Dom João Santos Cardoso presidiu a memória litúrgica dos Santos Mártires de Cunhaú e Uruaçu; “o testemunho deles ilumina a nossa fé”, afirmou na homilia
Julia Beck
Da Redação

Celebração da memória litúrgica dos Protomártires no santuário dedicado a eles no RN/ Foto: Emerson Tersigini
Em São Gonçalo do Amarante (RN) a sexta-feira, 3, é de memória dos Santos Mártires de Cunhaú e Uruaçu, os “Protomártires do Brasil”. A celebração presidida pelo arcebispo metropolitano de Natal (RN), Dom João Santos Cardoso, aconteceu no Santuário dos Mártires, às 7h. Os santos são padroeiros da província eclesiástica e reconhecidos como padroeiros do estado do Rio Grande do Norte. “Um solo fecundado com o sangue daqueles que foram fiéis a Jesus e não o renegaram”, disse.
Em sua homilia, o arcebispo ressaltou a importância de recontar a história dos santos André de Soveral, Ambrósio Francisco Ferro, presbíteros, Mateus Moreira e outros 27 companheiros leigos que foram assassinados no século XVII, enquanto celebravam a Eucaristia. Dom João ressaltou que a memória faz com que o testemunho de fé dos mártires não desapareça.
Os Santos Mártires de Cunhaú e Uruaçu, prosseguiu o presidente da celebração, são um grande exemplo de cristãos que se comprometeram com Jesus na doação e entrega de suas próprias vidas. “Eles preferiram a morte do que renegar a fé, negar o Senhor e a Eucaristia. O testemunho deles ilumina a nossa fé, a fé do povo potiguar, que com eles aprendeu a perseverar e confiar sempre em Deus. Se Deus é por nós, quem será contra nós?”, refletiu.
Martírio à luz da esperança
No contexto do Ano Jubilar, Dom João exortou os fiéis a relerem o testemunho dos mártires à luz da virtude da esperança. Segundo o arcebispo, os santos recordam que a esperança cristã é mais forte que a morte, não é um mero sentimento, mas uma virtude teologal que incute em todos a perseverança e confiança em Deus, especialmente nos momentos mais desafiantes da vida.
“A esperança está ancorada no amor de Jesus, no céu, na vida eterna que tanto esperamos. Ela está enraizada no amor de Deus derramado em nossos corações pelo Espírito Santo”, sublinhou.

Fiéis durante Santa Missa da manhã desta sexta-feira, 3/ Foto: Emerson Tersigini
A história recorda que homens, mulheres, jovens e crianças preferiram perder a vida, continuou Dom João. “Na missa, enquanto o povo rezava a Eucaristia, o ódio e a violência se voltaram contra aqueles cristãos. Não faziam nada de ilegal ou que afrontasse os costumes. Matheus Moreira, enquanto arrancavam-lhe o coração, dizia: ‘Louvado Seja o Santíssimo Sacramento!’. O martírio vai até a morte – que é o que mais nós tememos”.
“Nada pode nos separar do amor de Cristo”, reiterou o arcebispo. Segundo ele, quando os santos foram chamados ao martírio, para dar testemunho da fé, eles deram com grande firmeza (que vem da força de Deus), não recuando diante do que mais amedronta a humanidade, a morte.
Sementes de fé
Iluminados pela esperança da ressurreição, Dom João afirmou que os “Protomártires do Brasil” se tornaram semente de fé para a Igreja no Brasil e no RN. Deste modo, ele encorajou os fiéis a não temerem os que “matam o corpo”, pois jamais poderão matar a alma.
“A vida eterna e a comunhão com Deus são a razão última da nossa esperança. Esperança que impulsiona a olhar para além das tribulações do tempo presente, certos de que nada pode nos separar do amor de Cristo, como proclama São Paulo, nem a morte”, reiterou.
O arcebispo frisou que os santos ensinam que a esperança não decepciona e a vida de cada pessoa reside junto de Deus. “Celebrá-los é também renovar o compromisso como peregrinos da esperança. Reafirmando nossa confiança no Deus da vida, perseverando na fé, na esperança e na caridade até o fim”.
Por fim, o presidente da celebração rogou a Nossa Senhora da Apresentação, rainha dos mártires, pedindo que ajude todos a serem testemunhas vivas do Evangelho, para que possam um dia unir suas vozes às dos mártires na grande liturgia celeste.