Festa Litúrgica

Padre: Guadalupe segue sendo sinal de esperança para o continente

Reitor do Santuário de Nossa Senhora de Guadalupe em Campinas (SP) reflete sobre mensagem atemporal da Padroeira da América Latina

Julia Beck
Da Redação

Imagem de Nossa Senhora de Guadalupe diante de velas acesas

Imagem de Nossa Senhora de Guadalupe /Foto: Canva

No coração da América Latina, no Monte do Tepeyac, no México, a figura de Maria — de traços mestiços, manto azul estrelado, mãos unidas em oração, envolta por luz e sustentada por um anjo — continua a unir povos, culturas e gerações. Nesta sexta-feira, 12, a Igreja recorda uma das aparições marianas que tocou e segue tocando muitos corações: a de Nossa Senhora de Guadalupe.

A mensagem da padroeira dos mexicanos e de todos os latino-americanos segue viva no continente, como comprovam as inúmeras igrejas dedicadas a ela. Entre esses templos está o primeiro santuário arquidiocesano de Campinas (SP), que difunde com fervor a espiritualidade guadalupana. O reitor, padre Tarcísio Pereira Machado, destaca que as aparições marianas ajudam os fiéis a mergulharem mais profundamente no mistério de Deus.

Virgem de Guadalupe

Após sua assunção aos céus, Maria se manifestou a diversos povos de forma singular, recebendo assim muitos títulos. No caso de Guadalupe, padre Tarcísio explica que essa proximidade se deu em meio ao sofrimento daquela população. A Mãe de Deus encontrou em São Juan Diego um coração puro, simples e cheio de fé.

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A história da Padroeira do Continente teve início em dezembro de 1531, quando a Virgem apareceu ao indígena convertido Juan Diego, na colina do Tepeyac, pedindo a construção de um santuário naquele local. O pedido foi levado ao bispo, que, com prudência, solicitou um sinal.

A confirmação veio quando Juan Diego, ao desenrolar sua “tilma”, revelou rosas fora de estação e a imagem milagrosa da Virgem impressa no tecido. No mesmo dia, seu tio — gravemente doente — relatou ter sido curado após uma visita de Nossa Senhora, reforçando o pedido pela construção do templo. Desde então, a imagem — preservada inexplicavelmente por quase cinco séculos — tornou-se símbolo de fé, conversão e devoção em toda a América Latina.

O reitor do santuário arquidiocesano comenta que é difícil mensurar a experiência vivida por Juan Diego, que manteve a serenidade diante de um acontecimento tão extraordinário. Para ele, as ações de Maria revelam o desejo de habitar o coração daquele povo, começando pelo de Juan Diego, que se deixou envolver por sua presença.

Nem a ciência explica

O grande milagre de Nossa Senhora de Guadalupe é justamente sua imagem impressa na tilma. Feito de fibra de cacto, o tecido deveria durar no máximo 20 anos, mas preserva-se há mais de quatro séculos e meio. Durante 16 anos, ficou completamente desprotegido, sem qualquer retoque — e até hoje peritos em pintura e química não identificam sinais de deterioração.

Em 1971, especialistas deixaram cair acidentalmente ácido nítrico sobre a tilma. Mesmo assim, a imagem não foi danificada nem manchada. Diante desses fatos, padre Tarcísio afirma que a explicação só pode ser divina.

Mensagem atual

A devoção mariana, reflete o sacerdote, ocupa um lugar especial na vida da Igreja. Ele destaca que Maria conduz os fiéis a aprender com Jesus um caminho novo: o do amor, da ternura e da vivência das bem-aventuranças. Lembra ainda a fidelidade da Virgem, desde seu “sim” na Anunciação até sua intercessão nas Bodas de Caná.

“Com toda a simplicidade, Maria transmite ao povo que deseja seguir Jesus Cristo. Só é possível acompanhar o Filho do Altíssimo com a mesma disposição de Maria Santíssima, que é a primeira evangelizadora. Ela não atrai nada para si, mas desperta no coração das pessoas o desejo de conformar a vida ao mistério de Cristo. Penso que essa missão de Maria é singular”, enfatiza.

Para o reitor, a Virgem de Guadalupe encoraja os fiéis, especialmente hoje, a não se deixarem seduzir por aquilo que é vazio, mundano ou ilusório. Seu convite é para que todos vivam a realidade do amor revelado por Deus.

“Sua mensagem é atemporal. Ela nos afasta da dúvida e nos preenche com a graça de Deus (…). Onde a graça se faz presente, não há espaço para o pecado nem para a incerteza. Há apenas o exercício da caridade como sinal de esperança para os outros”, destaca.

Invocar Nossa Senhora de Guadalupe, recordar a santidade exemplar de Juan Diego e voltar o coração para o caminho da verdade é o que, segundo padre Tarcísio, mantém viva essa devoção que atravessa séculos.

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