No dia 11 de setembro de 2023, os orionitas chegaram ao Marrocos, a convite do arcebispo de Rabat, Cardeal Cristobal López Romero
Huanna Cruz
Da Redação
A convite do arcebispo de Rabat, no Marrocos, Cardeal Cristobal López Romero, a Pequena Obra da Divina Providência chegou ao país. Conhecidos como orionitas, em alusão ao pai fundador, São Luís Orione, os primeiros missionários chegaram no último dia 11, como enviados para o serviço e a caridade pastoral. Eles chegaram em um contexto delicado para o país como um todo tendo em vista o recente terremoto lá ocorrido.
Segundo o religioso orionita e atual provincial da Província Nossa Senhora de Fátima (Brasil Norte), padre Josumar dos Santos, a Divina Providência quis que Dom Orione chegasse ao Marrocos poucos dias depois do terrível terremoto que atingiu especialmente a região de Marrakech. A congregação já atua em outros países da África e do mundo.
“Não fomos para este país especificamente por causa do terremoto”, afirma o padre, “mas lemos a ação da Divina providência nos acontecimentos, visto que estar inserido nestes contextos de tragédia e sofrimento remontam a ação intrépida e evangelizadora de nosso fundador que também se fez presente e ativo em situações catastróficas de sua época”.
Inicialmente, segundo as instruções do cardeal, os irmãos tiveram que se estabelecer em Casablanca com um triplo compromisso: conhecer a diocese e o país, ajudar na pastoral da paróquia de Casablanca especialmente nos fins de semana, frequentar um curso para inculturação na nova realidade baseada no diálogo entre culturas e diferentes expressões religiosas.
Depois – este era o programa –, envolver-se num trabalho de acolhimento caritativo de migrantes, muitos deles vindos de uma cansativa travessia com sinais de alguma violência no corpo. Além disso, o cardeal pediu a inclusão na Comunidade, quando possível, de religiosos de outras nações, a fim de constituir uma comunidade internacional e multiétnica. A língua árabe não é uma condição necessária, o conhecimento da língua francesa é mais necessário, mas, para trabalhar com migrantes, o inglês também é útil.
Missão em Marrocos
Padre Josumar afirma que os missionários estão distantes da região do terremoto, desta realidade de sofrimento do povo marroquino. Os primeiros missionários enviados são os padres Claude Michel Goua e Anthime Kaboré, da província de “Norte Dame d’Afrique”, de Costa do Marfim.
Segundo o padre Josumar, estes dois confrades estarão disponíveis para aquilo que o Cardeal quiser. Padre Claude Michel Goua tem 60 anos de idade, 25 de profissão e 21 de sacerdócio e conta com uma experiência muito rica de apostolado. Nos últimos anos, esteve na região das três fronteiras em Mallanville (Benin, Nigeria e Niger), uma região prevalentemente muçulmana e, sobretudo, um lugar onde tantas culturas se encontram e se misturam.
Padre Anthime Kaboré, por sua vez, tem 33 anos de idade, nove de profissão e três de sacerdócio. Viveu seus primeiros anos de sacerdócio em Akpassi (Benin) em uma comunidade de perfil essencialmente educativo. Ambos têm experiência de abertura de novas comunidades, uma vez que participaram da abertura de duas delas no Benim: uma em Mallanville e outra em Akpassi.
Fundação da Pequena Obra da Divina Providência
A primeira fundação da Pequena Obra da Divina Providência foi o colégio de São Bernadino, bairro periférico de Tortona, na Itália, para menores abandonados. Dom Orione era então um jovem de 21 anos, estudante de teologia.
“Os Filhos da Divina Providência” são, assim, os membros de uma congregação religiosa masculina fundada por São Luís Orione, o santo da caridade e dos pobres. Sua espiritualidade está fundada na confiança filial na Divina Providência para colaborar na obra salvífica de Cristo, levando os pequenos, os pobres e o povo à Igreja e ao Papa para renovar tudo em Cristo mediante obras de caridade. “Nosso fim especial é difundir o amor a Deus e à Igreja entre os filhos do povo e as classes trabalhadoras através das obras de caridade, misericórdia e justiça.”
Padre Josumar afirma ainda que para definir a identidade do religioso e sacerdote orionita é preciso partir do núcleo carismático essencial transmitido por Dom Orione e bem conhecido na sua formulação: “Confiando na Divina Providência, colaborar para levar os pequenos, os pobres e o povo à Igreja e ao Papa, para ‘Restaurar tudo em Cristo’, mediante as obras da caridade”.
Seguindo o impulso do Fundador, a Congregação deu prioridade aos ministérios da caridade e, seguindo essa dinâmica e finalidade, intuiu e praticou também o ministério sacerdotal de seus religiosos que Dom Orione queria que fossem “os padres que correm, trabalhadores e apóstolos do trabalho”.
Legado de São Luís Orione
Seu grande legado, segundo o religioso, foi uma vida de testemunho vivo de amor à Igreja e aos pobres. São Luís Orione não se omitiu diante dos grandes problemas da sua época: lutou pela liberdade e justiça, teve uma atuação heroica no socorro às vítimas de terremotos e foi uma das grandes vozes pela evangelização das massas operárias. Depois da Primeira Guerra Mundial, multiplicaram-se escolas, colégios, obras caritativas e sociais.
No Brasil, os primeiros missionários chegaram em 1914. Hoje, além de inúmeras paróquias e obras sociais espalhadas pelo Brasil e pelo mundo, os orionitas têm avançado para regiões mais abandonadas e esquecidas na Amazônia e Nordeste brasileiro.