AUDIÊNCIA PRIVADA

Papa inclui mártires coptas no Martirológio como “sinal de unidade”

Encontro entre Francisco e o Patriarca da Igreja Copta Ortodoxa, Tawadros II foi marcado por discurso ecumênico e retomada da memória de seus predecessores

Da Redação, com Boletim da Santa Sé

Papa Francisco (à dir.) e Patriarca Tawadros II (ao centro) se reuniram em audiência nesta quinta-feira, 11 / Foto: Vatican Media/Handout via REUTERS

O Papa Francisco recebeu o Patriarca da Igreja Copta Ortodoxa e Papa de Alexandria, Tawadros II em audiência privada na manhã desta quinta-feira, 11. No Palácio Apostólico do Vaticano, os dois líderes religiosos estiveram reunidos em comemoração ao 50º aniversário do histórico encontro entre o Papa Paulo VI e o Patriarca Shenouda III, primeira vez em que os chefes das duas Igrejas estiveram juntos.

Tawadros II chegou a Roma na terça-feira, 9. Nesta quarta-feira, 10, ele participou, junto com o Santo Padre, da Audiência Geral realizada semanalmente. O chefe copta também discursou ao povo reunido na Praça São Pedro, na primeira vez que outra pessoa, além do Papa, falou neste evento.

Após a conversa privada entre Francisco e Tawadros II e a apresentação da delegação copta, ambos proferiram um discurso. O Patriarca copta disse ser uma honra estar na terra onde os apóstolos pregaram e que “o amor é o fundamento permanente e o caminho principal para a perfeição, o único caminho de Deus, porque Deus é amor e todo aquele que o conhece percorre os passos do amor com Ele e para Ele”. Em sua fala, o Pontífice Romano agradeceu a aceitação do convite pelo Papa de Alexandria, e expressou sua alegria por meio da aclamação “este é o dia que o Senhor fez para nós, alegremo-nos e nele exultemos”.

Fazer memória da busca pela unidade

O Papa também falou sobre a sadia impaciência e o desejo ardente de alcançar a unidade cristã que os impulsiona a seguir o caminho ecumênico, citando que é importante sempre olhar adiante. “Mas também é preciso lembrar, sobretudo nos momentos de desânimo, alegrar-nos com o caminho percorrido e inspirar-nos no fervor dos pioneiros que nos precederam. (…) Ainda mais necessário é olhar para cima, agradecer ao Senhor os passos dados e pedir-lhe que nos dê o dom da tão esperada unidade”, refletiu Francisco.

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Persistindo na temática de “agradecer e suplicar”, o Santo Padre recordou o encontro de Paulo VI e Shenouda III e seus efeitos: a assinatura de uma declaração cristológica comum, pondo fim a uma controvérsia teológica que remonta ao Concílio de Calcedônia e a criação da Comissão Conjunta Internacional entre a Igreja Católica e a Igreja Copta Ortodoxa.

Em 1979, esta Comissão adotou os princípios pioneiros para orientar a busca pela unidade afirmando (segundo Francisco, “profeticamente”), que “a unidade que imaginamos não significa a absorção de um pelo outro ou o domínio de um sobre o outro. Está a serviço de todos para ajudá-los a viver melhor os dons específicos que receberam do Espírito de Deus”. Por meio da Comissão também foi realizado o primeiro encontro entre as duas Igrejas em 2004.

Amizade entre as Igrejas

Ainda relembrando os passos dados por este caminho de aproximação, o Papa relembrou o encontro entre Tawadros II e ele – em 10 de maio de 2013, pouco tempo após ambos assumirem suas missões enquanto líderes de suas respectivas Igrejas. Na ocasião, foi proposta a celebração anual do Dia da Amizade Copto-Católica. Desde então, todos os anos, os dois líderes falam ao telefone e enviam mensagens um ao outro neste dia.

“Do mesmo modo, os laços de amizade entre as nossas Igrejas estão enraizados na amizade do próprio Jesus Cristo com todos os seus discípulos, a quem ele mesmo chama de ‘amigos’ (cf. Jo 15, 15), e acompanha no caminho deles, como fez com os peregrinos de Emaús”.

Mártires coptas no Martirológio Romano

Por fim, o Papa anunciou a inclusão de 21 mártires coptas no Martirológio Romano, como sinal de unidade entre as duas Igrejas. “Neste caminho de amizade, acompanham-nos também os mártires. (…) Esses mártires foram batizados não apenas na água e no Espírito, mas também no sangue, um sangue que é a semente da unidade para todos os seguidores de Cristo”, declarou Francisco, que rogou que a oração dos mártires coptas, unida a de Maria, Mãe de Deus, faça crescer ainda mais a amizade entre as duas Igrejas.

Ao final do encontro privado, o Papa Francisco e o Patriarca Tawadros II seguiram para a Capela Redemptoris Mater, para um momento de oração juntos e em comum. O líder da Igreja Copta permanecerá em Roma até o domingo, 14, quando celebrará uma Liturgia Eucarística na Basílica Papal de São João de Latrão, mais um acontecimento inédito na história, antes de retornar ao Egito.

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