Pandemia

“Padre enfermeiro” se torna voluntário em hospital de campanha

Doutor em Direito Canónico pela Universidade Gregoriana e prefeito do Seminário Maior do Porto, padre João Pedro Bizarro será também capelão do hospital

Da Redação, com Vatican News e Agências

Padre João Pedro Bizarro trabalhará em hospital de campanha em Porto / Foto: Agência Eclesia

 O padre João Pedro Bizarro regressa, por algum tempo, à profissão que tinha antes de ser sacerdote. O doutor em Direito Canônico pela Universidade Gregoriana e prefeito do Seminário Maior do Porto voluntariou-se para trabalhar num hospital de campanha no Porto, Portugal.

“Não podia ficar indiferente ao sofrimento”, assim define sua decisão ao comentar sobre o trabalho que será realizado junto aos pacientes na luta contra o coronavírus. Neste período de pandemia, o padre João Pedro Bizarro, de 46 anos, dará uma pausa na sua missão de formador dos seminaristas da diocese do Porto.

A sua formação e trabalho, desenvolvidos na enfermagem antes de optar pela vida sacerdotal, fizeram nascer a vontade de se oferecer para ajudar os doentes infetados. A pandemia precisa de muitas mãos e os profissionais de saúde no ativo não são suficientes. O apelo feito levou tantos a inscreverem-se. O padre Bizarro foi um dos que respondeu ao apelo. Deverá ser chamado, em breve, para o Hospital Militar do Porto.

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Entretanto, o hospital de campanha, que já está pronto na cidade do Porto, terá a gestão clínica do Conselho Regional da Ordem dos Médicos. A Câmara Municipal do Porto organizará a logística daquela unidade hospitalar com a ajuda dos Centros Hospitalares de Santo António e São João. O padre João Pedro Bizarro será ali capelão no âmbito da sua colaboração com a Ordem de Malta.

O sacerdote recorda que, neste período de pandemia, os capelães hospitalares não podem estar com os doentes, por questões de contágio a outros com os quais contactem. Por essa razão, “um enfermeiro” que também é sacerdote e “trabalha com pessoas infectadas pode ser também capelão no meio dos doentes” – sublinha o padre Bizarro, assinalando que a escassez de profissionais e o fato de ter o curso de enfermagem foram as razões que o levaram a voluntariar-se.

“A missão de um capelão em tempo de pandemia é de extrema necessidade”, refere o sacerdote, salientando a importância deste serviço para tantas pessoas que precisam da presença da Igreja neste momento de sofrimento.

A vocação sacerdotal do padre João Pedro Bizarro teve uma etapa fundamental no exercício da enfermagem, mas nasceu e cresceu no seu empenho como escoteiro no Corpo Nacional de Escutas (CNE).

“A vocação nasce na enfermagem, é certo, não posso dizer que não, mas nasce também num movimento da Igreja: os escoteiros. Teve essas duas vias. Na última etapa dos escoteiros, os caminheiros, é nos proposto viver uma vida de serviço, estar disponível para o outro, estar atento às necessidades dos outros. Eu tive uma boa experiência de clã, nos caminheiros, e isso despertou em mim essa necessidade de servir.”

“Depois, aliado a isso, fiz o curso de enfermagem e trabalhei no Hospital de Santo António (Porto) no serviço de medicina, um serviço bastante duro. Eu dava apoio à hematologia. Com 21 anos, vejo-me confrontado com a morte, com gente morrendo nos meus braços, e a ter que tomar decisões que condicionavam a vida daqueles que me foram confiados. E isso fez-me refletir sobre a necessidade de haver algo mais, e a vocação vai nascendo assim: entre estar a serviço daqueles que precisam e, este algo mais, que foi uma redescoberta de Deus”, concluiu.

 

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