Frei Adailson Quintino, O.Carm, Prior Provincial da Província Carmelitana de Santo Elias, visitou a sede Canção Nova nesta Quinta-Feira de Adoração
Jéssica Marçal
Da Redação
Frei Adailson Quintino durante pregação nesta manhã / Foto: Bruno Marques
O exemplo da caminhada espiritual de Santa Teresa D’Ávila foi destaque na manhã desta Quinta-Feira de Adoração, 23, na sede da Comunidade Canção Nova, em Cachoeira Paulista (SP). A reflexão foi conduzida pelo pelo Prior Provincial da Província Carmelitana de Santo Elias, Frei Adailson Quintino dos Santos, O.Carm, que visitou a instituição.
O tema da pregação do religioso foi “Etapas do caminho de santidade de Santa Teresa D’Ávila”. A santa, com mais de 500 anos de história, não se contentou em ficar parada nos claustros do carmelo, observou Frei Quintino, mas teve uma grande missão de fundar vários carmelos, onde as monjas estariam sempre rezando por toda a humanidade.
“Essa foi a proposta de Santa Teresa para a Igreja, mas antes de tudo ela fez uma grande proposta a cada um de nós que foi o encontro verdadeiro com o Senhor”. O frei ressaltou que esse encontro com a misericórdia de Deus é essencial.
A pregação aconteceu no Santuário do Pai das Misericórdias e, portanto, o frei comentou também o aspecto da misericórdia divina apresentado por Santa Teresa. Ainda criança, a santa tinha o propósito de salvar almas para Jesus. “É algo que devemos fazer em nossa caminhada de fé: buscar sempre as coisas do Alto, as coisas de Deus”.
A ousadia na fé
O religioso destacou que os santos estão sempre à frente de seu tempo. Nascida em 1515, Santa Teresa foi muito dinâmica e ousada: discutia com os maiores teólogos de seu tempo sobre o caminho e o processo do encontro com o Senhor. “É uma mulher ousada. O cristão precisa, antes de tudo, ser esse homem e essa mulher, ousados na fé. Uma ousadia que está sempre em busca do Senhor, que não se contenta com aquilo que tem”.
O paralelo feito pelo frei foi de que, muitas vezes, na caminhada de fé, a pessoa faz uma experiência e acaba achando que foi o suficiente. Mas Santa Teresa não via dessa forma. “Ela foi ousada e avançou nessa caminhada espiritual”. Nesse ponto, o frei se dirigiu ao público que acompanhava a pregação: “Vocês que estão hoje aqui também são ousados porque saíram das suas comunidades, paróquias, para estarem na Canção Nova, existe o desejo de crescer cada vez mais na fé e no amor”.
A leveza da vida espiritual
Frei Adailson comentou outra virtude da religiosa: a leveza nesse processo espiritual, o que permitiu uma grande riqueza em seu relacionamento com Deus. Entre tantas obras, a santa escreveu um livro chamado “As moradas” ou “Castelo interior” e há sete moradas para chegar ao encontro com o Senhor.
A preocupação de Santa Teresa, frisou o religioso, foi verbalizar para as irmãs e deixar por escrito para deixar uma forma de apoio para a vida de espiritualidade. Ela apresentou um caminho pedagógico baseado no amor, que é a pedagogia do encontro, da entrega, que leva a fazer a experiência com o sagrado.
“Santa Teresa vai dizer que se alguém deseja fazer a experiência de encontro com Jesus Cristo a porta dessa experiência – não existe outra – é a oração (…) A oração é o impulso, ela nos leva ao coração de Deus”.
O religioso acrescentou, porém, um alerta: as forças contrárias que tentarão desvirtuar esse caminho. “As forças do mal são sedutoras, sempre vão colocar no teu coração sentimentos ou desejos agradáveis e por isso para entrar no castelo precisamos de uma palavra mágica que é discernimento”.
Nesse ponto, o frei também ressaltou a necessidade de autoconhecimento na caminhada espiritual. É preciso conhecer as limitações para usar de todos os meios que a Igreja dá para fazer um processo através dos sacramentos. “Vivemos em um mundo marcado pela cultura do barulho, precisamos de silêncio, de interiorização, de encontro conosco mesmo para verdadeiramente ir nos conhecendo e avançando adiante.”
Ele concluiu lembrando outro ensinamento de Santa Teresa para ajudar nessa caminhada espiritual: “só Deus basta”.
Sobre os carmelitas
A Ordem do Carmo nasceu há 800 anos, no Monte Carmelo. Seu espírito está caracterizado por dois elementos: sua origem em Santo Elias, e sua dedicação à Maria, que são os dois grandes modelos da ordem religiosa. O Carmelo é centrado em Jesus Cristo e seu valor central é a contemplação entendida como uma íntima relação com Deus em Jesus Cristo. Isso transborda numa vida de oração e fraternidade.
No Brasil, a história da ordem religiosa começou em 1580, com a chegada de quatro Religiosos Carmelitas vindos de Portugal liderados por Frei Bernardo Pimentel. Atualmente, as comunidades carmelitanas estão presentes no Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Brasília, Tocantins e Rio Grande do Sul.
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