No coração do Brasil, aos pés da Mãe Aparecida, um povo se reúne para celebrar amor, missão e fé. É a Romaria Dehoniana, que, neste ano, marca o centenário de Páscoa do fundador, Padre João Leão Dehon. Religiosos, seminaristas e leigos vindos de todo o país se encontram para renovar a entrega ao Sagrado Coração de Jesus. Uma peregrinação que une devoção mariana e compromisso com o Evangelho.
Reportagem de Matheus Alves e Ederaldo Paulini
Sob o olhar materno da padroeira do Brasil, mais de 2500 filhos espirituais de padre João Leão Deon enchem o santuário nacional de cor, canto e oração. Padres, religiosos, seminaristas e leigos que caminham juntos para celebrar o centenário de falecimento de seu fundador, um homem que viveu e morreu pelo coração de Jesus.
“Sairemos daqui cada vez mais com a chama acesa daquele coração que tanto padre Deon falou e amou”, falou o seminarista do 2º ano de filosofia, Thiago Campos de Oliveira.
A missa solene presidida por Dom Murilo, arcebispo emérito da Bahia e filho dehoniano, foi marcada por gratidão e compromisso. No altar, a memória do carisma que une contemplação e ação, espiritualidade e serviço, fé e compromisso social.
Padre João Leão Dehon nasceu na França, mas seu legado atravessou fronteiras. Hoje pulsa em mais de 40 países, inspira a igreja que se inclina aos mais pobres e confia na força reparadora do amor. “Levar essa mensagem que é a mensagem exatamente que Pão nos deixou. O amor à Eucaristia, o amor é a reparação no mundo que precisa dessa reparação, dessa paz, dessa unidade”, afirmou o professor em Terra Boa (PR), Vicente Beur Miranda Lima.
Entre o badalar dos sinos e as orações que ecoam por esse santuário, a romaria jubilar é também um convite para que o nosso coração bata no compasso do coração de Jesus com a força e a ternura da Mãe Aparecida.
“Ele faleceu, deixou-nos uma herança e Nossa Senhora nos tem ajudado a manter viva aquela herança de amar profundamente aquele coração que tanto amou os homens”, confirmou o arcebispo emérito de São Salvador da Bahia/primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger.
No pátio da casa da mãe, jovens e famílias vestem a camiseta do jubileu. Do alto, visto das nuvens, registradas por um piloto dehoniano, o abraço do santuário junta o povo e entre fotografias e cumprimentos, o sentimento de comunhão se mistura à missão de voltar para casa, levando o perfume da fé e o desafio de amar como Jesus e Maria amaram.
“O coração de Jesus ele dá vida à vida da igreja, na Eucaristia. Então esse apelo dos dehonianos é sempre esse. Faça a experiência do coração de Cristo, sobretudo pela Eucaristia”, disse o sacerdote dehoniano de Lavras (MG), padre José Ronaldo de Castro.
“Será uma alegria ver uma multidão de irmãos e irmãs que ele conquistou com seu sangue se unindo a esta sua oferta ao Pai”, retomou Dom Murilo.
Hoje o verde cedeu espaço ao branco da pureza, de festa, da paz, como quem veste a alma de alegria e esperança. No pátio, celam o reencontro de três províncias com o sagrado. E aqui dentro a luz transpassa o vitral e ao tocar a cruz revela o coração de Jesus. Um sinal simples, mas eterno, para lembrar que no centro de toda a caminhada é o amor que dá forma à vida.