Dr. Paolo Ruffini, Prefeito do Dicastério para a Comunicação da Santa Sé, apelou à Igreja para que assuma um papel de liderança na definição do quadro ético da inteligência artificial (IA)
Da redação, com Vatican News
“O mundo digital não é algo pronto. Ele está mudando a cada dia. Nós, nós podemos mudá-lo. Podemos moldá-lo. E precisamos de comunicadores católicos para fazer isso, com amor e com inteligência humana”, disse Dr. Ruffini, Prefeito do Dicastério para a Comunicação da Santa Sé.
Em um discurso gravado durante a 7ª Convenção Nacional Católica de Comunicação Social (NCSCC) em Lipa City, ao sul de Manila, nesta segunda-feira, 5, o Prefeito do Dicastério para a Comunicação (organização-mãe do Vatican News), ressaltou a responsabilidade da Igreja de orientar os avanços tecnológicos com clareza moral e valores centrados no ser humano.
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“Portanto, a questão básica não é sobre máquinas, mas sobre humanos, sobre nós. Há e sempre haverá coisas que uma tecnologia não pode substituir, como a liberdade, como o milagre do encontro entre as pessoas, como a surpresa do inesperado, a conversão, a explosão de engenhosidade, o amor gratuito”, disse Ruffini.
Organizada pela Comissão Episcopal de Comunicações Sociais (ECSC) da Conferência dos Bispos Católicos das Filipinas (CBCP), a convenção visa explorar avanços e riscos na IA, oferecendo esclarecimentos sobre como alavancar a tecnologia com impacto positivo, ao mesmo tempo em que aborda potenciais consequências negativas.
Durante a cerimônia de abertura, o bispo Marcelino Antonio Maralit de Boac, presidente da CBCP-ECSC, lembrou aos comunicadores católicos o que a IA significaria para a Igreja e para a família humana.
Preocupação moral e ética
O Dr. Ruffini direcionou a discussão em torno da IA não apenas como uma questão tecnológica, mas como uma profunda preocupação moral e filosófica que requer o engajamento ativo da Igreja. “Precisamos de regras, precisamos de ética, precisamos de pensamento filosófico e teológico, e não apenas tecnológico. Precisamos olhar além. Precisamos de conscientização e responsabilidade. Isso desafia a política, os filósofos, os educadores e desafia a Igreja também”, acrescentou.
O prefeito do Dicastério expressou preocupação sobre o potencial da IA de aprofundar as desigualdades sociais e o isolamento existentes se não for controlado.
“A questão fundamental é: de que maneira essa nova ferramenta tornará os relacionamentos entre os indivíduos mais fortes e as comunidades mais coesas? Ou, pelo contrário, aumentará a solidão daqueles que já estão solitários, privando cada um de nós do calor que apenas a comunicação pessoal pode fornecer?”, disse ele.
Dr. Ruffini enfatizou a questão crítica de se a inteligência artificial pode ser desenvolvida para aumentar a igualdade, em vez de estabelecer novas hierarquias baseadas no poder informacional.
Há preocupações de que a IA possa levar a novas formas de exploração e desigualdade ao concentrar o controle sobre algoritmos e dados, que muitas vezes são extraídos de aspectos privados da vida dos indivíduos.