Leão XIV deu sequência a ciclo de reflexões sobre os últimos momentos de Jesus e destacou a “arte do perdão” no contexto da Última Ceia
Da Redação, com Vatican News

Papa Leão XIV acena para fiéis presentes na Audiência Geral desta quarta-feira, 20 / Foto: REUTERS/Ciro De Luca
De volta ao Vaticano após um segundo período de descanso em Castel Gandolfo, o Papa Leão XIV conduziu a Audiência Geral desta quarta-feira, 20. Assim como na semana anterior, o encontro com os fiéis se deu na Sala Paulo VI, com participantes presentes também na Praça Petriano, na Basílica e na Praça São Pedro.
Prosseguindo com as meditações sobre a paixão, morte e ressurreição de Jesus – inseridas no ciclo de catequeses sobre a esperança neste Ano Jubilar –, o Pontífice refletiu sobre a Última Ceia e a “arte do perdão”. Ele se debruçou sobre o impactante e luminoso ato de Jesus de oferecer um pedaço de pão àquele que estava prestes a traí-lo.
Segundo o Santo Padre, tal atitude não é apenas um gesto de partilha, mas demonstra o modo de agir de Deus, que ama até o último momento. “Amar até o fim: esta é a chave para compreender o coração de Cristo. Um amor que não se detém perante a rejeição, a desilusão ou mesmo a ingratidão”, enfatizou.
Desta forma, Jesus estende o seu amor ao máximo, mesmo diante da rejeição, da ingratidão e da traição de Judas Iscariotes. Em vez de se retrair e acusar, observou Leão XIV, Cristo continua a amar: lava os pés, molha o pão e oferece ao traidor.
Perdoar não é fraqueza
Com seu perdão, o Senhor não fere a liberdade humana, mas revela todo o seu poder, salvando das trevas do mal e entregando novamente à luz do bem. “A liberdade dos outros, mesmo quando perdidos no mal, pode ainda ser alcançada pela luz de um gesto bondoso. Porque sabe que o verdadeiro perdão não espera pelo arrependimento, mas oferece-se primeiro, como um dom gratuito, antes mesmo de ser aceito”, refletiu o Papa.
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É aí que o perdão se revela em todo o seu poder, prosseguiu o Pontífice. “Não é fraqueza. É a capacidade de deixar o outro livre, amando-o até ao fim”, acrescentou, destacando ainda que perdoar não significa negar o mal, mas vencê-lo com o amor.
“O Evangelho nos mostra que há sempre uma forma de continuar a amar, mesmo quando tudo parece irreparavelmente comprometido. Perdoar não significa negar o mal, mas impedir que este gere mais mal. Não se trata de dizer que nada aconteceu, mas de fazer tudo o que é possível para garantir que o ressentimento não dite o futuro”, declarou o Santo Padre.
Perdão é oportunidade de salvação
Leão XIV recorda que, quando Judas Iscariotes saiu do quarto, era noite, mas uma luz já começava a brilhar. Ela resplandece porque Cristo permanece fiel até o fim, pontuou, e assim o seu amor é mais forte do que o ódio.
“Também nós vivemos noites dolorosas e cansativas. Noites da alma, noites de desilusão, noites em que alguém nos magoou ou nos traiu. Nestes momentos, a tentação é fechar-nos, proteger-nos, ripostar. Mas o Senhor mostra-nos a esperança de que há sempre outro caminho. Ele ensina-nos que podemos oferecer um bocado mesmo a quem nos vira as costas. Que podemos responder com o silêncio da confiança. E que podemos seguir em frente com dignidade, sem renunciar ao amor”, expressou.
Neste contexto, o Papa convidou os presentes a pedir a graça de saber perdoar, mesmo quando nos sentimos incompreendidos, mesmo quando se sentirem abandonados. “É precisamente nestas alturas que o amor pode atingir o seu auge”, sinalizou o Pontífice, adicionando que a luz do perdão, mesmo diante de uma traição, torna-se uma oportunidade de salvação, renovando a capacidade de amar inclusive a quem perdoa.
“Mesmo que a outra pessoa não o aceite, mesmo que pareça em vão, o perdão liberta quem o dá: dissolve o ressentimento, restabelece a paz e devolve-nos a nós próprios”, concluiu.