DOMINGO DO MAR

Que pessoas do mar se sintam parte da Igreja, exorta Cardeal Czerny

Prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral recorda trabalhadores do mar e suas famílias em mensagem para Domingo do Mar deste ano

Da Redação, com Boletim da Santa Sé

Foto: Abdulai Sayni via Unsplash

O Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral divulgou, nesta segunda-feira, 24, sua mensagem para o Domingo do Mar. Neste ano, a data será celebrada no dia 14 de julho.

No início do texto, o prefeito do Dicastério, Cardeal Michael Czerny, cita que São Paulo descreve a Igreja como um corpo que tem muitos membros (1Cor 12,12-27). Alguns deles são menos visíveis, entre os quais estão os marinheiros. “No entanto”, observa, “é através dos seus esforços ocultos que muitas das nossas necessidades chegam até nós”.

Ao reconhecer a importância dessas pessoas que dedicam sua vida ao trabalho no mar, a Igreja chama a atenção para as trevas físicas, espirituais e sociais enfrentadas por elas. “Hoje, assim como no passado, a navegação marítima pode implicar ausência de casa e de terra, durante meses e até anos”, registra o cardeal.

Apesar de o salário por este trabalho fazer com que o sacrifício valha a pena, é importante observar as injustiças, exploração e desigualdade existentes neste meio. “É maravilhoso, portanto, quando a dignidade e os direitos dos marinheiros são defendidos pelos voluntários, capelães e membros das igrejas locais nos portos, que se envolvem neste ministério”, frisa Czerny.

Encarar a realidade e servir a todos

Diante da invisibilidade sofrida pelos trabalhadores do mar, o prefeito do Dicastério retoma as palavras do Papa Francisco na carta encíclica Fratelli tutti, na qual o Pontífice escreve que “a verdadeira sabedoria pressupõe o encontro com a realidade” (47) e “um caminho de fraternidade, local e universal, só pode ser percorrido por espíritos livres e dispostos a encontros reais” (50).

O cardeal sugere que a aproximação destes homens que estão na periferia para o centro pode se dar de muitas formas: encontrando pessoalmente as pessoas do mar e em oração, melhorando as condições materiais e espirituais dos trabalhadores, defendendo a dignidade e os direitos dos operários e protegendo relações e políticas internacionais fortalecidas para salvaguardar os direitos humanos dos marinheiros.

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“A Igreja é chamada a servir cada membro da família humana”, ressalta Czerny, indicando que, uma vez que os marinheiros vêm de todo o mundo, incluí-los na vida e no ministério da Igreja permite um crescimento na compreensão mútua e na solidariedade entre todos os povos e religiões.

Trabalhar em favor da unidade

Neste contexto, cita o exemplo de São Paulo, que passou muito tempo no mar durante suas viagens missionárias. Uma das mais importantes cidades em que esteve foi Corinto, que foi um centro ativo de comércio internacional graças ao seu canal e seus dois portos. Tal fator foi essencial para a chegada de pregadores que anunciaram o Evangelho.

Contudo, diante do risco de divisão frente à diversidade dos novos fiéis da região, o cardeal recorda o escrito de São Paulo: “de fato, irmãos, reparai em vós mesmos, os chamados: não há entre vós muitos sábios de sabedoria humana, nem muitos poderosos, nem muitos de família nobre” (1Cor 1,26).

Estas palavras, sublinha, encorajam a Igreja a trabalhar pela unidade, não só entre pessoas que são diferentes umas das outras, mas também entre pessoas que vivem divisões e tensões mútuas. “Como nos lembra São Paulo, a Igreja não deve fugir destes desafios se quiser ser fiel à missão que lhe foi confiada pelo Senhor”, frisa Czerny, reforçando que o aumento da união entre os crentes serve para o aumento da unidade entre todos os povos e terras.

Crescer na fraternidade

O prefeito do Dicastério salienta que o cristianismo se espalhou por meio do mar e que a Igreja pode inspirar-se nos habitantes das comunidades costeiras que foram os primeiros a ouvir a mensagem totalmente nova de Cristo trazida pelos “apóstolos marinheiros” e outros missionários.

“O chamado para abraçar o estranho pode nos desafiar quando preferimos permanecer isolados social e espiritualmente”, pontuou o cardeal. Contudo, reforça, “o caminho da abertura é o caminho da esperança”.

Por fim, a mensagem se encerra com um convite a todos “a fazerem a sua parte para reparar com coragem a nossa casa comum e crescer na fraternidade”. O cardeal exorta o reconhecimento da contribuição daqueles cujo trabalho poderia permanecer invisível e o apoio aos marinheiros, para “que as pessoas do mar se sintam parte da Igreja onde quer que estejam”.

Sobre o Domingo do Mar

A comemoração do Domingo do Mar surgiu em 1975, na Inglaterra, por iniciativa do Apostolado do Mar (atualmente nomeado Stella Maris), da Missão aos Marítimos e da Sociedade de Marinheiros, para depois assumir uma dimensão internacional e ecumênica. A data é comemorada anualmente no segundo domingo de julho.

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