Em encontro com a Comissão Teológica Internacional no Vaticano, Francisco recordou a importância do estudo aprofundado e aberto da teologia para o anúncio do Evangelho hoje
Da Redação, com Vatican News
Na manhã desta quinta-feira, 24, o Papa Francisco recebeu um grupo de 30 pessoas da Comissão Teológica Internacional (CTI). Uma instituição cinquentenária que é fruto do Concílio Vaticano II. Estabelecida por Paulo VI em 1969, São João Paulo II a descreveu em 1994 como um trabalho pós-Concílio de “estreita colaboração entre pastores e teólogos.
Na Sala do Consistório, no Vaticano, o Pontífice começou o discurso aos membros da CTI agradecendo pela generosidade, competência e paixão pelo serviço desenvolvido em 50 anos, inclusive superando as dificuldades impostas pela pandemia, ao trabalhar à distância.
Francisco na ocasião mostrou-se contente pela CTI ter acolhido os temas propostos para serem explorados: a “irrenunciável atualidade” da “fé cristológica professada pelo Concílio de Niceia”, nos 1700 anos da sua celebração (325-2025); a análise de algumas questões antropológicas emergentes para o caminho da família humana; e o aprofundamento – “hoje cada vez mais urgente e decisivo” – da teologia da criação em perspectiva trinitária, para ouvir o grito dos pobres e da terra.
O perigo do “regredismo”
Em seu discurso, o Papa indicou três direções a serem seguidas neste momento árduo e histórico: a fidelidade criativa à Tradição; a abertura com prudência às diversas disciplinas; e a colegialidade. Em se tratando da primeira indicação, comentou:
“Trata-se de assumir com fé e com amor e de declinar com rigor e abertura o compromisso de exercer o ministério da teologia – na escuta da Palavra de Deus, do sensus fidei do Povo de Deus, do Magistério e dos carismas, e no discernimento dos sinais dos tempos – para o progresso da Tradição Apostólica, sob a assistência do Espírito Santo, como ensina a Dei Verbum (cf. nº 8).”
Já na segunda diretriz que diz respeito à valorização do “princípio da interdisciplinaridade”, “deve ter o fim de realizar o trabalho de aprofundamento e inculturação do Evangelho com relevância e incisividade, de se abrir com prudência à contribuição das diversas disciplinas graças à consulta de especialistas, inclusive não-católicos, conforme previsto nos Estatutos da Comissão (cf. n. 10)”, disse Francisco.
Por fim, o Papa indicou a terceira diretriz, a da colegialidade, que adquire particular relevância e pode oferecer uma contribuição específica no contexto do caminho sinodal 2021-2024. Ele enfatizou no documento elaborado sobre a sinodalidade na vida da Igreja: “como para qualquer outra vocação cristã, também o ministério do teólogo, além de ser pessoal, é comunitário e colegial.”
No fim do discurso, o Pontífice desejou que, no espírito de escuta recíproca, discernimento e diálogos comunitários, em abertura à voz do Espírito Santo, haja um trabalho sereno e fecundo. “Os temas confiados à atenção e competência de vocês são de grande importância nesta nova etapa da proclamação do Evangelho que o Senhor nos chama a viver como Igreja a serviço da fraternidade universal em Cristo.”
Concluindo de maneira espontânea, o Papa pediu mais mulheres na Comissão Teológica Internacional.
“E acredito que, talvez, seria importante aumentar o número de mulheres, não porque estejam na moda, mas também porque pensam diferente dos homens e fazem da teologia algo mais profundo e saboroso também”.