Professor Denis Duarte comenta característica do texto escrito por São Paulo e escolhido pela CNBB para ser aprofundado durante o Mês da Bíblia deste ano
Gabriel Fontana
Da Redação

Foto: Gabriel Fontana
Promovido anualmente em setembro pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o Mês da Bíblia deste ano conta com um lema alinhado ao Jubileu 2025. A passagem escolhida foi “a esperança não decepciona” (Rm 5,5), que também é o lema do Ano Santo celebrado pela Igreja.
Especialista em Bíblia e mestre em Ciências da Religião, Denis Duarte comenta que, na sequência deste versículo, São Paulo justifica que a esperança não engana “porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado”.
“A nossa esperança está em Deus, e por isso ela não decepciona. Se colocarmos a nossa esperança em nós mesmos, em outras pessoas, em coisas deste mundo, aí sim nós vamos nos decepcionar. É preciso ter essa clareza. O fundamento da nossa esperança é o amor de Deus”, frisa Denis.
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Fé em Jesus

Denis Duarte, especialista em Bíblia / Foto: Arquivo Pessoal
Tudo começa na vida do cristão a partir da experiência com o amor de Deus, salienta o professor. Em sua Carta aos Romanos – o livro bíblico escolhido pela CNBB para ser aprofundado no Mês da Bíblia deste ano –, São Paulo aborda especialmente o tema da fé em Cristo.
Denis explica que a Carta aos Romanos foi escrita em um contexto específico, sendo direcionada a dois grupos distintos. A capital do Império Romano continha pessoas vindas de diversos lugares. A comunidade cristã era formada por pagãos convertidos e judeus que haviam identificado Jesus como o Messias enviado por Deus.
“A diferença na origem desses grupos causava certos problemas dentro da comunidade. Havia uma certa polarização”, aponta o professor. Por isso, São Paulo dedica especial atenção à temática da fé em Cristo. “Não importa a origem, o passado e a história, o que importa é a fé em Jesus. Este é o grande tema da carta, que responde também às necessidades dessa comunidade”, acrescenta.
Segundo Denis, é possível dividir a carta em dois grandes momentos. O primeiro é a explicação de São Paulo sobre a fé em Cristo. Na segunda parte, o apóstolo reflete sobre como é possível viver essa fé professada na vida cotidiana.
Dicas de leitura
O professor sinaliza que a Carta aos Romanos é uma das mais complexas escritas por São Paulo devido à sua profundidade teológica. Diante disso, é necessário um maior esforço para compreendê-la, pontua.
Para isso, o fiel pode recorrer a cursos ou formações. “Muitas paróquias oferecem, nesse mês de setembro, cursos sobre a Bíblia, formações e aprofundamentos. Procure na sua paróquia se não há um aprofundamento, um curso sobre a Carta de São Paulo aos Romanos neste mês”, indica.
Também é possível contar com o auxílio das notas de rodapé e outras observações presentes na Bíblia e de literatura complementar, produzida por autores de confiança, sobre a Carta aos Romanos. “Que você possa usufruir também da imensa riqueza que há nesses escritos de São Paulo”, conclui o professor.