Congresso será realizado em Roma na tarde desta segunda-feira, 24, e levará especialistas a discutir o processo de envelhecimento com qualidade de vida
Da redação, com Vatican News Boletim da Santa Sé

Foto: Manuel Alvarez por Pixabay
Nesta segunda-feira, 24, o Vaticano apresentou, em uma coletiva de imprensa, a conferência intitulada “Vatican Longevity Summit: desafiando o relógio do tempo”, que será realizada na tarde de hoje (horário local), no Centro de Congressos do Augustinianum, em Roma.
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O encontro contará com a presença de Dom Vincenzo Paglia, presidente da Pontifícia Academia para a Vida; Padre Alberto Carrara, presidente do Comitê Organizador; Giulio Maira, neurocirurgião e fundador da Fundação Atena; Venkatraman Ramakrishnan, Prêmio Nobel de Química em 2009; e Juan Carlos Izpisúa Belmonte, cientista especializado em Biologia das células-tronco e medicina regenerativa. Eles atenderam a imprensa na coletiva de apresentação.
Dom Vincenzo Paglia disse que o tema dessa conferência sempre foi de seu interesse — e não apenas por razões pessoais. “Mas porque a qualidade da velhice é o teste decisivo do grau de civilização de uma nação”, ponderou.
Questões sobre o futuro da sociedade
Dr. Venkatraman Ramakrishnan, vencedor do Nobel de Química de 2009, disse: “O que me impressiona sobre a pesquisa não é fazer as pessoas viverem muito mais, mas terem vidas mais saudáveis. Não está totalmente claro como faremos isso”, disse. O cientista levantou questões como “se todos começarmos a viver mais, que tipo de sociedade teremos?”
Em particular, Dr. Ramakrishnan observou que há a possibilidade de uma grande disparidade econômica, que poderia beneficiar países mais ricos, deixando outros em desvantagem. “Se você tiver maior longevidade e novas terapêuticas”, explicou, “então podemos ter uma sociedade de dois níveis, em que alguns em países ricos vivem mais, produzindo uma divergência”.
Juan Carlos Izpisúa Belmonte, cientista especializado em Biologia das células-tronco e medicina regenerativa, acrescentou que sua fala será centrada nos estudos em seres vivos que estão há muito tempo no planeta e como sobreviveram às doenças características à idade avançada. “Temos algumas espécies animais em nosso planeta que conseguem viver vidas longas e saudáveis, abrindo novas perspectivas para estratégias inovadoras de rejuvenescimento celular. O objetivo não é apenas estender a vida, mas melhorar nossa resiliência biológica revertendo a degeneração relacionada à idade”, ponderou.
Homens e mulheres envelhecem diferente
Além das disparidades sociais que o envelhecimento causa, ainda outro fator estudado pelos cientistas: homens e mulheres envelhecem de maneira distinta. Giulio Maira, neurocirurgião e fundador da Fundação Atena, explica que homens e mulheres são atingidos de maneira diferente pela velhice do ponto de vista genético, variações metabólicas e cognitivas, além do risco do desenvolvimento de doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer, que afeta mais as mulheres.
“Um problema crucial é o preconceito de gênero em estudos de medicamentos e pesquisas pré-clínicas, em que por décadas os modelos animais usados foram predominantemente masculinos. Essa limitação levou ao desenvolvimento de medicamentos e tratamentos menos eficazes para mulheres, comprometendo não apenas sua saúde, mas também sua expectativa de vida saudável. Fechar essa lacuna é essencial para garantir uma abordagem equitativa e personalizada à longevidade cognitiva e ao bem-estar neurológico”, afirmou o neurocirurgião.
A saúde do Papa Francisco
Durante a coletiva, uma pergunta foi feita sobre o recente período de doença do Papa Francisco. Dom Paglia disse que o envelhecimento é caracterizado pela fragilidade e esse aspecto não deve ser repelido, mas abraçado, pois todos são frágeis e ser assim pode oferecer grande significado às suas vidas.
O neurocirurgião Giulio Maira, médico afiliado ao Hospital Gemelli de Roma, reconheceu a seriedade da condição do Papa e como isso exigiu cuidados importantes e o período de convalescença adequado. Isso para garantir que uma situação semelhante não ressurgisse, o que, assegurou, é sempre um objetivo dos médicos para os pacientes.