''Jovens Santos''

Pier Giorgio Frassati: jovem reconhecido pelas virtudes e vida de fé

“Homem das bem-aventuranças”, como foi chamado por João Paulo II, Pier Giorgio Frassati foi reconhecido pelas suas virtudes, sua intensa vida de fé e ações sociais

Da redação

Montagem de fotos de Pier Giorgio Frassati / Fotos: Associação Pier Giorgio Frassati

Pier Giorgio Frassati será canonizado neste domingo, 7, em cerimônia presidida pelo Papa Leão XIV na Praça de São Pedro, no Vaticano, juntamente com a canonização de Carlo Acutis.  Frassati, chamado de “homem das bem-aventuranças” pelo Papa João Paulo II no dia de sua beatificação, em 20 de maio de 1990, foi reconhecido pelas suas virtudes, sua intensa vida de fé e ações sociais.

Infância de Frassati

Pier Giorgio Frassati nasceu em Turim, na Itália, no dia 6 de abril de 1901. Filho de uma família da alta burguesia, seu pai era Alfredo Frassati, embaixador e senador da Itália, e dono do jornal “La Stampa”, entre os anos de 1913 e 1920. E sua mãe era Adelaide Ametis, mulher de forte personalidade e talento artístico. Ele tinha uma irmã chamada Luciana, que nasceu em 18 de agosto de 1902. Com a idade próxima, os irmãos eram inseparáveis companheiros de jogos e estudos.

Pier Giorgio no colo de seu pai / Foto: Associação Pier Giorgio Frassati

Mesmo com um pai agnóstico e uma mãe formalmente religiosa, Pier Giorgio recebeu rudimentos de uma fé que amadureceu de modo inesperado, tornando-se o fundamento de sua vida. Ainda criança, ele se deparou com as primeiras histórias do Evangelho e ficou impressionado por elas, às vezes tão profundamente, que se tornou protagonista de gestos inesperados para uma criança tão pequena.

“Um dia, quando uma mulher frágil bateu à porta com uma criança descalça nos braços, ele rapidamente tirou os sapatos e as meias e os entregou a ela, fechando a porta rapidamente antes que alguém da casa pudesse correr a protestar. Na creche de Pollone, os pequenos tomavam café da manhã ao meio-dia. Pier Giorgio, concentrado em admirar aquelas longas mesas de mármore com furos para as tigelas, que para ele era novidade, viu lá, no fundo da sala, longe de todos, uma criança isolada por uma violenta erupção. Aproximou-se imediatamente dele e, antes que a Irmã Celeste, ocupada conversando com o Vovô Francesco, percebesse, uma colherada de cada vez, depois outra colherada após a outra, Dodo (seu apelido familiar) apagou a tristeza da solidão do rosto isolado do menino” (trecho do livro “Pier Giorgio Frassati. Los días de su vida”, escrito por sua irmã Luciana Frassati).

Até o ano de 1910, os irmãos receberam a instrução escolar em casa, até que, em outubro do mesmo ano, Pier Giorgio ingressou no primeiro ano do ensino primário no Instituto dos Salesianos. No dia 19 de junho de 1911, fez sua Primeira Comunhão.

Eucaristia, centro de sua vida espiritual

Em outubro de 1913, após ser reprovado em Latim, ele começou a estudar o terceiro ano primário no Instituto Social dos Jesuítas. Ali, começou a receber a Sagrada Comunhão diariamente, algo que faria pelo resto de sua vida.

“Pier Giorgio chegou ao terceiro ano ‘no Sociale’ e aceitou imediatamente minha proposta de receber a Sagrada Comunhão todos os dias. [A mãe] temia que isso se tornasse um hábito para Pier Giorgio e não uma verdadeira prática de fé; algo feito às pressas e sem intensidade, em suma. Ela obviamente não conhecia o filho, e eu simplesmente lhe assegurei que o faria receber a Sagrada Comunhão uma vez por semana, dizendo a mim mesmo: ‘Leve o seu tempo e você viverá’. De fato, apenas quatro dias depois, ouvi bater à minha porta: era Pier Giorgio que, pulando de alegria, me disse: ‘Padre, eu ganhei’. ‘E o que o senhor ganhou que o deixa tão feliz? Ganhar na loteria?’, respondi. E ele imediatamente disse: ‘Ei, Padre… o senhor sabe muito bem: eu posso comungar todos os dias. Eu insisti tanto!’ […] Nunca esquecerei a alegria estampada no rosto dele naquele dia. […] Ele falou de Nosso Senhor e da Eucaristia com um entusiasmo indescritível. […] Ele, que era tão alegre, se transformava em outra pessoa quando falava de coisas espirituais” (fala do padre Padre Pietro Lombardi SJ publicada no livro “Mi hermano Pier Giorgio”, escrito por sua irmã Luciana Frassati).

No Instituto Social, sua religiosidade se abriu para dimensões até então desconhecidas. Ingressou em diversas associações espirituais (entre as quais, o Apostolado da Oração). Aos dezessete anos, ingressou nas Conferências de São Vicente, assumindo assim um compromisso constante com a caridade. Aqui, provavelmente, aprendeu a beleza e a importância de um relacionamento de acompanhamento espiritual com os padres. Pier Giorgio conheceu muitos padres e religiosos, e muitos deles se tornaram seus amigos.

Pier Giorgio (o terceiro em destaque da direita para a esquerda) durante uma escalada / Foto: Associação Pier Giorgio Frassati

Sensível às necessidades do próximo

Pier Giorgio tinha uma alma atenta e sensível, naturalmente inclinada a aprender e a aprofundar-se naquilo que considerava verdadeiramente importante para sua vida e que enriquecia sua humanidade. Por um lado, isso o levou a apreciar todas as formas de arte: pintura e escultura (colecionava reproduções de suas obras mais queridas em grandes cadernos), a música sinfônica e operística, teatro e literatura. Por outro lado, levou-o a buscar conhecimento teológico para melhor compreender o plano e a história de Deus entre os homens.

Em 1918, matriculou-se em engenharia mecânica com a intenção de se especializar em engenharia de Minas, “para poder servir mais a Cristo entre os mineiros”. Em 1919. ingressou no círculo “Cesare Balbo” da FUCI (Federação Universitária Católica Italiana), que se tornou um lugar privilegiado de formação cristã e amizade. Usou o distintivo da Juventude Católica na lapela e adotou seu lema: “Oração, Ação, Sacrifício”.

Sua fé profunda foi alimentada pela Eucaristia diária, pela oração e pela confissão frequente. Era apaixonado pela Palavra de Deus: em sua época, ela era reservada às pessoas consagradas, mas ele obtinha os textos para lê-los pessoalmente. Confiando plenamente nas palavras de Jesus, via a presença de Deus no próximo e se considerava “pobre como todos os pobres”.

Pier Giorgio foi membro da Ação Católica / Foto: Site piergiorgiofrassati.net

Era generoso com palavras e gestos de caridade fraterna, tanto sozinho quanto na forma organizada das Conferências de São Vicente, nas ruas de Turim, nos bairros pobres e no Cottolengo.

Apostolado social

Durante as fortes tensões da primeira pós-guerra, dedicou-se a um apostolado social, que o viu presente também nas fábricas. Convencido da necessidade de reformas sociais, em 1920, filiou-se ao Partido Popular Italiano, que via como um meio para criar uma sociedade mais justa.

Em 1920, seu pai foi nomeado embaixador na Alemanha. Em Berlim, Pier Giorgio visitou os bairros mais pobres e entrou em contato com jovens estudantes e trabalhadores católicos alemães. Lá conheceu o padre Karl Sonneschein, envolvido em atividades sociais, por quem cultivou grande admiração.

Em setembro de 1921, em Roma, durante uma grande manifestação da Juventude Católica, defendeu a bandeira de seu clube de um ataque da guarda régia e foi preso junto com seus amigos.

Últimos anos de sua vida

Os escritos de Santa Catarina de Sena e os discursos inflamados de Frei Jerônimo Savonarola o levaram a ingressar na Ordem Terceira Dominicana em 1922, e escolheu o nome de “Frei Jerônimo”, em homenagem ao missionário Savonarola. Foi membro de inúmeras associações eclesiásticas, nas quais expressou os múltiplos interesses de sua vida cristã.

Encontro de Jovens em Roma / Foto: Associação Pier Giorgio Frassati

Assim como seu pai, foi um vigoroso antifascista e demonstrou abertamente suas ideias políticas. Ficou profundamente decepcionado com a entrada de uma seção do Partido Popular no governo fascista, contra o qual dirigiu duras palavras.

Apaixonado por montanhas e esportes, era membro do CAI (Centro de Artes) e de Giovane Montagna. Frequentemente organizava viagens com amigos (os “Tipi Loschi”), que se transformavam em oportunidades de apostolado.

Sua capacidade de atenção às necessidades dos outros era ilimitada, especialmente aos pobres e doentes, aos quais dedicava seu tempo, energia e a própria vida. Dois meses antes de se formar, adoeceu gravemente de poliomielite, provavelmente contraída enquanto ajudava os enfermos.

Ele faleceu em Turim em 4 de julho de 1925. Dois dias depois, a multidão que compareceu ao seu funeral começou a revelar à sua família e ao mundo a grandeza de seu testemunho cristão. Assim começou a longa jornada que o levaria à beatificação em 20 de maio de 1990, por São João Paulo II. Em novembro de 2024, o Papa Francisco reconheceu o milagre que o leva à canonização neste domingo. 

Sua memória litúrgica é celebrada no dia 4 de julho. Ele é patrono dos esportistas e dos alpinistas, da juventude católica e de alguns grupos específicos, como os jovens vicentinos.

(Informações: Site https://piergiorgiofrassati.net e https://www.piergiorgio.com.br)

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