A Sagrada Família de Nazaré é celebrada pela Igreja no domingo após o Natal, uma ocasião para recordar a família como grande dom de Deus
Jéssica Marçal
Da Redação

Foto: Sidney de Almeida de Getty Images via Canva
“Jesus, Maria e José, nossa família vossa é”. Esta jaculatória é tradicionalmente recitada por fiéis em todo o mundo, num gesto de consagração à Sagrada Família, em especial no dia a ela dedicado: o domingo seguinte ao Natal. Em 2025, a Igreja celebra a Festa da Sagrada Família neste domingo, 28.
Essa festa começou no século XIX, no Canadá e se estendeu para toda a Igreja a partir de 1920. A proposta é apresentar a Sagrada Família de Nazaré como “verdadeiro modelo de vida”, no qual as famílias podem encontrar ajuda e conforto. Sua celebração acontece dentro da “Oitava de Natal”, por sua estreita ligação com o mistério do nascimento de Jesus.
“A figura da família de Nazaré nos ajuda a aprofundar nossa reflexão no mistério da encarnação. O fato de celebrá-la é que Maria e José estão intimamente ligados ao mistério da encarnação, o nascimento de Jesus. Eles com o seu ‘sim’ a Deus nos mostram a importância de estarmos sempre atentos à sua vontade.”, explica o pároco da paróquia Nossa Senhora Aparecida em Lorena (SP), padre Thales Nogueira.
O sacerdote recorda que a Oitava de Natal é o período de oito dias em que a Igreja, através da liturgia, prolonga a alegria desta solenidade, como se fosse um único dia. Isso acontece dada a importância da celebração deste grande mistério. “Celebrar a Sagrada Família é compreender que Deus assumiu a nossa condição humana em uma família. José e Maria foram agraciados, assumindo com amor a vontade de Deus. Uma grande responsabilidade, que nos mostra, a partir da Família de Nazaré, que todas as famílias são chamadas a ser um lugar do amor e do encontro com Deus.”
“A família que queremos ter”
Essa responsabilidade de que fala o sacerdote é assumida diariamente pelo casal Silvana Aparecida da Silva Ribeiro e José Roberto Paulino Ribeiro, casados há 23 anos e pais de três meninas, Isabella, Ana Beatriz e Mariana Cristina. Para eles, a Sagrada Família representa o modelo de famílias que eles buscam ter.

Silvana e José Roberto e suas três filhas / Foto: Arquivo Pessoal
“O pai, sob a vontade de Deus e a unção do Espírito Santo, busca direcionar, educar, prover e zelar por toda a família. E a exemplo de São José, sendo obediente à Sua vontade. A mãe, que também sob a vontade de Deus e unção do Espirito Santo, busca educar, zelar, cuidar, e suportar toda família. Que assim como Nossa Senhora, busca ensinar, interceder e direcionar o filho segundo a vontade de Deus. Os filhos seguem sob o cuidado, zelo e amor dos pais, sendo dóceis e obedientes, assim como Jesus nos testemunhou na sua infância.”, analisa o casal.
A busca em seguir este exemplo não isentou a família Ribeiro de provações. Silvana e José Roberto contam que, há cerca de 13 anos, tiveram dificuldades com a educação de suas filhas. Diante das coisas que o mundo oferecia, as meninas passaram a ter atitudes com as quais eles não concordavam, o que gerou muito conflito no núcleo familiar. Foi quando eles buscaram ajuda profissional e chegaram à conclusão de que precisavam de cura enquanto marido e mulher para ter força e direção para cuidar das meninas.
“Aqui entra a Sagrada Família, pois precisávamos, enquanto família, buscar mais a Deus, e assim iniciamos. A Silvana, estava mais atuante dentro da igreja, eu participava das missas, mas não de forma assídua”, relata José Roberto. “Começamos a participar como casal na igreja, sempre juntos. Eu comecei a ser mais assíduo e com isso a minha real conversão foi iniciada.”, acrescentou.
Conversão e cuidado
Em meio a esse processo, o casal foi apresentado a um movimento da Igreja Católica chamado OVISA (Orientação para Vivência Sacramental). A proposta do grupo é cuidar dos casais e, por consequência, cuidar da família. E foi assim que aconteceu na história de Silvana e José Roberto.
“Após mais de 10 anos, ainda seguimos em processo de conversão, contudo a conversão do casal impactou diretamente na busca das meninas. Hoje as dificuldades daquela época foram dissipadas. As meninas hoje caminham e servem ao nosso lado. Hoje as meninas participam do OVISA através do JOVISA (Jovens na Orientação para Vivência Sacramental). E ao exemplo de Jesus, hoje na dificuldade, elas sabem a quem buscar, da mesma forma como Jesus buscou o templo, a casa do Pai, quando se perdeu e se viu em dificuldade.”
A família de Silvana e de José Roberto geralmente vai à missa na Festa da Sagrada Família e sempre tem o hábito de repetir a jaculatória citada no início deste texto. Para o casal, esta é uma forma de se aproximar mais da Família de Nazaré.
“Certa vez, ouvimos que nossas orações são como gotas que sobem aos céus e estas gotas, ao chegarem a Deus, Ele nos atende. Com a Sagrada Família não é diferente: essa invocação sobe e a Sagrada Família intercede por nós e assim nos aproximamos dela. Nós sempre repetimos também o versículo ‘Eu e minha casa serviremos ao Senhor’ (JS 24:15) o que nos fortalece por rezar e servir juntos.”, testemunha o casal.
Padre Thales destaca, por fim, que a Festa da Sagrada Família é um momento que recorda que a família é um grande dom de Deus. “São João Paulo II, certa vez, afirmou que ‘a Família é Santuário da vida’. Que possamos valorizar a família onde a vida é colocada em primeiro lugar, como a manifestação da glória e do poder de Deus.”




