PATRIARCA DE JERUSALÉM

"Gaza está muito afetada, mas unida e forte", diz Pizzaballa

Por ocasião da Assembleia Geral da Conferência Episcopal Italiana, o Patriarca de Jerusalém enviou uma mensagem de vídeo agradecendo a proximidade com os fiéis em solo palestino

Da Redação, com Vatican News

Cardeal Pizzaballa / Foto: Gilberto Maia

O Patriarca de Jerusalém, Cardeal Pierbattista Pizzaballa, está junto à comunidade de Gaza desde quinta-feira, 16, e enviou uma mensagem de vídeo agradecendo à Conferência Episcopal Italiana pela proximidade e solidariedade com o povo palestino. Nesta segunda-feira, 20, uma intensa vigília pela paz no Vaticano inaugurou o início dos trabalhos da 79ª Assembleia Geral dos Bispos da Itália.

“A comunidade de Gaza está afetada, mas unida e forte”

Durante a mensagem de vídeo, Pizzaballa expressou seu agradecimento à Conferência Episcopal Italiana pela proximidade com a pequena comunidade — que o prelado diz ter encontrado muito atingida, com vários mortos, mas muito unida e muito forte.

O cardeal enfatizou que está encontrando muita dor e sofrimento, mas não raiva ou rancor. ”Em certos momentos não se pode resolver os problemas, mas é preciso estar presente. Estar ali e dizer estamos aqui. Estamos fazendo tudo o que podemos para tentar ajudar a todos, para sair dessa situação, para que esse círculo vicioso de violência possa ser quebrado o mais rápido possível”, assegurou.

O presidente da Conferência Episcopal Italiana (CEI), cardeal Zuppi, expressou seu agradecimento ao Patriarca de Jerusalém por sua decisão de viajar à Terra Santa em junho. “Obrigado por nos ajudar a viver bem, tanto quanto possível, como cristãos, como crentes, mas enraizados na terra e na vida do povo, neste momento tão difícil. Rezem por nós e continuaremos, na medida do possível, apesar de tudo, nesta circunstância, a rezar e agradecer a vocês”, disse.

“Maria nos ajude a ser testemunhas e artesãos da paz”

A procissão dos prelados, juntamente com religiosas e um grupo de leigos, homens e mulheres, começou na entrada do Santo Ofício com a admoestação de Zuppi. “Neste tempo marcado por discórdias e conflitos, nós nos tornamos peregrinos da paz, para confiar à Virgem Mãe o apelo à reconciliação entre os povos que se eleva de toda a humanidade. Invocamos sua intercessão materna para que nos ajude a sermos sempre testemunhas e artesãos da paz”, afirmou.

A súplica a Maria é expressa em cantos, ladainhas e orações. A procissão passa pela Sala Paulo VI, sob o arco dos sinos, e depois entra na Praça de São Pedro. A entrada na basílica é marcada pelo som do órgão, tão solene, tão sincero. “Mãe, nossa confiança” é o canto que ressoa com força.

Eles pedem conforto, apoio e orientação em uma época sombria. Do altar da cátedra, o cardeal Zuppi se dirige ao Pai; no túmulo de Pedro, se eleva o clamor pela paz que une os prelados ao Papa Francisco: no centro está o desejo de fraternidade. “Sentimos o peso dos horrores da guerra, a escuridão da divisão e as campanhas de ódio que dilaceram a convivência entre os povos em tantas regiões do mundo”, destacou.

Segundo o cardeal Zuppi, a preciosa intercessão da Virgem é invocada, para que, livres de toda discórdia e violência, possamos desfrutar de sua paz. A leitura da passagem da visita do anjo Gabriel a Maria, no relato do apóstolo Lucas, inicia a recitação do Rosário meditado. Os Mistérios da Alegria são pontuados por cada um com os terços que vêm da Terra Santa, fruto de um trabalho artesanal que corre o risco de se extinguir com o acirramento da guerra.

A Igreja é uma mãe!

Nas palavras que o líder dos bispos pronuncia no final da oração, a repetição continua: “A Igreja é uma mãe. Como tal, ela não pode se render à terrível lógica do mal. Uma mãe que carrega em seu coração o sofrimento indescritível de tantas mães que desejam ser consoladas. A Igreja é uma mãe que nos carrega sob cada cruz levantada pela loucura do homem. Ver essa Mãe chorando, estar com Ela nos ajuda a chorar e a ver bem a dor para que ela se torne invocação”, disse o cardeal Zuppi.

Ele acrescenta que Maria sabe que a esperança tem um preço e observa como o mal usa a cumplicidade de tantos e a inércia de tantos que pensam que sempre têm tempo. “Maria vê o sofrimento de tantas crianças e nos mostra que os pequeninos, dia e noite, clamam por paz. A doce insistência da oração com Maria,  nos torna insistentes em buscar o caminho da paz para reconstruir a família humana”, enfatizou.

Recordou o que o Papa disse em Verona no último sábado: ninguém existe sem os outros. Ele invocou o Paráclito para consolar, iluminar e nos torne fortes para reconstruir a fraternidade que o mal tenta dividir. A vigília termina com toda a assembleia invocando a paz também em hebraico e árabe. “Guerra nunca mais!” ressoa na Basílica. “Senhor, desarme a língua e as mãos, renove os corações e as mentes, para que a palavra que nos une seja sempre irmão, e o estilo de nossas vidas se torne: shalom, paz, salam! Amém”.

 

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