Devoção a Nossa Senhora das Dores é muito antiga na Igreja, tem fundamentos na Bíblia e várias promessas deixadas a alguns santos
Kelen Galvan
Da redação
A festa de Nossa Senhora das Dores, celebrada nesta terça-feira, 15, é uma devoção antiga da Igreja Católica, mas foi o Papa Pio X que formalizou este título dado a Virgem Maria no ano de 1951.
A devoção à Nossa Senhora das Dores tem fundamentos bíblicos, pois a Sagrada Escritura apresenta os momentos das sete dores da Virgem Maria, explica o vigário paroquial da Igreja Nossa Senhora das Dores, em Niterói (RJ), padre Marcelo José Monteiro da Costa.
“Devemos ter em mente que os sofrimentos da Virgem Maria estão sempre relacionados a Jesus Cristo, seu Filho amado e que tudo d’Ele depende, principalmente, as suas dores relacionadas com o mistério da Paixão do seu Divino Filho”, explica o sacerdote.
Nesse sentido, padre Marcelo incentiva os fiéis a rezarem a “Coroa das Sete Dores da Virgem Maria”, rezando um Pai-Nosso e sete Ave-Marias para cada uma das dores de Nossa Senhora:
1) A profecia de Simeão que no templo profetiza para Maria Santíssima que “uma espada iria transpassar sua alma” (apontando para o momento da Paixão de seus filho na cruz) (Lucas 2, 34-35).
2) A fuga da Sagrada Família para o Egito (Mateus 2, 13-21);
3) O desaparecimento do Menino Jesus durante três dias (Lucas 2, 41-51);
4) O encontro de Maria e Jesus a caminho do Calvário (Lucas 23, 27-31);
5) Maria observando o sofrimento e morte de Jesus na Cruz – Stabat Mater (João 19, 25-27);
6) Maria recebe o corpo do filho tirado da Cruz (Mateus 27, 55-61);
7) Maria observa o corpo do filho a ser depositado no Santo Sepulcro (Lucas 23, 55-56).
A devoção à Mãe das Dores iniciou-se em 1221 no Mosteiro de Schönau na Germânia. E graças à Ordem dos Servos de Maria (os frades servitas) a devoção espalhou-se, até ser fixada no calendário litúrgico.
A arquidiocese de Niterói celebra anualmente a Festa de Nossa Senhora das Dores, mas, este ano, com a realidade da pandemia, a celebração teve restrições, e não haverá a tradicional procissão nem as quermesses. Contudo, serão realizadas duas Santas Missas: às 10h, com o arcebispo emérito Dom Frei Alano Maria Pena; e às 18h, com o arcebispo de Niterói, Dom José Francisco Rezende Dias.
“Neste tempo de pandemia, Nossa Senhora das Dores nos inspira muito ao coração, de sermos mais resilientes com as adversidades que estamos vivendo. A resiliência é maneira positiva e transcendente de olharmos as situações difíceis que enfrentamos. Maria soube estar de pé por causa de sua fé”, afirma padre Marcelo.
O sacerdote explica que Maria aprendeu o temor de Deus desde criança, com seus pais, Joaquim e Ana. “Ela aprendeu através das suas orações diárias e, com certeza, aprendeu com seu filho Jesus. De fato, foi um verdadeiro desenvolvimento humano e espiritual ao longo de sua vida. Possamos também ter esse desenvolvimento, para que a vida não nos pegue de surpresa”.
Testemunho
Aurenir Viana Lima, conhecida como Neia, conta que não era muito ligada com Nossa Senhora até que começou a frequentar um grupo de devoção mariana; logo depois, conheceu o Cenáculo do Movimento Sacerdotal Mariano. “E Ela, como Mãe especialíssima, começou a mudar a minha história, moldando-me suavemente…docemente”, lembra.
Tempos depois, ela mudou de bairro, para a Paróquia de Nossa Senhora das Dores, e a partir daí teve experiências que marcaram sua vida. Uma delas foi relacionada à conversão de uma mulher evangélica, que apareceu chorando na igreja de Nossa Senhora das Dores: o marido estava envolvido com drogas e acabou expulsando seu filho mais velho de casa.
Neia conta que marcou uma visita na casa dessa mulher para um cenáculo, um momento de oração do terço, leitura da mensagem e consagração a Nossa Senhora. No dia do encontro, esqueceu a agenda com o endereço, só lembrava o nome da rua e, sem saber como encontraria o lugar, confiou que Nossa Senhora iria mostrar o caminho. Ela testemunha que uma mulher acenou e indicou a casa certa, mulher esta que depois simplesmente desapareceu e a dona da casa afirmou que não conhecia ninguém, pois era nova no bairro.
Durante a realização do cenáculo, mais emoção: “No hora da leitura da mensagem, ela chorou muito, pois Nossa Senhora falava tudo que ela estava passando. “Resumindo: ela voltou para a Igreja Católica, as duas filhas que não eram batizadas, foram batizadas, mas o marido… continuou nas drogas e acabou expulsando ela e as filhas de casa”.
Continuando esse relato marcante envolvendo a presença de Nossa Senhora das Dores em sua vida, Neia explica que essa mulher da história acabou se separando, mas um ano depois descobriu que o agora ex-marido estava com câncer e não tinha quem cuidasse dele. Ela, as filhas e o filho expulso pelo pai voltaram para casa para cuidar dele, e Neia retornou à casa para outro momento de oração. O pai era o único que não havia voltado para a igreja católica, mas, nesse momento, pediu que Neia chamasse um padre, com quem ele se confessou e recebeu a unção dos enfermos. Poucos dias depois, ele faleceu.
“No dia que ele faleceu, ela ligou pra mim e falou: ‘Neia, estamos aqui no cemitério, só falta você trazer um padre pra encomendar o corpo!’. Era por volta das 11h30 da manhã, onde eu iria conseguir um padre? O enterro seria às 15h. Bom, na hora eu pensei: ‘Nossa Senhora, você começou a obra, agora termina! Na mesma hora, o telefone tocou: era um padre que eu não via há algum tempo e ele me disse: ‘Dona Néia, vou almoçar com a senhora hoje’. Eu falei: ‘não padre, primeiro o senhor vai encomendar um corpo, depois a gente almoça’. Nossa Senhora não faz a obra pela metade!”, testemunha.
Promessas
Santa Brígida da Suécia, nas suas revelações aprovadas pela Igreja, diz que Nossa Senhora prometeu conceder sete graças a quem rezar, todos os dias, sete ave-marias em honra de suas sete dores, meditando sobre elas. Estas são as promessas:
1) Colocarei a paz em suas famílias.
2) Serão iluminados sobre os Divinos Mistérios.
3) Eu os consolarei em suas penas e os acompanharei nos seus trabalhos.
4) Eu lhes concederei tudo o que me pedirem, desde que não se oponha à vontade do meu adorável Divino Filho e à santificação de suas almas.
5) Eu os defenderei nos combates espirituais contra o inimigo infernal e os protegerei em todos os instantes da vida.
6) Eu os assistirei visivelmente no momento da morte e eles verão o rosto de Sua Mãe Santíssima.
7) Obtive de meu Filho que aqueles que propagarem esta devoção sejam levados desta vida terrena à felicidade eterna diretamente, pois lhes serão apagados todos os pecados e meu Filho e eu seremos a sua eterna consolação e alegria.
Também Santo Afonso Maria de Ligório afirma que Jesus prometeu quatro graças aos que cultivarem a devoção à Nossa Senhora das Dores:
1) O devoto que invocar a divina Mãe pelos merecimentos de suas dores conseguirá, antes da morte, fazer verdadeira penitência por todos os seus pecados.
2) Nosso Senhor imprimirá nos seus corações a memória de Sua Paixão, dando-lhes o prêmio do Céu.
3) Jesus Cristo os guardará em todas as tribulações, especialmente na hora da morte.
4) Jesus os deixará nas mãos de sua mãe, para que deles disponha a seu agrado e lhes obtenha todos os favores.