Preparação

Religiosa e padre dominicano fazem meditações no retiro pré-sinodal

Retiro espiritual para os participantes do Sínodo dos Bispos está no seu último dia; segunda sessão do Sínodo será iniciada nesta quarta-feira, 2

Da redação, com Vatican News 

Sínodo 2021 -2024 / Foto: divulgação CNBB

O segundo dia do retiro espiritual que antecede o início da segunda sessão da Assembleia Geral do Sínodo contou com reflexões da madre Maria Ignazia Angelini e do padre dominicano Timothy Radcliffe. Participam do encontro os membros, delegados fraternos e convidados especiais.

A religiosa guiou sua meditação a partir do verso de Isaac, o Sírio: “Se você ama a verdade, ame o silêncio”. Já padre Radcliffe refletiu sobre a dicotomia entre a escuridão de um mundo “dilacerado e dividido”, e a luz do Senhor. “Ressurreição – Café da manhã” foi o tema de outra meditação do dominicano.

Silêncio de Deus

Precedendo a sequência de reflexões do padre Radcliffe, Madre Angelini explicou o tema do silêncio como louvor a Deus. “Na raiz de cada oração, de cada ‘obra de Deus'” – disse ela – “vibra o Sopro silencioso de Deus. Trata-se de percebê-lo”, porque, como afirmou Inácio de Antioquia, “o Senhor é conhecido no seu silêncio”, naquele “vazio” que representa “a dimensão constitutiva da palavra humana”.

O silêncio como “o mais alto louvor, onde só se pode admirar a obra de Deus”, continuou a religiosa, é também o que “nos posiciona na celebração penitencial e também nos impele a valorizar todo o peso das pausas de silêncio introduzidas nos diálogos sinodais”. Tais momentos, de fato, não devem ser entendidos como “uma diversão”, mas sim como “uma escuta maravilhada do que nunca foi ouvido”, um silêncio que dá valor e substância às interações entre os participantes da Assembleia.

Na vida cotidiana das palavras, continuou madre Angelini, há muitos silêncios hipócritas que não permitem ao coração humano – “esclerosado pelas ansiedades e frustrações”, mas desejoso da “plenitude de vida” – encontrar novamente respiro e harmonia com o silêncio de Deus.

É, portanto, nessa dimensão, reiterou, que se enquadra o trabalho da Assembleia sinodal, “situada em um momento decisivo da história e da Igreja”. Em um “silêncio de conversão”, o caminho da Assembleia deve ser marcado pelo estilo do Evangelho que “caminhando abre o caminho, através dos obstáculos”.

Pesca da ressurreição

Em sua primeira intervenção, intitulada “Pesca da ressurreição” e inspirada no Evangelho de João (21, 1-14), o sacerdote destacou as dificuldades causadas pela “escuridão da guerra” e pela “crise dos abusos”. A “interculturalidade”, ou seja, “criar redes” é de suma importância no desafio da Igreja e do Sínodo diante desta realidade, indicou o dominicano.

Essa atitude também se reflete nos trabalhos sinodais. Padre Radcliffe frisou que  eles não são “uma perda de tempo e dinheiro” e não têm o objetivo de “negociar compromissos ou derrotar adversários”, mas têm o objetivo de fazer com que as pessoas compreendam “o significado da palavra ‘amor’”, pois todos são “discípulos amados”. O religioso também enfatizou o significado da união do corpo de Cristo: todos precisam uns dos outros. 

Ressurreição – Café da manhã

Na segunda meditação — intitulada “Ressurreição – Café da manhã” e inspirada no versículo do Evangelho de João 21, 15-25 — o dominicano aprofundou o tema da confiança. Partindo da figura de Pedro, a quem Jesus confiou o rebanho apesar de ele tê-lo negado três vezes, mostrando-se “não confiável”, o sacerdote extraiu uma lição de máxima importância para o Sínodo, ou seja, “confiar uns nos outros, apesar de alguns fracassos”. 

Para exemplificar, o religioso citou a crise dos abusos e as queixas de bispos em relação à Declaração “Fiducia supplicans” do Dicastério para a Doutrina da Fé, sobre o sentido pastoral das bênçãos. Ele também pontuou que existe uma crise de confiança em nível global, entre políticos de diferentes partidos e entre eles e a cidadania, entre os jovens, que começam a não acreditar mais na democracia e no mundo da comunicação, em que fake news e a manipulação dos meios “impedem de confiar na verdade”.

Padre Radcliffe ressaltou a responsabilidade de todos, especialmente os pastores ordenados, “de cuidar das ovelhas do Senhor”. O dominicano frisou que um sacerdote não pode e não deve pecar de hipocrisia pois “a falta de transparência corrompe o próprio coração da identidade sacerdotal e o povo de Deus está pronto para perdoar tudo, menos a hipocrisia”.

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