Festa da Exaltação da Santa Cruz é celebrada neste sábado, 14; Reitor do Santuário do Pai das Misericórdias incentiva católicos: assumir a cruz de cada dia e seguir a Deus
Julia Beck
Da redação, com colaboração de Huanna Cruz
A cruz está no centro da festa celebrada pela Igreja neste sábado, 14: a Exaltação da Santa Cruz. O reitor do Santuário do Pai das Misericórdias, padre João Gualberto, recorda que este objeto é um símbolo usado desde tempos remotos. No Império Romano, por exemplo, a cruz era sinônimo de morte desprezível, mas para os cristãos, tornou-se símbolo de vitória.
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O presbítero explica que a haste vertical simboliza a ligação com o céu e com Deus. A haste horizontal, o mundo e os homens. “Foi na cruz que Cristo, o Verbo feito carne, realizou um sacrifício humano e divino pela salvação do mundo e dos homens. Nela, Jesus se ofereceu como sacrifício único e eterno, salvando toda a humanidade”, reflete.
Desse modo, mesmo estando no centro dessa festa, a cruz em si não é o foco, mas sim o seu significado: a vitória sobre a morte, e, por consequência, a ressurreição de Jesus. A exemplo de Cristo, o sacerdote frisa que os cristãos são convidados a carregar a sua cruz.
“Carregar a sua cruz significa assumir sua missão com todas as dificuldades a que ela está sujeita, seja pela doação livre de sua vida ou pela resistência dos que não aceitam o modo de entrega e vivência da fé. Hoje, são muitas as cruzes a serem carregadas: a perda do sentido da vida, a perda dos valores morais e éticos da pessoa humana, o ateísmo, o subjetivismo e tantos outras mais”, indica.
Cruz: símbolo do amor de Deus
Rosinalva Santa Rosa é natural de Alagoas, e conta que começou a trabalhar desde os nove anos numa casa de farinha (local onde produz farinha de mandioca) para completar a renda financeira da família. “Trabalhei dos 9 até os 22 anos. Foram 13 anos de muita luta, sofrimento, humilhação, e precisando ser adulta antes da hora, pela circunstância”.
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Hoje, missionária da Comunidade Canção Nova, ela revela que na infância/juventude, por vezes chorava e rezava diante das dificuldades vividas. “O sofrimento era demais. Eu pedia a Deus para livrar a mim e a minha família daquela situação. Nesses momentos, eu ouvia Deus falando com uma voz doce: ‘Calma, minha filha! Eu estou te preparando para algo!’ Essa voz sempre me deu uma força fora do comum para continuar lutando”.
O sofrimento, revela Rosinalva, a ajudou a identificar a voz de Deus. Ela acredita que Deus promete e prepara os seus para receber as graças. “Ele não faz nada pela metade”, complementa. A missionária reforça que, além da fé, é preciso ter sempre em mente os sofrimentos de Cristo.
“Nossa memória é fraca, e facilmente esquecemos o grande amor que Cristo mostrou por nós na cruz. É preciso recordar todos os dias e todas as horas. (…) É no cotidiano que Deus se revela”, observa.
Caminho de santificação
Padre João Gualberto indica que, de fato, os católicos devem olhar para a cruz e para Aquele que foi crucificado sabendo que a Sua morte não foi em vão. Por meio dela, a humanidade ganhou vida e ressurreição.
“Os cristãos, com toda segurança e certeza, fazem de sua cruz um caminho seguro para sua santificação”, indica o sacerdote. Desse modo, o presbítero reforça que é preciso assumir, assim como os discípulos, a cruz de cada dia e seguir a Deus, unindo a sua cruz à cruz de Cristo.
Rosinalva acredita que a cruz ajuda a crescer na fé. “É pela fé que entendemos que esse é o caminho e não outro. O meu mestre passou, eu também terei de passar”, pontua. Ela prossegue indicando ações que ajudam a vencer as cruzes da vida e a seguir por uma via de santificação:
“Rezar pelos inimigos, tratar bem e querer bem as pessoas que são difíceis para mim, aceitar as dores com amor e deixar Deus moldar o nosso duro coração. Estar atento ao cotidiano, pois Deus sempre nos fornece situações para nos ajudar a nos unirmos a Ele”.
Olhar para a cruz, ressalta a missionária, pode ajudar os católicos a compreenderem a condição de pecadores inerente a todos, mas também a vislumbrar a salvação a partir do amor de Deus.
Descoberta da Cruz de Jesus por Santa Helena
A Exaltação da Santa Cruz surgiu em Jerusalém, no aniversário da dedicação das duas igrejas construídas por Constantino, uma sobre o Monte Gólgota e a outra perto do Santo Sepulcro – após a descoberta das relíquias da cruz por Santa Helena, a mãe do imperador.
Sobre a descoberta das relíquias, Santa Helena, convertida ao Cristianismo, foi em peregrinação à Terra Santa para localizar os lugares onde aconteceram os fatos importantes da vida de Cristo e preservar as relíquias do Cristianismo que permaneceram lá.
A mãe de Constantino, após conversa com moradores e com a ajuda do bispo de Jerusalém, São Macário, descobriu o lugar e encontrou a verdadeira cruz que havia sido escondida pelos judeus.
Restituição da Santa Cruz
Tempos depois que Helena recuperou a cruz e as duas igrejas foram construídas por Constantino, os reis persas invadiram a Palestina e levaram-na consigo. As relíquias foram recuperadas, no ano de 629, pelo Imperador Heráclito de Constantinopla, e então recolocadas no dia 14 de setembro de 629 – com a grande celebração da Exaltação da Santa Cruz.