ENTREVISTA

Papa ao 'La Nación': Estou pronto para fazer tudo para parar a guerra

O jornal vaticano L’Osservatore Romano publica uma síntese da entrevista concedida pelo Papa ao periódico argentino La Nación

Da redação, com Vatican News

“Estou disposto a fazer de tudo para a guerra acabar.” Em entrevista ao periódico argentino “La Nación”, publicada na quinta-feira, 21, o Papa Francisco reafirmou, sem rodeios, a prioridade de se alcançar a paz na Ucrânia. O Santo Padre confirmou ao jornalista Joaquín Morales Solá que “há sempre” esforços para se alcançar a paz: “O Vaticano nunca descansa. Não posso lhe contar os detalhes porque já não seriam mais esforços diplomáticos. Mas as tentativas jamais cessarão”.

Perguntado sobre sua visita na manhã de 25 de fevereiro à Embaixada da Federação Russa junto à Santa Sé, localizada na Via della Conciliazione, o Papa disse: “Fui sozinho. Não queria que ninguém me acompanhasse. Era minha responsabilidade pessoal. Foi uma decisão que tomei em uma noite de vigília pensando na Ucrânia. É claro para aqueles que querem ver as coisas como elas são que eu estava indicando ao governo que ele pode terminar a guerra imediatamente. Para ser sincero, eu queria fazer algo para que não houvesse nem mesmo uma morte a mais na Ucrânia. Nem mesmo uma a mais. E estou disposto a fazer de tudo.

E sobre as motivações que desencadearam a guerra, o Pontífice disse: “Toda guerra é anacrônica neste mundo e a este ponto da civilização. Foi por isso que beijei publicamente a bandeira da Ucrânia. Foi um gesto de solidariedade com seus mortos, suas famílias e aqueles que foram forçados a emigrar”. Além disso, sobre a possibilidade de sua viagem a Kiev, o Pontífice explicou: “Não posso fazer nada que ponha em risco objetivos mais elevados, que são o fim da guerra, uma trégua, ou pelo menos um corredor humanitário. A que serviria que o Papa fosse a Kiev se a guerra continuasse no dia seguinte?”

“Por que nunca menciona Putin ou a Rússia?” A esta pergunta do jornalista, Francisco respondeu: “Um Papa nunca nomeia um chefe de Estado, muito menos um país, que é superior a seu chefe de Estado”. Francisco também falou da relação “muito boa” e de um possível encontro com o patriarca de Moscou, Kirill. “Lamento que o Vaticano tenha tido que cancelar um segundo encontro com o patriarca Kirill, que tínhamos planejado para junho em Jerusalém. Mas nossa diplomacia considerou que um encontro entre nós neste momento poderia levar a muita confusão. Eu sempre promovi o diálogo inter-religioso. Quando eu era arcebispo de Buenos Aires, reuni cristãos, judeus e muçulmanos em um diálogo frutífero. Foi uma das iniciativas das quais me orgulho mais.  É a mesma política que promovo no Vaticano. Como já deve ter me ouvido dizer muitas vezes, para mim o acordo é superior ao conflito”.

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