Apelo

Sanções agravam crise humanitária na Síria, alerta arcebispo de Aleppo

Dom Jeanbart  afirma que sanções contra o país não provocam impacto no regime de Bashar al-Assad, mas tornam os sírios mais pobres e miseráveis

Da redação, com Vatican News

Imagem aérea da cidade de Aleppo, na Síria /Foto: REUTERS/Omar Sanadiki

As sanções ocidentais agravam a crise humanitária na Síria. É o que afirma o arcebispo grego-melquita de Aleppo, Dom Jean-Clément Jeanbart. O presbítero concedeu uma entrevista à Ajuda à Igreja que Sofre (ACN). Um apelo pelo fim das medidas coercitivas impostas contra Damasco, foi emitido por Dom Jeanbart.

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O arcebispo de Aleppo confirmou a dramática crise humanitária na Síria, exaurida por dez anos de guerra e pela crise econômica. “As pessoas não têm mais alimentos, eletricidade, combustível e gás suficientes para aquecer as suas casas. Não conseguem obter empréstimos. Realmente perderam tudo”, diz o prelado.

Para Dom Jeanbart, as sanções somente agravam a situação e não terão o efeito esperado de enfraquecer o regime. “O único resultado obtido é o de fazer sofrer as pessoas e torná-las pobres e miseráveis”. As sanções não provocarão impacto no governo e na sua política, reiterou. “Estão tirando das famílias o que lhes é necessário para viver com dignidade”.

Ajuda das ONGs

Ao se dirigir às ONGs, o prelado pede que ajudem os sírios a permanecerem onde estão. Ou seja, a continuarem a viver no país que nasceram. A abertura de um diálogo com Assad foi defendida por Dom Jeanbart:

 “É necessário um diálogo justo que deixe aberta a possibilidade ao governo e ao presidente de apresentarem seus pedidos. Os governos ocidentais podem exercer pressão oferecendo o que é pedido. Desde que concordem em encontrar um caminho para a paz e mudar alguns dos seus comportamentos”.

Apelo ao presidente Joe Biden

A denúncia de Dom Jeanbart segue-se ao apelo feito em 21 de janeiro ao novo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.

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O pedido foi feito juntamente com o secretário-geral do Conselho das Igrejas do Oriente Médio (MECC), Michel Abs. Contribuiu para o pedido, o patriarca sírio-ortodoxo Mar Ignatius Afrém II e o sírio-católico Ignace Yussif III Younan. O greco-melquita Youssef Absi, também assinou a carta.

Na carta, os líderes cristãos do Oriente Médio pediram ao chefe da Casa Branca uma “resposta urgente”. O objetivo é ajudar a aliviar a crise humanitária na Síria. Ela “ameaça desencadear uma nova onda de instabilidade no Oriente Médio”.

Os signatários pediram a revogação das sanções e destacaram que “esta forma de punição coletiva” está mergulhando o país em “uma catástrofe humanitária sem precedentes”.

Recomendações da Relatora Especial das Nações Unidas

A carta citava, em particular, as recentes recomendações da Relatora Especial das Nações Unidas. Ela comentou sobre os impactos negativos das medidas coercivas unilaterais sobre os direitos humanos. A relatora citou a urgência de remover as sanções: “Elas tornam a grave situação na Síria ainda mais insustentável”.

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A pandemia de Covid-19 bloqueia as ajudas, o comércio e os investimentos necessários. Isso causa séria consequências para o funcionamento do sistema de saúde e da economia síria.

 

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