Semana Nacional da Vida reflete sobre a adoção e ressalta realidade da doação legal
Kelen Galvan
Da redação
A Semana Nacional da Vida acontece até domingo, 8, em todas as dioceses do Brasil. Uma oportunidade para que a promoção e a defesa da vida humana, desde a concepção até seu fim natural, sejam postas em destaque.
Neste ano, a “Adoção: Amor com laços do coração” foi o tema escolhido pela Comissão Episcopal para a Vida e a Família da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). A intenção é conscientizar as famílias e as comunidades sobre a importância dessa acolhida na vida e na missão da Igreja.
“A adoção é um ato generoso de amor que Deus plantou no coração das famílias que acolhem em suas vidas outras vidas e compartilham seus corações”, afirma o presidente da Comissão Episcopal para a Vida e a Família, Dom Bruno Elizeu Versari, bispo de Campo Mourão (PR).
Alternativa digna
O bispo destaca a realidade de tantas crianças e adolescentes que estão à espera de um lar e, ao mesmo tempo, muitos cônjuges que desejam ser pais e mães, mas que não conseguem por razões biológicas, e outros que pretendem alargar a partilha do afeto familiar.
“Ao refletirmos sobre o tema, ‘Adoção – amor com laços do coração’, queremos apresentar a adoção como alternativa real e digna de resolver a ausência dos filhos biológicos e também incentivar o povo de Deus no conhecimento sobre a prática da adoção e sobre políticas públicas como o ‘Programa Família Acolhedora’. Desse modo, acreditamos que muitas famílias vão abrir seu coração para adoção, acolhendo essas crianças e adolescentes sem um lar ou ainda mobilizando outras famílias que pretendem fazê-lo”, indica.
Segundo dados do o Sistema Nacional de Adoção, do CNJ, há mais de 4300 crianças disponíveis para serem adotadas. Deste total, apenas 654 (15%) têm menos de 4 anos de idade. A grande maioria (63%) é maior de 6 anos e 1.467 (34%) já são adolescentes, com 14 anos ou mais.
Gesto de amor
Dom Bruno explica que o Catecismo da Igreja Católica (nº 2379) lembra a realidade dos casais que sofrem com a infertilidade: “O Catecismo nos ensina que aqueles casais que sofrem de infertilidade, depois de esgotados os recursos médicos legítimos, devem associar-se à cruz do Senhor, fonte de toda a fecundidade espiritual e podem mostrar a sua generosidade adotando crianças abandonadas”.
Ele afirma ainda que a adoção é um “dom de Deus para a sociedade” e que eleva o olhar para Deus. “[Ele] nos acolheu como filhos adotivos e nos deu seu único filho em um sinal de amor a nós. Esse gesto de amor deve ser visto também como uma possibilidade de os casais encontrarem mais uma razão para realizar o ‘dever-ser’ do Matrimônio: ‘Sacramento do Serviço’, de encontrar alegria ao dar amor a esta criança, que tem o direito de ter pais”.
Doação legal
Dentro da realidade da adoção, há a doação legal. “Queremos também apresentar a possibilidade da doação legal para aquelas mães que não desejam cuidar dos seus filhos, mas também não querem matar”, afirma o bispo. A proposta da doação legal está amparada na lei 12.010/2009.
“Muitas das mães que pensam em abortar, se tivessem a oportunidade de conhecer mais profundamente as instituições que fazem este trabalho de cuidado e de proteção dessas crianças, não seguiriam pelo caminho do aborto. Daí a importância de também darmos a conhecer a possibilidade da doação legal da criança”, enfatiza Dom Bruno.
Está em aberto no Supremo Tribunal Federal (STF) uma ação que pretende descriminalizar o aborto no Brasil (ADPF 442) até a 12ª semana de gestação. Refletir sobre a adoção pode ajudar a salvar muitas vidas, observa o bispo. Ele frisa que é preciso defender a vida sempre, e isso envolve o nascituro (o ser humano concebido, mas ainda não nascido, ainda no ventre de sua mãe).
“Nós, enquanto Igreja, devemos lutar pela vida e isso passa por lutar cada vez mais pelo nascituro, aquele que ainda não chegou a nascer. Por isso, estamos incentivando a adoção, porque, dessa forma, o não nascido será protegido e quando nascer encontrará um lar para ser acolhido”, destacou.