de paz no mundo
O gestor do Santuário Santa Dulce dos Pobres, Marcio Didier, também enfatiza o legado deixado pelo Anjo Bom da Bahia. Ele sublinha que a religiosa era uma mulher de ação e de oração, com uma profunda comunhão com a mensagem cristã. “Ela enxergava no Cristo a sua liderança maior, era o Mestre dela. O legado espiritual dela é esse legado profundamente humano, mas com um olhar para além do humano”, manifesta.
Neste contexto, Didier comenta que a missão do Santuário, ao levar adiante esta herança deixada por Santa Dulce, é ser instrumento de paz no mundo, acolhendo e aquietando a dor de quem está sofrendo. “E a gente só consegue amar, de fato, quando a gente interioriza esse amor e transforma esse amor em paz interior”, expressa o gestor do Santuário.
“O que fazer para mudar o mundo? Amar.”
– Santa Dulce dos Pobres
Em relação à importância de celebrar a memória de Santa Dulce dos Pobres, o gestor do Santuário salienta como o exemplo da religiosa inspira, comove, toca, transforma e faz uma grande diferença na vida das pessoas.
“Toda vez que a gente celebra e faz essa festa, essa homenagem a ela, repetindo passos que ela dava na direção do outro, sempre a procura de encontrar o Cristo na dor do outro, a gente reaviva, reafirma a sua memória e esse testemunho de caridade que era diário e que a gente vive aqui”, conclui Didier.